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A matriz elétrica brasileira está passando por uma transformação acelerada

Transição energética exige novas soluções para garantir equilíbrio da matriz brasileira e a atuação coordenada da GD com Operadores do Sistema


A matriz elétrica brasileira está passando por uma transformação acelerada, com a expansão das fontes renováveis, em especial a solar, que hoje já representa mais de 20% da matriz elétrica nacional. Para Daniel Maia, sócio diretor da Athon Energia, o principal desafio do setor hoje é garantir o equilíbrio entre essas fontes variáveis e a demanda já conhecida, com base em soluções que reforcem a segurança e a estabilidade do sistema.

Um dos caminhos, segundo o executivo, é o fortalecimento da geração distribuída (GD). A intenção é que, por meio de milhões de pequenos sistemas espalhados por todo o País, a GD atue de forma coordenada com a gerência de Operadores do Sistema de Distribuição (sigla em inglês de DSO – Distribution System Operator Observatory).

“Com apoio de tecnologias de gestão e armazenamento, é possível mimetizar todos esses pontos em algo que se assemelhe a uma grande usina, o que permite otimizar o uso das redes já existentes e evitar investimentos desnecessários em novas linhas de transmissão, que são extremamente caras”, explica.

Segundo ele, a criação e atuação independente dos DSO poderiam funcionar como extensões técnicas do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Mas, na visão do executivo, é preciso que esses operadores atuem exclusivamente sob uma governança independente e com soberania técnica, subordinado diretamente à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e não como vem sendo proposto atualmente, sob controle das distribuidoras.

D + DSO não é o bastante, tecnologia também precisa evoluir

A Athon Energia, empresa que investe, desenvolve e gerencia projetos de energia solar em Geração Distribuída, estima que, em até cinco anos, as fontes variáveis ultrapassem 40% da matriz elétrica brasileira. “Isso exige o avanço de tecnologias de armazenamento, como baterias e usinas hidrelétricas reversíveis, além de novos modelos operacionais para o setor”, afirma Maia.

O avanço de soluções de armazenamento também precisa ser acompanhado pela adoção de tecnologias que tornem essas fontes, hoje variáveis, em despacháveis. Inserir baterias de armazenamento próximas às usinas pode contribuir para uma melhor distribuição da energia ao longo do dia, aliviando o sistema nos horários de maior demanda.

Além disso, o uso de usinas hidrelétricas reversíveis pode ajudar a lidar com essa demanda. Ela é um tipo de usina que armazena energia ao utilizar energia excedente de outras fontes para bombear água de um reservatório inferior para um superior. A ideia é reutilizar essa água para gerar eletricidade quando outras fontes não derem conta da demanda.

Maia também destaca que o crescimento da eletrificação no país, impulsionado pela digitalização de frotas, expansão de data centers e mudanças no padrão de consumo, deve elevar significativamente a demanda por energia nos próximos dez anos. Apenas o segmento de data centers deve depositar de 9 GW a 15,2 GW em pedidos para acesso à rede básica até 2035, segundo dados do Ministério de Minas e Energia (MME). Nesse cenário, o fortalecimento das fontes renováveis deve vir acompanhado de medidas que tornem essa geração mais despachável e integrada à rede.

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