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Sustentabilidade e logística verde: embalagens, rotas e veículos elétricos

Um dos grandes desafios das operações logísticas é conciliar redução de custos com sustentabilidade. Será que isso ocorre com as embalagens sustentáveis?


*Roberto Pansonato

A logística sustentável deixou de ser tendência para tornar-se vetor competitivo, regulatório e reputacional, com papel fundamental nas cadeias de suprimentos. Cada vez mais complexas e globalizadas, as cadeias de suprimentos têm trabalhado no sentido de reduzir custos e emissão de carbono. Empresas que redesenham embalagens, otimizam rotas e eletrificam frotas reduzem riscos, melhoram margens e ganham preferência do consumidor.

Para escalar a logística verde, as cadeias de suprimentos são indispensáveis. Tudo começa no projeto, com foco no design para circularidade, utilizando menos materiais, mais conteúdo reciclado e reutilização. Nesse momento, o projeto da embalagem deve considerar os mesmos critérios sustentáveis do projeto do produto, adicionando a possibilidade de embalagens retornáveis. Entrando na cadeia de suprimentos, propriamente dito, as compras devem ser realizadas com critérios de LCA (Análise do Ciclo de Vida) e seus respectivos KPIs. As compras podem ser realizadas de forma colaborativa, por meio de dados compartilhados através dos portais de fornecedores, de auditorias e de contratos com metas de redução de emissões e desempenho logístico, por exemplo.

Um dos grandes desafios das operações logísticas é conciliar redução de custos com sustentabilidade. Será que isso ocorre com as embalagens sustentáveis? Reduzir peso/volume e aumentar a reciclabilidade gera economia de material, de frete e de emissões. Conforme dados do site Packnode.org, em 2022, 11% dos pacotes globais da Amazon não incluíam embalagem extra. O peso da embalagem por remessa diminuiu 41% desde 2015, evitando o consumo de mais de 2 milhões de toneladas de materiais. Ainda segundo o site, a Amazon possui um laboratório de inovação em operações na Itália que utiliza IA para identificar oportunidades para reduzir o peso e o tamanho das embalagens. Menos material e melhor cubagem aumentam a taxa de preenchimento por veículo, reduzindo viagens e avarias, com efeitos em cascata no custo unitário e na pegada de carbono por pedido.

Outra excelente possiblidade de se obter redução de custos e ajudar na preservação do meio ambiente é com a roteirização otimizada de veículos, principalmente na chamada última milha, que concentra custo e emissões em áreas urbanas congestionadas. Conforme o World Economic Forum, nas 100 maiores cidades do mundo, a demanda de entregas pode elevar emissões da última milha em 36% até 2030 e aumentar o congestionamento em 21%, se não houver intervenções coordenadas. Rotas otimizadas reduzem quilômetros vazios, janelas ociosas e falhas nas entregas, estabilizando nível de serviço e custos. A utilização de tecnologias para roteirização de entregas, baseadas em softwares de roteirização, GPS e IA, por exemplo, podem contribuir de forma positiva para a economia de combustível, na redução dos custos com manutenção dos veículos e na redução de poluentes.

Não poderíamos abordar o tema sobre sustentabilidade na logística sem citar a “bola da vez” em todo o mundo: a utilização de veículos elétricos. A eletrificação já é viável em entregas urbanas e em médias distâncias, oferecendo um ótimo custo-benefício. Empresa como a Mercado Livre, por exemplo, optou pela utilização de veículos 100% elétricos para realizar as suas entregas, conforme Fernando Yunes, vice-presidente sênior e líder do Mercado Livre no Brasil (Forbes, 2021). De acordo com a ABRALOG (2021), no Brasil, a frota de elétricos em circulação já soma 40 mil e começa a mudar a realidade, inclusive, das cadeias logísticas e de distribuição do País. Conforme a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), os comerciais leves elétricos cresceram 550% em 2021. Essa movimentação em relação à eletrificação de veículos já mostra as tendências sustentáveis na logística de distribuição para os próximos anos.

Projetar embalagens para circularidade, otimizar a malha e rotas com dados precisos e migrar gradualmente para frotas elétricas é essencial para a sustentabilidade na logística. Dentre os 17 Objetivos Sustentáveis da ONU, a logística tem um papel primordial em boa parte deles. As evidências mostram ganhos econômicos e ambientais concretos ao se optar por uma arquitetura tecnológica que torne o “verde” o caminho mais eficiente. 

* Roberto Pansonato é Mestre em Educação e Novas Tecnologias, graduado Bacharel em Desenho Industrial, com atuação em Gestão de Engenharia de Processos e Produção. É professor do Centro Universitário Internacional - Uninter, onde atua na tutoria dos cursos de Logística e Gestão do E-Commerce e Sistemas Logísticos.

Valquiria Marchiori <valquiria@nqm.com.br>

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