Publicidade

Negócios, diversidade e inovação são conceitos quase inseparáveis

Com dez anos de carreira, a executiva conta sobre como foi a implementação da nova área, criada em 2021, e como uniu sua paixão por carros e pela Alemanha


No mundo dos negócios, diversidade e inovação são conceitos quase inseparáveis. Segundo uma pesquisa da McKinsey & Company, empresas com maior diversidade de gênero na liderança têm mais 25% de chances de alcançar retorno financeiro superior ao das concorrentes, uma vez que times plurais têm visão mais ampla dos desafios. Para a supervisora de inovação aberta e novos modelos de negócios da Volkswagen, Suzana Pacheco, essa teoria se comprova todos os dias no trabalho.

Aos 36 anos, a executiva assumiu o desafio de implementar a área que integra atualmente, recém-criada em 2021. Graduada em Administração, a história da mineira de Juiz de Fora (MG) com a montadora alemã começou há uma década, quando entrou na empresa como trainee.

“Quando estava na faculdade, consegui uma bolsa de intercâmbio para a Alemanha porque queria estudar um ‘trem’ difícil: queria estudar alemão. O inglês era muito comum, eu queria me desafiar”, contou. “Tive um ano de imersão, me apaixonei pela cultura e pelo idioma. Quando voltei ao Brasil, vi o processo seletivo de trainee. Eu sempre fui apaixonada por carros e o meu primeiro foi um Gol vermelho. Percebi, então, que poderia entrar na VW e realizar um grande sonho.”

Ao longo de dez anos na companhia, ela atuou em marketing de produto, envolvida no lançamento do Novo Polo, em 2017. Foi também assistente do vice-presidente vendas & marketing. E, mais recentemente, trabalhou por três anos como assistente executiva da presidência, atuando diretamente com a estratégia da companhia e projetos multifuncionais com a matriz. 

VW aposta em inovação para otimizar processos internos

Em 2021, assumiu o posto de supervisora da nova área de inovação e novos negócios, que tem como objetivo mapear ‘’dores’’ de áreas estratégicas da Volkswagen e propor soluções tecnológicas em parcerias com startups e universidades, desenvolver novas fontes de receitas para a empresa, além de fomentar a cultura de inovação para estimular a mentalidade empreendedora dos colaboradores.

“O foco é interno. Estamos desenvolvendo soluções para potencializar, melhorar e inovar nos processos da companhia, principalmente na linha de produção e na logística, além de pensar em novos negócios para o mercado.”, afirmou Suzana.

Ela prossegue: “Fizemos benchmarking com mais de 30 empresas, trabalhamos com metodologias ágeis com as áreas e focamos também em promover a cultura da inovação na base, para facilitar o desenvolvimento de projetos.”

O primeiro contato com o tema foi em 2017, quando uma equipe da Alemanha veio ao Brasil conhecer startups locais e desenvolver iniciativas para o Grupo Volkswagen. Três anos depois, durante um programa de desenvolvimento de lideranças, a executiva teve uma grande sacada: usar modelos de inovação aberta para propor melhorias nos processos internos da empresa.

Na época, ela mostrou que utilizar o Quinto Andar, startup para locação de imóveis, para alocar expatriados no Brasil tornava o processo muito mais simples, fácil e menos custoso para a empresa, uma vez que a parte burocrática é feita toda pela startup, de forma on-line.

Com os bons resultados, a montadora alemã apostou na área de inovação. O time é pequeno, formado por Suzana e mais duas pessoas, mas ela garante que o trabalho é desafiador.

“Somos diversos e liderar pensamentos diversos não é fácil. Você sai da sua zona de conforto ao trazer diferentes pontos de vista, mas em alguns momentos precisamos orientar todo mundo para a mesma direção, caso contrário, o projeto não avança”, explicou ela.

“E trago isso na minha trajetória, trabalhei em várias áreas, esses ambientes diversos me tornaram uma profissional muito mais forte e mais ampla.”

Desafios da liderança feminina

A mineira é uma rara liderança feminina no segmento. Segundo a pesquisa Diversidade no Setor Automotivo, realizada por Automotive Business com coordenação técnica de MHD Consultoria, as mulheres são apenas 16% nos cargos de supervisão, coordenação ou chefia. 

“Hoje eu tenho dupla responsabilidade: de puxar uma nova área e também trazer a pauta de diversidade para a empresa. Porque falar de inovação é trazer a diversidade, não só de mulheres, mas de ideias, de pensamentos”, afirmou Suzana. 

Ela conta ainda que, quando entrou no mercado de trabalho, não tinha a visão de que o setor automotivo era predominantemente masculino. “Notei ao longo da minha carreira, quando entrava em reuniões e a maioria das pessoas eram homens, isso me deixava na retaguarda. Mas eu fui me desenvolvendo”, contou. 

Suzana teve de lidar com algo comum entre as mulheres no mercado de trabalho: a síndrome da impostora. “Quando me chamaram para trabalhar direto com a presidência, não me sentia tão segura, mas entendi que não me escolheriam para essa posição se eu não tivesse potencial. E essa experiência foi essencial para aprender a tomar decisões, como priorizar minha agenda, como liderar.” 

À frente da área de inovação da VW, Suzana consegue unir o que traz desde sempre em seu DNA: a paixão por carros e pela Alemanha com inovação e diversidade. "Me sinto realizando um sonho e também muito honrada de representar mulheres. Isso me dá mais força. Implementar uma nova área é muito difícil, às vezes preciso dessa motivação a mais.”

Publicidade