A indústria de celulose 4.0 do chão de fábrica à liderança global
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Porém, neste mundo globalizado, conectado e dinâmico em que vivemos, considerar que o ponto atual é uma “linha de chegada” é um erro grave — e fatal.
Por Fernando Scucuglia - diretor de Celulose, Energia e Circularidade da Valmet na América Latina
Depois de anos acompanhando de perto a evolução da indústria de base florestal, posso afirmar com convicção: estamos vivendo um dos momentos mais marcantes da história. A produção de celulose na América Latina entre 2012 e 2027 apresentou um crescimento de 139% no período, capitaneado pelos chamados mega investimentos dos principais players: Suzano, Klabin, Bracell, CMPC, Eldorado e Arauco.
Durante esse período, testemunhei a profunda transformação da cadeia produtiva: de fábricas com equipamentos de baixa tecnologia e operação quase artesanal para modernos complexos industriais com sistemas automatizados e digitalizados. Nesse percurso, a busca por eficiência energética, menor uso de recursos naturais e aumento da produtividade nos conduziu até onde estamos.
Porém, neste mundo globalizado, conectado e dinâmico em que vivemos, considerar que o ponto atual é uma “linha de chegada” é um erro grave — e fatal. Permanecer parado é ficar para trás.
Observamos o mundo dos negócios e outros segmentos e percebemos que a integração entre sustentabilidade, digitalização e excelência operacional deixou de ser uma tendência para se tornar exigência de mercado e uma oportunidade estratégica.
Empresas têm investido fortemente na digitalização de processos, automação inteligente e soluções integradas para clientes. O Brasil terá o maior projeto de celulose implementado em etapa única do mundo com o que há de mais moderno em tecnologia, equipamentos e sistemas digitais. Trata-se de um marco para o setor — não apenas pela escala de produção e logística, mas também pela performance, em todos os aspectos.
No entanto, ao projetarmos um futuro mais distante, é preciso reconhecer que recursos tecnológicos, por si só, não transformam um setor ou a sociedade. O verdadeiro agente de mudança são as pessoas e sua capacidade de conduzir com propósito.
É nesse ponto que, a meu ver, reside o maior desafio — e, ao mesmo tempo, a maior oportunidade não só para quem atua no setor de celulose: formar profissionais que compreendam tanto o chão de fábrica quanto a lógica estratégica;, que falem a linguagem do dia a dia fabril, dos dados e das ferramentas de inteligência artificial; e que tenham coragem de, respeitando o legado deixado pelas gerações anteriores, repensar processos, estruturas organizacionais e mecanismos decisórios, rompendo paradigmas que ainda nos impedem de avançar.
Não se trata apenas de gerar dados, mas de gerar decisões melhores. Não se trata apenas de buscar eficiência, mas de regenerar valor. Não se trata apenas de competir para ser o maior e o melhor, mas de criar um futuro novo e promissor para a nossa área.
O Brasil tem todos os elementos para se tornar uma referência global: fábricas com alto nível de automação e escala, know-how técnico, uma base florestal única em eficiência e competitividade, além de profissionais altamente qualificados.
Nossa responsabilidade como lideranças, é conectar esses “ativos”, assim como os papeleiros pioneiros “colaram” as fibras de celulose para produzir papel. Neste caso, a “cola” precisa ser uma nova mentalidade: mais colaborativa, mais aberta ao diálogo, mais receptiva à inovação, mais corajosa para desafiar o status quo e mais alinhada aos compromissos globais de sustentabilidade.
A nova era da celulose não será movida apenas por máquinas ou algoritmos. Será impulsionada por pessoas com propósito, soluções inteligentes e uma gestão comprometida em gerar impacto positivo e real na vida das pessoas.
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