Meio Filtrante divulga estimativa inédita no país e as principais tendências para o segmento de filtros automotivos, residenciais e industriais

por João B. Moura

Já parou para pensar como seria a vida sem filtros? Se você reclama da poluição atual, provavelmente estaríamos vivendo num mundo dezenas de vezes pior, cenário comparável aos dos mais sombrios filmes de ficção científica, com cidades cinzentas, tomadas pela fumaça, pessoas doentes e alimentos contaminados. Pior ainda seria a água potável, vendida a peso de ouro. Um panorama verdadeiramente assustador.
Mas a boa notícia é que os filtros vieram para ficar. Sem que você perceba, fazem parte da sua vida nas principais situações do dia-a-dia. Você tem um automóvel? Pois saiba que ele deve ter em média 20 filtros, entre os convencionais e os microfitlros, isso tomando como base um carro popular de passeio. Faça as contas: um filtro de ar; um filtro de óleo; um filtro de combustível; três filtros só para o tanque de combustível, sendo dois primários e um secundário; um filtro da bomba de combustível; cerca de quatro filtros da bomba injetora; filtro do reservatório de freio; para os veículos com freio ABS, um filtro especial; filtro do cânister; filtro regulador de pressão; se você tiver ar condicionado, esse número aumenta mais um pouco. Se for um modelo mais completo, com mais funções e acessórios, há mais filtros, pode ter certeza.
Segundo o Dicionário Houaiss, a palavra filtro vem do latim filtrum, "peça de feltro usada para filtrar". Já no francês, filtre significa "aparelho através do qual se faz passar um líquido para livrá-lo de partículas sólidas". Etimologias à parte, os dados sobre o mercado brasileiro são escassos uma vez que não há números consolidados no setor, que possam ser dividido em três segmentos distintos: filtros residenciais (incluindo purificadores e bebedouros); filtros automotivos e filtros industriais. Em primeira mão, você confere um levantamento especialmente elaborado pela revista Meio Filtrante, tomando-se como base
informações referentes ao exercício fiscal de 2006, bem como as principais perspectivas para o setor, estudo iniciado há cinco anos com o estabelecimento da publicação.

Os números por segmento
Os dados são estimados, porém dão uma noção muito próxima sobre a realidade do setor no país, obtidos pelo cruzamento de informações fornecidas por empresários, associações, especialistas do mercado e coletadas nas próprias matérias realizadas pela revista Meio Filtrante.

Filtros Industriais
Entende-se pela classificação filtros industriais todo sistema de filtração e/ou filtros destinados para o mercado industrial. De longe, representa o segmento com a maior fatia do setor, por reunir mais de 1.500 empresas.
A diversidade de produtos é ampla, incluindo filtros cartuchos, elementos filtrantes, carcaças em geral, tecidos técnicos utilizados em sistemas de filtração, bolsas filtrantes, membranas, equipamentos/filtros para tratamento de água, gás, derivados de petróleo, filtros farmacêuticos, filtros de areia, sistemas autolimpantes e outros.
Estimativa de faturamento anual: US$ 510 milhões.

Tendência
O mercado de filtros industriais tende a crescer devido a grande preocupação mundial com o futuro da humanidade, uma vez que a poluição é tida como a principal vilã do mundo moderno, responsável direta pela poluição das águas, da terra, do ar e das alterações climáticas que estão sendo vivenciadas pelo homem nos quatro cantos do globo. Por esse motivo, tanto as nações desenvolvidas como as nações em desenvolvimento tendem a estabelecer pactos e tratados como o Protocolo de Kyoto, onde os filtros têm especial importância, uma vez que os países desenvolvidos serão obrigados a reduzir a quantidade de gases poluentes em pelo menos 5,2% até 2012, em relação aos níveis registrados em 1990. Os demais países signatários terão que colocar em prática planos para reduzir a emissão de gases entre 2008 e 2012, o que implicará em ações específicas também para o mercado brasileiro, uma vez que o país assinou o protocolo em 29 de abril de 1998.

Filtros Automotivos
O setor de filtros automotivos reúne mais de 20 empresas de renome no país, envolvendo filtros de ar, óleo, combustível, ar-condicionado (cabine), microfiltros, e outros; tanto para automóveis, motocicletas, utilitários, caminhões, tratores, ônibus, etc.
Estima-se que o faturamento anual seja de US$ 370 milhões.

Tendência
De maneira geral, os automóveis sempre necessitarão de filtros, uma vez que as políticas ambientais tendem a aumentar a rigidez quanto a inspeção veicular e o controle da emissão de poluentes, principalmente com o surgimento de novos combustíveis, além da gasolina, álcool e diesel, e da necessidade de sistemas hidráulicos em tratores e caminhões, por exemplo. O único porém, ainda sem definição, fica para longo prazo quanto à questão de automóveis movidos por eletricidade, o que deverá acarretar uma diminuição na quantidade de filtros aplicáveis, conforme for avançando a tecnologia. Entretanto, os automóveis elétricos ainda custam a ganhar mercado mesmo nos países desenvolvidos devido a questões como baixa autonomia e potência, motivando a pesquisa de soluções híbridas, dependentes dos combustíveis tradicionais, gás ou óleos vegetais, ainda em fase de pesquisa e experimentação. De qualquer forma, o futuro do setor está garantido.
Resta saber também qual será o impacto do automóvel movido por hidrogênio, de baixa emissão de poluentes, que parece estar surgindo como tendência de combustível para o futuro distante, porém ainda sem previsão de produção em escala industrial e que deverá demorar a conquistar mercado pelos altos custos envolvidos.

Filtros Residências e Purificadores de Água
A exemplo dos outros segmentos, a área de filtros, bebedouros e purificadores de água também carecem de dados precisos, que começaram a ser reunidos em 2000 com a fundação da ABRAFIPA – Associação Brasileira das Empresas de Filtros, Purificadores, Bebedouros e Equipamentos Para Tratamento de Água, voltada ao mercado residencial.
Os aparelhos ainda são divididos entre os sistemas por pressão (ligados à tubulação hidráulica, como os purificadores) e por gravidade (onde o tratamento é motivado por ação do peso da água sobre o elemento filtrante, como no caso dos filtros de barro). Não há dados sobre o percentual de cada sistema nos lares brasileiros. Atualmente, são comercializados aproximadamente 250 mil produtos/mês no país, envolvendo cerca de 170 empresas.
Estimativa de faturamento anual: US$ 170 milhões.

Tendência
O segmento vem se modernizando no Brasil em todas as frentes, uma vez que o consumidor tende a optar por produtos mais modernos e com sistemas de tratamento mais sofisticados, por estar mais consciente sobre a necessidade do consumo de água de qualidade, contribuindo para que haja crescimento a cada ano e grande potencial de mercado. Estimativa realizada em 2004 pela ABRAFIPA, com base em pesquisa do IBGE, apontou que apenas 54% dos lares no país possuem algum sistema de purificação de água. Salvas as questões de saneamento básico, ainda assim é um dado promissor que mostra que há muito o que crescer. Por outro lado, a chegada da certificação compulsória ao mercado (saiba mais sobre essa certificação) faz com que as empresas tenham que se especializar e adotar novos padrões de qualidade até 2010, o que não deve ser problema para um segmento que já contava com mais de 70% de aparelhos por pressão certificados ainda na fase de certificação voluntária.

Conclusão
Somando o montante dos três segmentos destacados, as estimativas apontam que atualmente já ultrapassamos a cifra de US$ 1 bilhão, o que reforça a importância dos filtros no nosso cotidiano e para a economia do país. Mesmo com eventuais mudanças e adaptações tecnológicas, o futuro é promissor principalmente face às questões ambientais e ecológicas de preservação do planeta, onde os filtros desempenham um papel fundamental num mercado que tem muito a crescer no país e em todo o mundo.