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Gurus Ou Urubus?

Acredito mais nos urubus. Estes erram menos do que os “gurus“. Além do mais, os urubus são o símbolo perfeitíssimo da “sustentabilidade”. Esta palavra que é da “hora”, sem a qual não tem mais negócio, significa: não tirar do futuro para usar no present


Acredito mais nos urubus. Estes erram menos do que os "gurus". Além do mais, os urubus são o símbolo perfeitíssimo da "sustentabilidade". Esta palavra que é da "hora", sem a qual não tem mais negócio, significa: não tirar do futuro para usar no presente. E, nesse sentido, o urubu é maravilhoso. Ele não tira nem do presente. Alimenta-se do passado: das carniças. Portanto, animal sensacional.
Mas, essa história toda de gurus x urubus, serve para brincar com o tema da gestão do desconhecido. Somos ensinados a procurar a coordenação e a gestão do conhecido. Porém, a vida, desde seu "sempre" é um suceder de trancos e solavancos, com resultantes surpreendentes. Alguém pesquisa um medicamento cardio vascular e descobre Viagra. Uns químicos buscavam um remédio gastrointestinal e nasce a Coca Cola! Um administrador fica irritado com os constantes cortes que sua esposa faz nos dedos, na cozinha, e surge o "band aid". Um vendedor de inseticida para as pragas do algodão e café não tem uma máquina para polvilhar o pó nas fazendas e um mecânico imigrante japonês inventa a primeira polvilhadeira nacional, o Sr. Shunji Nishimura... e assim por diante.
Então, somos ensinados a estudar como sair das crises. Como fazer os "turn arounds". Como dar voltas por cima. Como liderar e como perseguir a "normalidade". Porém, ao olharmos para a história, fica claro que vivemos num mar repleto de ondas, maiores ou menores, mas de permanentes "crises".  Ou essas "crises" nada mais são do que a normalidade dos movimentos, das mudanças e de ciclos que se repetem?
Precisamos cada vez mais aprender a operar na gestão do desconhecido. Do surpreendente. Na verdade, dar muitas chances ao acaso. Usando a linguagem futebolística, disputar cada palmo do terreno e acreditar em todas as bolas.
Mas, e o conhecimento do presente? Sabemos que não utilizamos quase nada do que já está a disposição.
E como é isso?
O conhecimento disponível serve apenas para equalizar nossos "gaps", nossos buracos atuais. Significa colocar em ordem o que já deveríamos ter feito para nossas empresas e ainda não fizemos... Exemplos? Organizar um data base muito bem feito dos clientes, dos prospects, dos distribuidores, revendedores e vendedores. Aprender a usar inteligentemente e verdadeiramente um programa de relacionamento com o mercado. Criar um espírito de liderança dentro da companhia. E que esse espírito esteja presente e se manifeste nas horas mais difíceis. Outro dia, o avião não desceu no aeroporto de Imperatriz, no Maranhão, por problemas climáticos. É o único avião do dia. O outro só à noite, voltando para São Paulo por São Luis e chegando em Congonhas às 7 horas da manhã.  Ou seja, uma viagem internacional para voltar para casa. Muito bem, e o que acontece nessa hora? O seu cartão fidelidade hiper e mega classificado nas alturas, não vale mais nada. Estabelece-se o caos no pequeno aeroporto, pisões,  cutucões, filas, xingamentos e entra em campo a lei do "salve-se quem puder". Tudo para agarrar os dois infelizes funcionários pelos colarinhos e os fazer marcar a sua passagem e não a do outro passageiro. Afinal, sua ida no próximo vôo da noite só ocorrerá nos assentos ainda não vendidos... e o programa de relacionamento acaba de ser jogado no lixo.
A gestão do conhecimento presente serve para elaborar programas eficazes na cadeia produtiva de cada segmento de mercado. Representa inspirar e estimular fornecedores na busca criativa de inovações que façam a diferença na sua competitividade como cliente. A gestão do presente é ter uma governança sadia e não matar a galinha dos ovos de ouro, que é a sua empresa,  de dentro para fora. Competidor externo é bem-vindo. Inimigo interno é mortal.
A gestão desse "desconhecido" exigirá cada vez mais o progresso da "intuição". O antever alianças, parcerias, investimentos em pesquisas, conversas com sociólogos, filósofos, antropólogos, designers. E muito pé na estrada. Muitos beijos nas realidades.
A crise é natural. As crises são movimentos cíclicos. Tomar consciência da lei da dialética nos negócios é sagrado. Neste exato momento, o que originou a crise americana já passou. O eixo do mundo mudou. E tem muita coisa boa, e ricas oportunidades em gestação.
Os urubus não erram. Gurus, sim! 

Gurus Ou Urubus?
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