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Visão Empresarial

Do céu ao... inferno


Do céu ao... inferno

por Wilson Ambrosio

Durante um bom período vivemos num clima estável, de bons negócios e de boas perspectivas, com encomendas em carteira, boas previsões de vendas e um planejamento para o futuro de bons investimentos e de ampliação do quadro funcional.
O País em crescimento, o mercado consumidor em evolução (mesmo com taxas de juros acima da realidade mundial), os bancos com disponibilidades e, a toda hora, propostas de recursos acima até das nossas necessidades. Podemos dizer que estávamos dormindo com uma certa tranqüilidade, no que se refere a estabilidade de mercado e a situação financeira.
Acordamos com uma crise mundial, como há quase 80 anos não acontecia. Com os mais variados comentários e análises por parte do Governo, das Instituições Financeiras, dos especialistas de mercado, enfim, um emaranhado de colocações, quase sempre contraditórias, de deixar todos loucos.
Estávamos no Céu e acordamos no Inferno; o governo brasileiro falando que a crise não vai afetar o Brasil (que o problema é dos outros), analistas de mercado com colocações divergentes (contraditórias de um dia para outro), afirmações de que a crise já era prevista na boca dos mais entendidos (porque não se manifestaram antes, se a crise já era prevista?), briga nos bastidores da política americana entre o Governo e o Congresso, quebra nos bancos de investimentos, reflexo na Europa, quebra de bancos americanos e europeus, reflexo negativo nas bolsas de valores de todo mundo, desvalorização do real e, automaticamente, a subida da moeda americana e do euro. Empresários brasileiros de grande porte, que acreditaram na valorização da moeda nacional, são surpreendidos com toda esta metamorfose.

Mas... QUAL O TAMANHO DA CRISE e QUAL SERÁ O SEU REFLEXO?
O empresário brasileiro, por mais que esteja acostumado a tantas situações adversas acontecidas durante muitos anos em nosso País, também foi surpreendido, não só pelo fato, mas pela falta de compreensão de toda esta situação que, na realidade, nem os mais entendidos conseguem nos explicar facilmente. Assim, as perguntas vão acontecendo: como vão ficar os investimentos em nosso Pais, programados pelas empresas multinacionais e nacionais? Como ficará a disponibilidade de crédito para as médias empresas? Como vai sobreviver o pequeno e médio empresário? Como fica o cidadão que acreditou nas empresas de capital aberto, adquirindo suas ações, e que hoje valem quase metade do preço de aquisição? Poderíamos ampliar enormemente o número de perguntas que fazemos diariamente.
As medidas, que vêm sendo tomadas como sendo as salvadoras, não têm encontrado a repercussão desejada. As Bolsas sobem e descem, ou melhor, descem muito e sobem pouco. O Governo vem tomando algumas medidas, mas continua falando que a crise não vai nos atingir. Quiçá estejam certos... O que fazer? Os analistas de mercado, aqueles mais coerentes, estão recomendando: não invista, não assuma compromissos de médio e longo prazo, não imobilize.
Mas nem sempre as previsões devem ser seguidas, o bom empresário deve ter as notícias como fonte de informação, pois as freadas bruscas muitas vezes provocam acidente e atropelos. As informações que estão à nossa volta, servem para focarmos a atenção em nossos negócios e estarmos atentos para fazer os desvios necessários, ultrapassando pela esquerda, nas oportunidades que ocorrem quando seguimos em fila indiana e, quando o primeiro freia, freiamos logo em seguida. Sempre haverá empresários que estarão atentos à esquerda para ultrapassagem. Esses cuidados são os diferenciais nos negócios. Com certeza, passamos por mais um momento que a capacidade empresarial do brasileiro há de superar sem grandes seqüelas. Visão Empresarial

Visão Empresarial

Wilson Ambrosio da Silva, Administrador de Empresas, Presidente da Crediacisa - Cooperativa de Crédito dos médios, pequenos e micro-empresários de Santo André - Ex-Presidente da ACISA - Associação Comercial e Industrial de Santo André.
E-mail: ambrosiowilson@terra.com.br

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