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Robert Kennedy Critica Privatização Da Água Durante Fórum Mundial De Meio Ambiente

Ativista e advogado especializado em direito ambiental participou de evento promovido pelo LIDE em Foz do Iguaçu


Robert Kennedy Critica Privatização Da Água Durante Fórum Mundial  De Meio AmbienteA privatização é a pior questão que enfrentamos em relação à água atualmente. Essa é a opinião de Robert F. Kennedy Jr., ativista e advogado especializado em direito ambiental, que participou do Fórum Mundial de Meio Ambiente, ao lado de outras autoridades e ambientalistas, em 21 e 22 de junho, no Hotel Mabu, em Foz do Iguaçu. O evento, promovido pelo LIDE – Grupo de Líderes Empresariais, reuniu 405 empresários para discutir ações relacionadas ao tema "2013: Ano internacional da cooperação pela água".
"A água deveria ser um direito para todos os seres humanos, mesmo para quem não tem condições de pagá-la", afirma Kennedy Jr. Ele acredita que o capitalismo de livre mercado é a melhor solução, mas tem que ser manejado com um interesse social, senão as futuras gerações vão pagar pelos nossos erros e exageros. E defende: "Devemos encorajar o uso mais racional da água, mas não podemos restringir o uso pela população mais pobre por meio de taxações".
Kennedy Jr. citou um exemplo de Cochabamba, na Bolívia, país onde a água foi privatizada de tal forma que pessoas morreram por falta de acesso à água. A revolta foi tamanha que as empresas francesa e americana que faziam o gerenciamento das águas na cidade foram obrigadas a deixar o país. Outro exemplo nesse sentido ocorreu durante o regime de Pinochet no Chile, quando o ditador "vendeu" todos os rios para a empresa Endesa. Mais tarde essa empresa foi vendida para investidores espanhóis e hoje especuladores estrangeiros são donos de toda água do país, segundo ele. O mesmo aconteceu com as florestas e isso o leva a concordar com um colega advogado ambientalista que diz que a democracia naquele país não é real porque não há autonomia sobre seus recursos naturais.
Em relação à produção energética, o ativista explica que o carvão é um dos maiores poluidores do meio ambiente nos Estados Unidos e que é preciso substituir essa fonte de energia o mais rápido possível, mas há três obstáculos para novas fontes de energia: os subsídios existentes para indústria do petróleo, a falta de um sistema para novas redes de energia, mecanismos efetivos de punição  para aqueles que esperdiçam recursos. Mesmo assim ele acredita no crescimento da produção de energias alternativas, como a solar e a eólica, substituindo as provenientes de combustíveis fósseis. Mas deixa algumas questões. Com qual rapidez com faremos isso e quem liderará o processo? Serão os chineses, que estão fazendo investimentos importantes em novas tecnologias?
Kennedy Jr. já foi nomeado pela revista Time como um dos "Heróis do Planeta", por sua contribuição na luta para salvar o rio Hudson, em Nova York, e fez parte de manifestações com um grupo de ambientalistas diante da Casa Branca contra a construção de um oleoduto. É filho do ex-senador norte-americano Robert F. Kennedy e sobrinho do ex-presidente dos EUA, John F. Kennedy, e do ex-senador Ted Kennedy.
 
Sistema único de água

Jean-Michel Cousteau, oceanógrafo, ambientalista, ecologista, educador, fundador e presidente da Ocean Futures Society, chamou a atenção dos presentes sobre o fato de que há apenas um sistema de água no mundo e todos dependem dele. "O momento é crítico. Precisamos encontrar soluções para proteger os seres vivos do planeta", afirmou durante o painel "Serviços Ambientais dos Oceanos".
Num mundo em que milhares de crianças morrem todos os dias por não ter acesso à água limpa e se paga mais por uma garrafa de água do que para colocar gasolina no carro, Costeau vê boas oportunidades de negócios ao se gerenciar o planeta da mesma forma como gerenciamos empresas. O Brasil, segundo ele, tem a chance de ser o grande exemplo, o líder a convencer outras nações a proteger o meio ambiente. E isso significa gerar negócios.
 
Segurança hídrica

No painel "A crise global da água", o presidente do Conselho Nacional da Água, Benedito Braga, falou sobre a necessidade de se garantir a segurança hídrica no País, nas esferas humana, socieconômica e ecológica, dando acesso a uma água de qualidade e em quantidades imprescindíveis para os seres humanos. "Prover segurança hídrica à população é obrigação do Estado. As soluções técnicas nós temos, mas a questão é política, necessita recursos financeiros", ressaltou Braga. Ele também frisou a importância da articulação entre vários setores da sociedade para se traçar uma política eficiente sobre as águas, que ajude a melhorar a qualidade de produção, a distribuição e a redução do risco de catástrofes. Robert Kennedy Critica Privatização Da Água Durante Fórum Mundial  De Meio Ambiente
O ex-governador comentou que há necessidade de haver infraestrutura hídrica para fazer frente à variedade climática que causa escassez crônica em algumas regiões como Norte da China, Paquistão, Oriente Médio e Nordeste brasileiro. No Nordeste, por exemplo, chove tudo em três dias e é necessário armazenar essa água, de maneira racional, para momentos de seca. 
Durante a abertura do Fórum, Roberto Klabin, presidente do LIDE Sustentabilidade, entregou um manifesto pró Parque do Iguaçu para Izabella Teixeira, ministra do Meio Ambiente e Beto Richa, Governador do Estado do Paraná, demonstrando o comprometimento do empresariado com a preservação do parque. Em seguida, João Doria Jr., presidente do LIDE, convidou Luiz Eduardo Cheida, secretário estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado do Paraná, Vicente Andreu, presidente da Ana – Agência Nacional de Águas, Beto Richa e Izabella Teixeira a assinarem o Pacto Nacional pela Gestão das Águas, uma iniciativa do Ministério do Meio Ambiente e da ANA em prol do fortalecimento da gestão das águas nos estados brasileiros, por meio de um programa de incentivo financeiro, com pagamento por resultados. O objetivo do pacto é promover a articulação entre União e estados pelo uso sustentável dos recursos hídricos do País.
 
Sobre o LIDE
Fundado em junho de 2003, o LIDE - Grupo de Líderes Empresariais é uma organização de caráter privado, que reúne empresários em nove países e quatro continentes. Atualmente tem 1.400 empresas filiadas (com as unidades nacionais e internacionais), que representam 51% do PIB privado brasileiro. O objetivo do Grupo é difundir e fortalecer os princípios éticos de governança corporativa no Brasil e no exterior, promover e incentivar as relações empresariais e sensibilizar o apoio privado para educação, sustentabilidade e programas comunitários. Para isso, são realizados inúmeros eventos ao longo do ano, promovendo a integração entre empresas, organizações, entidades privadas e representantes do poder público, por meio de debates, seminários e fóruns de negócios.

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