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Acordo de livre comércio entre União Europeia e Reino Unido é exigido por fabricantes da Europa

Um possível não acordo pode gerar um "segundo golpe econômico" e pode significar perdas combinadas de € 110 bilhões até 2025


REDAÇÃO AB

Os líderes da indústria automotiva na Europa se uniram para exigir das autoridades locais um acordo de livre comércio entre os países da União Europeia e o Reino Unido, que devem concluir a saída do país britânico do bloco até 31 de dezembro deste ano no chamado Brexit. O pedido foi emitido em comunicado na segunda-feira, 14, pela Acea, associação que reúne as fabricantes de toda a Europa. Segundo a entidade, caso não haja acordo de livre comércio, isso poderia significar perdas combinadas de € 110 bilhões até 2025 – ou algo equivalente a 3 milhões de veículos - o que segundo as montadoras, coloca em risco os 14,6 milhões de empregos gerados pelo setor na região.

Se a União Europeia e Reino Unido não optarem pelo livre comércio, passa a vigorar em 1º de janeiro de 2021 as tarifas determinadas pela OMC (Organização Mundial do Comércio), sendo 10% sobre automóveis e porcentuais de até 22% para comerciais, incluindo vans e caminhões. A Acea estima que no caso de veículos leves, a alíquota de 10% de importação poderia causar uma redução na demanda com perdas no valor de € 52,8 bilhões para as fábricas do Reino Unido e de € 57,7 bi para as fábricas em países do Continente.

Segundo a associação, tais tarifas certamente seriam repassadas ao consumidor final, elevando os preços dos veículos, o que eventualmente, poderia impactar a demanda. A entidade reforça que com isso, os fornecedores também seriam atingidos pelas alíquotas, tornando a produção europeia mais cara e elevando as importações de peças.

Para evitar o que a Acea chama de catástrofe e de “segundo golpe econômico” (depois da pandemia), a indústria pede aos negociadores que garantam urgentemente um acordo com zero tarifas e nenhuma regra de origem ou cotas e que evitem regulamentações diferentes de ambas as partes. As empresas pedem ainda que as condições comerciais acordadas sejam detalhadas o quanto antes para que a indústria possa se preparar para o que vai entrar em vigor em janeiro do próximo ano.

"As apostas são altas para a indústria automobilística da União Europeia - absolutamente devemos ter um acordo comercial ambicioso entre a UE  e o Reino Unido em vigor até janeiro. Caso contrário, nosso setor - já recuperado da crise Covid - será duramente atingido por um golpe duplo", declarou o diretor-geral da Acea, Eric-Mark Huitema.

As montadoras europeias informam que a pandemia do novo coronavírus já causou perdas de produção de € 100 bilhões, de acordo com seus cálculos atualizados. Antes da crise atingir a região, a produção de veículos estava em 18,5 milhões de unidades por ano. A indústria estima que cerca de 3,6 milhões de unidades já foram perdidas este ano devido à pandemia.

"Esses números pintam um quadro sombrio da devastação que se seguiria a um Brexit sem acordo. O choque das tarifas e de outras barreiras comerciais agravaria os danos já causados por uma pandemia global e pela recessão, colocando empresas e meios de subsistência em risco. Nossas indústrias estão profundamente integradas, por isso instamos todas as partes a reconhecer as necessidades desse provedor vital de empregos e prosperidade econômica e fazer de tudo para garantir um ambicioso acordo de livre comércio agora, antes que seja tarde demais", alertou Mike Hawes, CEO da SMMT, associação das fabricantes de veículos do Reino Unido

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