A logística reversa deixou de ser apenas uma pauta de sustentabilidade e passou a ser um diferencial competitivo
Sing Comunicação de Resultados -
A logística reversa consiste na organização do fluxo de retorno de produtos e materiais após o uso, possibilitando seu reaproveitamento, reciclagem
*Por Robson Esteves
À medida que o mercado brasileiro de eletroeletrônicos volta a crescer, surge uma oportunidade estratégica para as empresas: transformar o descarte de produtos em valor. A logística reversa deixou de ser apenas uma pauta de sustentabilidade e passou a ser um diferencial competitivo, integrando a agenda de inovação, governança e novos modelos de negócio.
A logística reversa consiste na organização do fluxo de retorno de produtos e materiais após o uso, possibilitando seu reaproveitamento, reciclagem ou reindustrialização. Esse processo reduz a necessidade de extração de matérias-primas, recupera valor econômico que antes se perdia e mitiga impactos ambientais. Inserida no coração da economia circular, tornou-se um componente essencial das estratégias empresariais de inovação e governança.
O Brasil enfrenta um desafio de grande escala. Lidera a geração de resíduos eletroeletrônicos na América Latina, com cerca de 2,4 milhões de toneladas por ano, segundo o Global E-waste Monitor. Ainda assim, apenas uma pequena parte desses materiais tem destinação ambientalmente adequada, o que resulta em perda de valor econômico, desperdício de matérias-primas e impactos ambientais expressivos. Enfrentar esse desafio requer a criação de soluções integradas que conectem o mercado, a regulação e a sociedade em torno da economia circular.
A participação do consumidor é determinante para o sucesso da logística reversa. Sem adesão nas etapas de separação e entrega, os sistemas perdem eficiência. Paralelamente, o setor privado deve incorporar o design para reciclagem e desenvolver modelos de negócio que incentivem o retorno e o reaproveitamento de produtos. Já as políticas públicas precisam estabelecer regras claras e garantir previsibilidade regulatória, criando um ambiente propício a investimentos e à ampliação da infraestrutura necessária.
A logística reversa não é apenas uma exigência ambiental ou uma responsabilidade legal.
Quando bem articulada, impulsiona a inovação, cria empregos e otimiza custos operacionais. Organizações que adotam práticas circulares elevam seu desempenho em ESG e se destacam em um cenário de negócios cada vez mais dinâmico e sustentável.
Transformar consumo em circularidade exige cooperação entre empresas, poder público e sociedade. A logística reversa é o elo que conecta esses atores e transforma propósito em prática. Investir nesse sistema é apostar na competitividade e em um futuro verdadeiramente sustentável para o nosso país.
*Robson Esteves – Presidente da ABREE — Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos.
Luiz Valloto <lvalloto@singcomunica.com.br>