Brasil ainda convive com um dado alarmante: mais de 3 mil lixões a céu aberto continuam instalados
Agência Race -
Documentário “O Lixo Também É Seu!”, apoiado por companhias privadas, explora os principais desafios da gestão de resíduos no país e apresenta alternativas
Às vésperas de sediar a COP-30 – Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, que reunirá líderes mundiais para discutir o enfrentamento da crise climática, o Brasil ainda convive com um dado alarmante: mais de 3 mil lixões a céu aberto continuam instalados em cerca de 2.500 municípios, recebendo 40 milhões de toneladas de lixo por ano. O impacto disso são graves problemas ambientais, riscos à saúde pública e danos à qualidade de vida das comunidades locais.
Diante desse cenário, o setor de gestão de resíduos tem assumido um papel fundamental na transformação ambiental do país. Esse é o tema central do documentário “O Lixo Também É Seu!”, que a TV Cultura lança no próximo domingo, dia 26. Composta por cinco episódios, a série reúne ambientalistas, especialistas em resíduos e em infraestrutura e representantes de associações e do setor privado para discutir avanços do segmento, questões regulatórias e alternativas eficazes de reaproveitamento.
A Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (ABREMA) é a porta-voz dessa nova indústria verde, trabalhando para um ambiente favorável de transição para a economia circular. Há obstáculos significativos, como falta de recursos e de infraestrutura nos municípios e fragilidade na fiscalização, no entanto a entidade atua junto ao poder público e às empresas para fortalecer marcos regulatórios, criar incentivos à inovação tecnológica e estimular a valorização de materiais como parte da estratégia nacional de descarbonização. A ideia é aproveitar o potencial que o Brasil tem para transformar o lixo em ativo econômico.
Pedro Maranhão, presidente da ABREMA, explica mais sobre a relevância da categoria: “O setor é protagonista da agenda ambiental, pois transforma passivos ambientais em ativos energéticos, valoriza economicamente os resíduos e propicia um duplo ganho para o meio ambiente. Primeiramente, ao captar o biogás e impedir que o metano, potente causador do efeito estufa (GEE), se propague pela atmosfera. Em seguida, ao tratá-lo e gerar energia elétrica ou biometano, combustível que substitui o gás de origem fóssil para uso doméstico, industrial e veicular, contribuindo para a descarbonização da economia.”
Indústria e sociedade: motores da economia circular
O documentário mostra que a indústria brasileira já vem se preocupando com a sustentabilidade e promovendo ações que traduzem essa responsabilidade, como a transformação dos resíduos em energia limpa e biometano, combustível renovável produzido a partir da purificação dos gases liberados na decomposição de lixo orgânico.
Para Diego Nicoletti, COO do Grupo Solví, empresa referência em soluções ambientais e incentivadora do documentário, a indústria tem um papel essencial na construção de soluções sustentáveis.
"A circularidade dos resíduos começa ainda na concepção dos produtos, desde o design até o descarte e a possibilidade de reaproveitamento. No Grupo Solví, atuamos com essa visão integrada nas mais de 60 Unidades de Valorização Sustentável (UVS) espalhadas pelo Brasil, Argentina e Peru, investindo fortemente em tecnologia, inovação e economia circular. Nosso foco é transformar o que antes era visto como resíduo em novas fontes de valor, seja por meio do tratamento ambientalmente adequado, da valorização energética ou da reinserção de materiais na cadeia produtiva. Ao mesmo tempo, sabemos que o sucesso dessa jornada depende do engajamento de toda a sociedade. Cada cidadão é parte fundamental dessa transformação, por meio de escolhas conscientes e práticas sustentáveis no dia a dia”, explicou.
Para o executivo, além dos ganhos ambientais, é fundamental criar cadeias produtivas sustentáveis e inclusivas. Um exemplo prático, são os projetos de geração de emprego realizados pela Solví na UVS Caieiras, em São Paulo. Os programas desenvolvidos nesta unidade, que é a maior da América do Sul no tratamento e valorização de resíduos, geram capacitação profissional e oportunidades para mulheres em situação de vulnerabilidade e reeducandas do sistema prisional.
“Acreditamos no poder dos projetos socioambientais para gerar impacto positivo. Educação e conscientização são fundamentais para consolidar uma cultura de responsabilidade compartilhada e garantir um futuro ambientalmente mais equilibrado. Estar atento às pessoas também é nosso papel.”, completou Nicoletti.
Milton Pilão, CEO da Orizon, que está entre os líderes da agenda de sustentabilidade do país e é também incentivadora do projeto, reforça a importância do lançamento da série: “Iniciativas como essa são fundamentais para sensibilizar a sociedade sobre a relevância da gestão adequada do lixo e ajudar a transformar a relação das pessoas com o meio ambiente. O resultado disso é uma cidade mais limpa, mais emprego e mais saúde para a população.”, avalia Pilão.
Pioneira no setor, a Orizon mantém, atualmente, 18 Ecoparques considerados a evolução do aterro sanitário e que atuam como verdadeiros hubs de transformação do resíduo. Eles promovem a gestão correta, isolam o material, impedem a liberação de gases nocivos na atmosfera e evitam o vazamento de chorume para o solo. Pilão completa: “A atuação da Orizon vai muito além. Nos nossos Ecoparques , os resíduos são tratados como matéria-prima e reaproveitados dentro de uma lógica circular. Dependendo de sua composição, podem ser transformados em energia renovável, fertilizantes, combustíveis ou reinseridos na cadeia produtiva como materiais recicláveis”.
SERVIÇO
Série “O Lixo Também É Seu!” - 5 episódios.
Estreia em 26/10 (domingo), às 16h30.
TV Cultura.
Brenda Camargo <brendacamargo@agenciarace.com.br>