3º Seminário Brasileiro de Filtros apresentou visões de futuro e tendências de mercado
Verso Comunicação e Assessoria de Imprensa -
Evento promovido pela Abrafiltros discutiu perspectivas, sustentabilidade, certificações e avanços tecnológicos, consolidando-se como o principal encontro
Imprescindíveis em todas as áreas — automotiva, industrial, saneamento, tratamento de água, efluentes & reuso —, os filtros têm recebido constantes inovações e avanços tecnológicos para atender às novas demandas dos mercados e às exigências ambientais. Seja nas soluções elétricas, híbridas, a hidrogênio ou de combustão para veículos, ou nas aplicações hidráulicas e elétricas para máquinas industriais, a filtração evolui conforme o desenvolvimento e as necessidades de cada segmento. O 3º Seminário Brasileiro de Filtros apresentou visões de futuro e tendências em cada um desses mercados.
O evento, promovido pela Abrafiltros – Associação Brasileira das Empresas de Filtros Automotivos, Industriais e para Estações de Tratamento de Água, Efluentes e Reúso, foi realizado no dia 8 de outubro, na sede da entidade, em Santo André (SP). A programação contou com quatro painéis temáticos - perspectivas de mercado, inovação e tecnologia, ESG e logística reversa, e qualidade e certificações – e reuniu representantes dos segmentos automotivo, industrial e de saneamento.
“Chegamos à terceira edição do Seminário Brasileiro de Filtros levando temas relevantes e atuais para o setor. Uma excelente oportunidade para aprofundar conhecimentos, trocar experiências, estreitar laços e expandir contatos”, afirmou João Moura, presidente executivo da Abrafiltros.
Perspectivas para o setor de filtros: Visões de quem faz o mercado - No primeiro painel, os debatedores discutiram as tendências tecnológicas e os caminhos para o futuro da filtração, com destaque para o setor automotivo. Ao ser questionado por Paulo Nascimento, gerente geral da UFI Filters, sobre o cenário para o futuro com relação à tecnologia no setor de filtros automotivos, Roberto Rualonga Marcos, Gerente Técnico LATAM da Tecfil Filtros, foi otimista. “Os filtros nunca deixarão de existir – estejam nos veículos elétricos, gás natural ou hidrogênio. Há diversos tipos de filtros nesses veículos, como o filtro de cabine e o filtro para os sistemas de bateria. Em motores mais pesados tem motor de partida; nos híbridos há também motor a combustão, com filtros de combustível, óleo e ar", enfatizou.
Ele também abordou a complexidade do setor automotivo, marcada pela diversidade de modelos de veículos. "Isso já trouxe a implementação de várias tecnologias e, agora, com a entrada de híbridos, há exigência ainda maior de qualidade dos filtros para atender as questões ambientais. A Tecfil conta com inovações voltadas a essa necessidade", comentou.
Sobre os veículos elétricos, Roberto destacou que ainda não há grande demanda no Brasil, principalmente na linha leve. Também não vê, por ora, a substituição do motor a diesel nos caminhões, embora o segmento de ônibus apresente maior avanço na eletrificação. “Quanto mais biodiesel, menor a resistência do filtro — e é aí que entra a tecnologia”, ressaltou.
Em relação aos desafios trazidos pelo biodiesel, o especialista explicou que a proliferação de bactérias pode ocasionar o entupimento do filtro, mas que novas tecnologias vêm sendo desenvolvidas para garantir melhor desempenho e maior vida útil dos componentes. “É preciso somar ainda mais eficiência de filtração e durabilidade”, concluiu.
Na sequência, Gabriel Oliveira, gerente de produto da Hydac, falou sobre a aplicação dos filtros industriais e a evolução das máquinas pesadas. “No passado, as máquinas eram mais robustas. Hoje, apresentam comportamento completamente diferente — e os filtros precisaram acompanhar essa evolução. Atualmente, há até a possibilidade de incorporar funções secundárias, como a redução do custo energético, associando tecnologia e sustentabilidade”, explicou.
Questionado sobre possíveis mudanças disruptivas, Gabriel observou que há um movimento de substituição da hidráulica pela eletrificação em máquinas mais leves, embora nas pesadas esse caminho ainda seja longo.
André Moura, CEO da DBD Laffi Filtration, também destacou os avanços tecnológicos nos processos de fabricação e na própria filtração. Ressaltou a complexidade dos filtros de processo, utilizados na produção de diversos produtos — de tintas a óleos comestíveis —, e lembrou que “os elementos filtrantes variam conforme os níveis de eficiência que cada processo exige”.
Na empresa, explicou André, a linha Filtration conta com filtros bolsa, cartucho, cesto, separador centrífugo e autolimpante, entre outros; a linha Water reúne leito, abrandador, desmineralizador e osmose reversa, enquanto a linha E-Coat trabalha com ultrafiltração, membranas de UF, célula de diálise e tanque de anolito. “Os filtros são customizados para atender à necessidade de cada cliente. Na linha Water há ainda mais desenvolvimento e tecnologia, pois envolve diversos parâmetros técnicos”, destacou. O executivo também comentou sobre a crescente automação e monitoramento dos sistemas, que “permitem identificar e corrigir problemas com rapidez e precisão”.
Por fim, Helvécio Sena, diretor técnico da Ecologic – Soluções Ambientais, falou sobre os contaminantes emergentes na água, como microplásticos e PFAS (per e polifluoroalquil). “Estudos apontam que 90% das pessoas nos EUA têm PFAS no corpo — substância associada a doenças graves, como o câncer. Os filtros são fundamentais para remover esse tipo de contaminante. No Brasil, ainda não há legislação específica, mas a demanda virá, e esse será um mercado em expansão”, observou.
Sena também lembrou que 37% da água no país é perdida, sendo que nas ETAs (Estações de Tratamento de Água) as perdas chegam a 5%, o que representa um impacto relevante. “Com filtros mais inteligentes, é possível reduzir esse desperdício. A agricultura consome 70% da água, e tecnologias mais eficientes, como o gotejamento, que exige filtração, podem ajudar a mudar esse cenário”, pontuou.
“Precisamos reutilizar a água nos processos fabris. Desde 1965, a Namíbia já faz reúso direto de água. Essa demanda vai crescer — e é essencial conscientizar as pessoas sobre as tecnologias seguras disponíveis para isso, além de aperfeiçoar as legislações existentes”, concluiu.
Inovação, Desenvolvimento de Produtos e Tecnologias Emergentes – A mediação do painel, ficou por conta de Pedro Basso, supervisor de vendas da Wega Motors, que convidou os debatedores a fazerem uma reflexão tecnológica, destacando que o presente é resultado de tudo o que ocorreu desde o ciclo Otto, criado por Nikolaus Otto e sua equipe, até os dias atuais, com a chegada dos veículos híbridos e elétricos. “Essa visão do que aconteceu e do que ainda está por vir é fundamental. A inteligência artificial já é uma realidade, e precisamos participar ativamente desse processo — mesmo sem sabermos exatamente o que o futuro nos reserva e como o setor vai se desenvolver. O compartilhamento de informações é o que gera os resultados tecnológicos que temos hoje”, destacou Basso.
Iniciando o debate, Heitor Chaves, Advanced Programs Engineer da Mahle Metal Leve, abordou a pauta da descarbonização no setor automotivo, um tema de alcance global. “Embora não seja o principal poluente, o setor automotivo representa, no Brasil, cerca de 15% das emissões de carbono. O desmatamento ainda é o fator mais relevante, mas os veículos permanecem no centro da discussão ambiental por fazerem parte do cotidiano das pessoas”, explicou.
“Por isso, há uma pressão constante por soluções mais limpas — e o etanol, o biodiesel e o biometano são alternativas viáveis para o Brasil. Já a eletrificação deve ocorrer de forma mais gradual aqui, ao contrário da Europa. O etanol já é uma solução consolidada, mas o biodiesel ainda enfrenta desafios devido à proliferação de micro-organismos e à oxidação causada pela absorção de água, o que prejudica os filtros e os componentes dos motores. Ainda é um tema em evolução, que exige o desenvolvimento de soluções específicas para evitar o entupimento dos filtros”, completou.
Heitor também ressaltou que a norma Euro 6 traz avanços significativos para os motores, sistemas de injeção e filtros, que precisam ser capazes de reter partículas cada vez menores. Sobre os veículos elétricos, destacou que eles não dispensam a filtração, citando os filtros de ar e de cabine — este último com ainda mais importância, pois o habitáculo tende a ser mais limpo. “As baterias também exigem sistemas de arrefecimento e gerenciamento térmico eficientes para manter a potência elétrica, a durabilidade e a velocidade de recarga. Esses são grandes desafios da eletrificação”, afirmou.
Heitor ressaltou ainda a importância de avaliar a pegada de carbono e a economia circular, considerando não apenas os poluentes emitidos, mas todo o ciclo de vida — desde a produção do veículo e do combustível até a reciclagem dos componentes. “O Brasil está avançando com o Programa Mover, que já incorpora questões de descarbonização e inovação nos componentes automotivos. Um exemplo é o Programa Descarte Consciente Abrafiltros, que cumpre papel importante na logística reversa dos filtros do óleo lubrificante automotivo. Essa iniciativa deve ser ampliada para outros itens veiculares”, ressaltou. “Independentemente da rota que o Brasil seguir na descarbonização, a filtração continuará sendo essencial — e se aprimorará para atender às novas demandas do setor”, concluiu.
Na sequência, Leandro Aires, diretor da Camfil, abordou a qualidade do ar e o papel crucial da filtração nesse contexto. Ele destacou que a empresa vem desenvolvendo soluções voltadas à redução do uso de PFAS, substâncias altamente nocivas ao ser humano, e reforçou que a pandemia evidenciou a importância da qualidade do ar que respiramos. “O ar é um inimigo invisível. Não enxergamos as partículas menores que 10 micrômetros — só vemos a partir de 30 micrômetros —, mas são justamente as menores que oferecem os maiores riscos à saúde”, alertou.
Leandro explicou que partículas de 10 micrômetros são retidas pela mucosa nasal, enquanto as de 1 micrômetro penetram no sistema respiratório, afetando a capacidade cardiorrespiratória e podendo chegar aos pulmões.
“As partículas menores que 1 micrômetro são ainda mais perigosas, pois entram na corrente sanguínea. Por isso, a qualidade do ar deve ser tratada como uma questão de saúde pública”, reforçou.
Ele destacou que a conscientização da população é essencial para que haja fiscalização efetiva em locais como shoppings, hospitais e escolas, e acrescentou que a Camfil tem trabalhado fortemente na busca por soluções sustentáveis em seus processos de filtração.
Na área de nãotecidos, Mateus Serpinho, coordenador de marketing e produtos da CSI Filtros e Nãotecidos, enfatizou a importância da renovação de profissionais no setor, para que o Brasil não fique dependente de tecnologias europeias, norte-americanas e asiáticas. “O desenvolvimento está diretamente ligado à melhoria dos produtos, à redução de custos, às legislações e às normas que impulsionam a inovação”, afirmou.
Ele explicou que os nãotecidos são produtos têxteis porosos e flexíveis, formados por fibras distribuídas de maneira aleatória — diferente dos tecidos planos ou tramados. “Esses materiais permitem criar porosidades de diferentes tamanhos, capazes de reter partículas pequenas, médias e grandes simultaneamente, oferecendo grande área superficial e estrutura irregular”, detalhou. Mateus apresentou modelos aplicáveis a diversos setores — industrial, automotivo e de saúde —, destacando que os nãotecidos já substituem ligas metálicas e de celulose em várias aplicações.
No setor de Saneamento, Fabiana Rorato, Consultora da Especialista em Saneamento, Inovação e Estratégias de Transformação, que esteve nove anos à frente da gerência do Departamento de Prospecção Tencológica e Propriedade Intelectual da SABESP, especialista na área de inovação aplicada e projetos de engenharia, lembrou que para o Brasil cumprir com o Marco do Saneamento demandará aporte de quase R$ 1 trilhão até 2033 para universalizar 99% do acesso à água potável e 90% de coleta e tratamento de esgoto. “Isso exigirá profissionais qualificados para desenvolver novas tecnologias e produtos, além de avançar na prática do reúso, tema cada vez mais estratégico”, apontou Fabiana, que comentou também sobre a qualidade da água e dos poluentes existentes e que todos os resíduos das indústrias vão parar no saneamento e que os filtros são as últimas barreiras no tratamento de água, essenciais tanto nos mananciais superficiais quanto nos mananciais profundos, onde os contaminantes são diferentes e demandam soluções específicas.
“Para alcançar as metas do Marco Legal, será necessário promover um trabalho colaborativo, com o desenvolvimento de projetos integrados entre empresas, universidades e entidades setoriais — um verdadeiro hub de inovação”, sugeriu Fabiana. Ela explicou que a cooperação aumenta a eficiência operacional, reduz custos, fortalece parcerias e atrai investidores, além de valorizar o capital intelectual e estimular novos negócios.
Entre as inovações em filtração aplicadas ao saneamento, citou exemplos como membranas de alta performance, materiais avançados de filtração, filtros para contaminantes emergentes, soluções modulares e compactas, além de tecnologias baseadas em inteligência artificial (IA) e Internet das Coisas (IoT).
Sustentabilidade, ESG e Logística Reversa - 2025 é o ano da Economia Circular no Brasil. Foi assim que Flavio Ribeiro, consultor em economia circular do PNUMA (Programa das Nações Unidas em Meio Ambiente), iniciou a sua participação no painel “Sustentabilidade, ESG e Logística Reversa”, que foi mediado por Marco Antonio Simon, gestor do programa Descarte Consciente Abrafiltros. Flavio explicou que vários fatores contribuíram para que a Economia Circular tivesse esse destaque, como finalização de Normas ABNT/ISO em 2024 –NBR ISO 59000; realização do World Circular Economy Forum (WCEF2025) em maio de 2025, em São Paulo; avanços da regulação de Logística Reversa e Lei Incentivo Reciclagem; previsão de programas e políticas federais, entre eles, Mover, Nova Indústria Brasil, Taxonomia Sustentável, Plano de Transformação Ecológica e Nova NDC Brasileira e Planos de Mitigação; e aprovação do Plano Nacional de Economia Circular em maio pelo governo.
Ressaltou ações de difusão e capacitação em Economia Circular do SENAI-SP, com cinco cursos, de quatro horas cada, gratuitos e on-line, disponibilizados em português, inglês e espanhol, bem como seu livro “Economia Circular – Uma nova visão de negócios”.
Concluiu afirmando que a Economia Circular traz várias oportunidades, aliando sustentabilidade com geração de empregos, renda, arrecadação e novos negócios e que o Brasil promoveu importantes conquistas com o Plano Nacional, avanços que vão depender do compromisso de todos os setores da sociedade. “É fundamental que a indústria assuma o papel de protagonista da Economia Circular”, finalizou.
Na sequência, Gábor János Deák, diretor de inovação e sustentabilidade do Sindipeças/Abipeças, apresentou iniciativas da entidade voltadas ao ESG e à descarbonização. Entre elas, mencionou os Comitês de Sustentabilidade, que promovem palestras e debates com grandes empresas da cadeia automotiva. Citou a realização do XXI Fórum ESG Abipeças-Sindipeças, realizado dia 16 outubro, de forma remota e gratuita, com divulgação da quinta edição da pesquisa ESG.
Ao abordar o Programa Mover, que busca estimular a inovação, a sustentabilidade e a descarbonização no setor automotivo, o diretor reforçou a necessidade de ampliar os recursos destinados, já que os R$ 3,8 bilhões previstos para 2025 se esgotaram ainda no primeiro semestre.
Na área ambiental, Gábor ressaltou a realização do inventário de Gases de Efeito Estufa (GEE) de 2024, e, no campo educacional, destacou o trabalho do Instituto Sindipeças de Educação Corporativa, com mais de 115 cursos, 50 parceiros e 25 mil alunos. Em governança, citou o estatuto, os conselhos de administração e superior, além dos códigos de conduta e compliance das entidades Abipeças e Sindipeças.
Roberta Travaglini, gerente de vendas LATAM da Envea Group, apresentou o tema automação e monitoramento em sistemas de filtração industrial, ressaltando como essas ferramentas ajudam a reduzir emissões e custos de manutenção. “Materiais particulados estão presentes em todos os processos industriais, e o monitoramento contínuo é essencial — seja por exigência ambiental, por políticas internas de sustentabilidade (como a ISO 14000), ou simplesmente pela busca por eficiência operacional. O controle em tempo real melhora a performance dos filtros, otimiza recursos e antecipa falhas”, afirmou. Ela explicou que o uso de medidores de particulados nos filtros mangas possibilita diagnosticar danos e ajustar parâmetros de operação com precisão, resultando em maior eficiência e planejamento de manutenção. “Com essa tecnologia, é possível compreender melhor o comportamento do sistema de filtração, reduzir emissões e aperfeiçoar o projeto de manutenção de forma contínua”, completou.
Michel Marne, gerente de projetos e processos na Láguaz Engenharia Ambiental, trouxe ao debate a importância do reúso da água.
Com mais de 230 projetos em tratamento de águas industriais e saneamento municipal, Michel destacou que a empresa é associada a entidades como o Instituto Reúso de Água, Aladyr e Water
Positive, que promovem a gestão sustentável e o reúso hídrico. “Cerca de 97,5% da água da Terra é salgada, apenas 2,5% é doce e menos de 1% está disponível para uso humano”, explicou. Segundo ele, até 2040, a disponibilidade hídrica poderá cair mais de 40% em várias bacias da região Sudeste, o que reforça a urgência de ampliar o reúso. “Cada litro de água reutilizada é um litro a mais disponível para o meio ambiente e para as pessoas. O reúso reduz a captação de água bruta, diminui o volume de efluentes lançados e fortalece a resiliência das empresas diante de crises hídricas”, completou. Michel relacionou o reúso à inclusão social, à saúde e à governança, destacando benefícios como garantia de abastecimento em áreas de escassez, geração de empregos técnicos e ambientais, valorização da marca e acesso a linhas de crédito verde.
Durante o painel, Marco Antônio Simon, gestor do Programa Descarte Consciente Abrafiltros e mediador da mesa, perguntou a Flavio Ribeiro como o programa se encaixa na lógica da economia circular.
E Flavio respondeu: “Foi um ato de coragem e ousadia a Abrafiltros propor, em 2012, o projeto-piloto do Descarte Consciente. A iniciativa se conecta plenamente à Economia Circular — recuperando o óleo lubrificante, processando a carcaça do filtro e destinando os demais componentes ao coprocessamento. É um exemplo pioneiro que merece ser ampliado.”
Na sequência, Gábor Deák abordou os impactos do ESG no Brasil e no mundo.
“As evidências estão aí — nas mudanças climáticas, nos novos modelos de negócios e no comportamento da sociedade. Cabe à engenharia e à consciência social atuarem juntas para promover a transformação necessária”, afirmou.
Roberta Travaglini complementou, observando as diferenças de limites de emissões industriais entre Europa e Brasil: “Na Europa, o máximo permitido é de 5 miligramas por m³. Aqui, esse valor pode chegar a 50, 100 ou até 150 miligramas, dependendo do segmento. Temos um longo caminho a percorrer — mas estamos avançando.” E finalizou “Há 13 anos, levei um ano para vender um medidor de particulados. Hoje, a demanda chega até nós. As exigências estão crescendo, e a descarbonização veio para ficar no Brasil.”
Para concluir o painel, Michel Marne reforçou “Por muito tempo, o maior concorrente do reúso era a água potável. Hoje, com o aumento de custos, as restrições legais e a escassez hídrica, o cenário mudou completamente. O reúso passou de alternativa a necessidade.”
Qualidade, Ensaios e Certificações: padrões para um mercado em evolução - Como mediador, Edison da Matta, sócio Honorário e Titular do Depto. Fiscal e Tributário da Abrafiltros, fez uma breve introdução resgatando alguns dos temas discutidos ao longo do evento e apresentou os participantes do último debate do seminário.
A presença internacional ficou por conta de Marion Dalex, diretora comercial do IFTS – Institut de la Filtration et des Techniques Séparatives (França), que destacou a importância dos ensaios e certificações para garantir a qualidade dos produtos na área de filtração. “Os ensaios são fundamentais para o desenvolvimento de produtos e para assegurar sua qualidade. Os pontos-chave são precisão, repetibilidade e o método de teste, que deve corresponder ao uso do filtro e ao público-alvo a que é destinado”, explicou Marion.
Ela também detalhou as diferenças entre normas, certificações, especificações e ensaios: “As normas são documentos públicos, desenvolvidos por especialistas, que estabelecem métodos reconhecidos para definir níveis de desempenho dos produtos. Na filtração, as normas — ISO, SAE, NSF, ANSI, CEN ou NF — têm aplicação voluntária. Já as especificações são editadas por empresas, como montadoras, para determinar os níveis de qualidade desejados. Os ensaios avaliam amostras conforme essas normas, e a certificação é um processo mais amplo, que valida o produto por meio de ensaios aleatórios e auditorias.”
Marion observou ainda que a certificação depende do setor e da aplicação do filtro, podendo ser regional ou internacional, e enfatizou que as normas são uma ferramenta estratégica de inovação. “Sempre que uma empresa apresenta um novo conceito, precisa oferecer garantias de qualidade — e, para isso, deve basear-se em uma norma específica. A normalização pode ser nacional, regional ou global e permite nortear os desafios do presente e do futuro. Quem participa da elaboração das normas sai na frente no mercado”, completou. Olhando para o futuro, Marion reforçou que haverá cada vez mais necessidade de validação de produtos por meio de ensaios e de normas bem definidas.
O Professor Fabio Campos, especialista em saneamento, abordou a importância da filtração na área de água e efluentes, revelando que, no Brasil, a maior parte da água tratada vem de mananciais superficiais, que enfrentam sérios desafios com o despejo de aproximadamente 19 mil toneladas diárias de esgoto. “Nossos mananciais estão expostos à ação antrópica, e é preciso transformar essa água em potável, esteticamente agradável e microbiologicamente segura, conforme estabelece a Portaria GM/MS 888 do Ministério da Saúde”, observou.
O especialista alertou que, nas estações de tratamento de água (ETAs), o objetivo é alcançar níveis de turbidez de até 0,5 NTU após a filtração, e destacou que o país ainda precisa avançar muito na remoção de matéria orgânica e nutrientes, como o nitrogênio, além de lidar com novos contaminantes emergentes, como fármacos, microplásticos e reguladores endócrinos. “Essas substâncias sempre existiram, mas só recentemente desenvolvemos metodologias para medi-las. Ainda há lacunas sobre os efeitos exatos à saúde, e é fundamental investir em pesquisa acadêmica e inovação em filtros mais específicos para isolar esses compostos.”
Na sequência, Ariane Sharon Luzini, gerente técnico-comercial Biopharma na Cobetter Filtration Brasil, falou sobre os desafios da filtração na indústria farmacêutica. Ela lembrou que, durante a pandemia, houve falta de insumos e filtros regulados, especialmente para a produção de medicamentos injetáveis, o que exigiu flexibilizações emergenciais por parte das autoridades sanitárias. “Não é possível trocar o fornecedor de filtros no meio da produção, pois os materiais precisam estar validados para cada processo. Durante a crise, foram necessárias autorizações temporárias para garantir o abastecimento, sempre com segurança”, explicou.
“No caso de medicamentos injetáveis, a filtração precisa reter particulados e micro-organismos, preservando a substância ativa sem remover componentes essenciais. A segurança do paciente é o centro de todo o processo”, reforçou Ariane. Ela também alertou para o crescimento das farmácias de manipulação de injetáveis, que precisam se adequar aos mesmos padrões de qualidade da indústria farmacêutica. “As exigências da ANVISA são rigorosas, e isso é fundamental para garantir segurança e rastreabilidade. Além disso, a indústria farmacêutica não reutiliza filtros justamente para assegurar a integridade do processo”, concluiu.
Fechando o painel, Ronaldo Simioni, Coordenador de Certificação de Produtos do IQA - Instituto da Qualidade Automotiva, apresentou o trabalho da instituição e as exigências relacionadas às certificações compulsórias e voluntárias de componentes automotivos. “O IQA realiza ensaios, auditorias e certificações de produtos, serviços e sistemas, acompanhando a transformação digital e as novas demandas da mobilidade”, explicou. Ele lembrou que os processos de certificação compulsória do INMETRO, inicialmente voltados a pneus e rodas, hoje abrangem terminais, barras de direção, amortecedores, baterias e outros componentes, baseados no Modelo 5, que inclui auditorias de processo, ensaio de produto e acompanhamento periódico. “Além das certificações obrigatórias, o IQA também desenvolve certificações voluntárias, sempre que houver norma técnica e infraestrutura laboratorial disponível — como ocorre com produtos remanufaturados e com o biodiesel.”
O evento contou com apoio institucional da ABAS (Associação Brasileira de Águas Subterrâneas), ABIMO (Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos), ABINT (Associação Brasileira das Indústrias de Nãotecidos e Tecidos Técnicos), ABITAM (Associação Brasileira, da Indústria de Tubos e Acessórios de Metal), ECOCLASS Educação Coporativa, ABIMAQ (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), ABRAVA (Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento), ABM (Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração), ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), IQA (Instituto da Qualidade Automotiva), ABIARB (Associação Brasileira da Indústria de Borracha e Artefatos de Borracha), SINDIBOR (Sindicato da Indústria de Borracha e Artefatos de Borracha), ABIPEÇAS / SINDIPEÇAS (Associação Brasileira da Indústria de Autopeças / Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores), ABIMETAL / SICETAL (Associação Brasileira da Indústria Metalúrgica / Sindicato das Indústrias Metalúrgicas), Brasil-Minnesota Chamber of Commerce (Câmara de Comércio Brasil-Minnesota), AESABESP (Associação dos Engenheiros da SABESP), Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), MBA EACH USP, SAE Brasil (Society of Automotive Engineers Brasil) e Universidade São Judas. Além de diversos veículos de comunicação, que também contribuíram para a promoção do evento.
Esta terceira edição marcou a primeira realização do Seminário Brasileiro de Filtros em formato totalmente presencial, reunindo um público expressivo e uma programação intensa ao longo da manhã. O alto nível dos debates, o engajamento dos participantes e o interesse demonstrado pelos temas discutidos reforçam a relevância e a força do setor de filtração no Brasil.
Com o sucesso desta edição, a Abrafiltros já confirma a próxima realização do Seminário para 2027, reafirmando seu compromisso com o fortalecimento, a inovação e o desenvolvimento sustentável da cadeia de filtração.
Sobre a Abrafiltros:
Criada em 2006, a ABRAFILTROS – Associação Brasileira das Empresas de Filtros Automotivos, Industriais e para Estações de Tratamento de Água, Efluentes e Reúso – tem a missão de promover a integração entre as empresas de filtros e sistemas de filtração para os segmentos automotivo, industrial e tratamento de água, efluentes e reúso, representando e defendendo de forma ética os interesses comuns e consensuais dos associados.
Verso Comunicação e Assessoria de Imprensa
Jornalista responsável – Majô Gonçalves – MTB 24.475
Solange Suzigan
(11) 4102-2000