Gigantes Elétricos alerta para urgência na eletrificação de caminhões no Brasil
Sherlock Communications -
Como 7° maior produtor mundial de caminhões e com 87% de sua matriz elétrica sendo renovável, Brasil tem potencial único no setor
Com a proximidade da COP30 e a atenção mundial voltada para o Brasil, o país carrega a expectativa de transformar compromissos climáticos em ações concretas. Para que isso aconteça, é essencial olhar também para setores com grande peso nas emissões de gases de efeito estufa, como o de transportes, especialmente o de cargas.
De acordo com estudo do Instituto Ar, em 2019, a frota de caminhões de carga, estimada em cerca de 2 milhões de veículos, foi responsável por 76% de todo o diesel fóssil consumido no país e por 40% das emissões de gases de efeito estufa do setor de transportes.
Ao mesmo tempo, o Brasil reúne condições únicas para liderar a eletrificação de caminhões e transformar esse cenário: 65% da carga nacional é transportada por rodovias, o país é o 7º maior produtor de caminhões do mundo e conta com uma matriz elétrica 87% renovável — uma vantagem estratégica que poderia tornar os caminhões elétricos até 76,5% mais baratos de operar em comparação aos movidos a diesel.
É a partir desse potencial e em busca de incentivar a eletrificação no país, que a campanha Gigantes Elétricos, coalizão internacional, chega ao Brasil como um hub de informações e iniciativas sobre a eletrificação do transporte de cargas. Com o apoio de organizações parceiras como o Grupo de Trabalho Amazônico (Rede GTA), a Associação Brasileira de Proprietários de Veículos Elétricos Inovadores (Abravei), o Global Strategic Communications Committee (GSCC) e o The Sunrise Project, a campanha busca incentivar o setor privado, especialmente montadoras tradicionais como Volvo Trucks, Mercedes-Benz e Scania, a assumirem a liderança em uma transição justa e urgente para caminhões elétricos.
Segundo Clemente Gauer, diretor da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) e parceiro da Gigantes Elétricos, “estimular a adesão de grandes montadoras na eletrificação das frotas de carga garante maior viabilidade econômica para os caminhões elétricos em comparação com países dependentes de combustíveis fósseis, trazendo competitividade para projetos locais e segurança para investidores internacionais. Com a produção doméstica de caminhões e baterias, as montadoras com plantas no Brasil têm potencial não apenas para atender à demanda nacional, mas também para se consolidar como exportadores estratégicos para toda a América Latina.”
A rota de portunidades
A transição para caminhões elétricos é uma oportunidade econômica e industrial única, capaz de redefinir o papel do Brasil não só no cenário nacional, mas também internacional. De acordo com o International Council on Clean Transportation (ICCT), a eletrificação pode mais que dobrar os empregos no setor até 2050 — desde a fabricação de caminhões e baterias até a logística, serviços e finanças. Novas fábricas já anunciadas por empresas como Scania, Volkswagen e BYD têm o potencial de gerar milhares de empregos bem remunerados em São Bernardo do Campo, Campinas e outras regiões industriais, se dialogarem com trabalhadores durante a transição.
Cada vez mais empresas estão exigindo ações de sustentabilidade não apenas internamente, mas também em toda a cadeia de suprimentos. Grandes compradores internacionais de soja, carne e café são exemplos dessa tendência, exigindo cadeias logísticas descarbonizadas — o que pode influenciar diretamente na manutenção e expansão dos mercados de exportação.
As oportunidades também se estendem à saúde. O Centre for Research on Energy and Clean Air (CREA) constatou que a poluição de caminhões a diesel vendidos pelos maiores fabricantes de caminhões do mundo foi associada a milhares de mortes, tanto em nível global quanto na América Latina. No Brasil, o Instituto Ar estima que, entre 2013 e 2023, as doenças causadas por essa poluição custaram R$24,5 bilhões em internações hospitalares. A substituição gradual dos caminhões a diesel por modelos elétricos poderia melhorar significativamente a qualidade do ar em regiões densamente povoadas e em comunidades impactadas pelo tráfego intenso de caminhões, e contribuir positivamente com a economia do país.
Com a eletrificação das frotas, uma corrida silenciosa, mas promissora, impulsionará novas oportunidades de negócios. Diogo Seixas, Presidente da ABRAVEI (Associação Brasileira de Proprietários de Veículos Elétricos Inovadores), completa: “a tecnologia já está pronta, e o momento é agora. No centro dessa transição estão os próprios fabricantes de caminhões. Ao investir em eletrificação e adotar novos padrões na cadeia de suprimentos, esses fabricantes podem liderar uma mudança estratégica que trará ar mais limpo, melhores empregos e um Brasil mais competitivo. Como afirma a Gigantes Elétricos: o futuro está em suas mãos para ser desbloqueado”.
Isabela Guaraldi <isabela.guaraldi@sherlockcomms.com>