Seminário da Reposição destaca política ESG nas indústrias e soluções para descarbonização
Verso Comunicação e Assessoria de Imprensa -
Evento apresenta questões relevantes de cada elo da cadeia e promove debates importantes para o desenvolvimento do aftermarket em diversas frentes
A 31ª edição do Seminário da Reposição Automotiva, promovido, no dia 07 de outubro, em São Paulo-SP, na Fiesp, apresentou temas relevantes do setor, entre eles, ESG, a mobilidade e impactos ambientais, governança e gestão, transição energética da mobilidade e a presença feminina no segmento, reunindo representantes de diversas entidades, como ANDAP, ASDAP, CONAREM, IQA, SICAP, SINCOPEÇAS BRASIL, SINDIPEÇAS, SINDIREPA BRASIL, profissionais de toda a cadeia - fabricantes, distribuidores, varejos e oficinas.
Cenário do setor automotivo e os reflexos na reposição - Após a abertura oficial do evento, Claudio Sahad, presidente do Sindipeças, apresentou um panorama da cadeia automotiva, que conta com 26 montadoras (Anfavea), 8,3 mil concessionárias (Fenabrave), 44 distribuidores (Andap), 72 mil lojas de autopeças (Sincopeças) e 102 mil oficinas (Sindirepa). “A produção e vendas de veículos novos ganharam fôlego em 2025, indicando recuperação gradual nos patamares da pré-pandemia, não com o crescimento esperado devido às elevadas taxas de juros que dificultam as vendas, especialmente, de veículos pesados”, afirmou Sahad. De janeiro a setembro de 2025, a produção contabilizou 1.986,6 milhão de autoveículos, registrando aumento de 6% em relação ao mesmo período do ano anterior, enquanto que os emplacamentos somaram 1.910,9 milhão de autoveículos, numa alta de 2,8%. Com relação às exportações do período, totalizaram 430,8 mil unidades, com incremento de 51,6%, segundo Anfavea. “Tem melhorado, especialmente, pela recuperação da Argentina”, explicou.
Entrada dos chineses e importados - Destacou preocupação com os emplacamentos de veículos leves e comerciais leves importados que apresentam vertiginoso crescimento. Veículos chineses já representam cerca de 8% dos licenciamentos totais. “Nova dinâmica para competitividade no mercado brasileiro. O Sindipeças apoia empresas de fora que quiserem produzir no Brasil com fornecedores locais”, ressaltou.
SUVs lideram a preferência - Falou sobre a importância das vendas diretas de comerciais leves, da relevância dos SUVs na preferência dos consumidores e sobre a tendência de hatchs pequenos nos híbridos. “A infraestrutura de carregamento é o grande complicador para os elétricos”, disse.
Sobre as perspectivas, foi otimista. “A projeção é de crescimento da produção de autoveículos ao redor de 3%, seguindo com resultados positivos nos próximos anos, mas só se aproximariam nos 3 milhões no final da década”, comentou.
Reposição em alta - Com relação à indústria de autopeças, falou sobre crescimento de 5% no faturamento, chegando a R$ 272 bilhões. Sobre as exportações, disse que como as importações reduziram 6,9%, contribuindo para o menor déficit da balança comercial. Já a participação do canal da reposição nas vendas da indústria de autopeças alcançou 18,64% até junho.
Outros dados relevantes para a reposição são sobre o aumento da frota nacional em circulação que amplia continuamente o mercado de reparação, bem como o envelhecimento da frota, com 10 anos e 11 meses.
Inspeção Veicular deve fazer parte da renovação de frota - Segundo Sahad, para oferecer maior segurança no trânsito e atender os requisitos da ESG mecanismos como a Inspeção Técnica Veicular (ITV) e a renovação da frota são fundamentais.
O grande potencial de geração de biomassa e biocombustíveis, a capacidade de geração de energias renováveis também foram citados como relevantes para a indústria automotiva e o país.
Finalizando a sua apresentação, Sahad comentou os desafios da indústria automotiva, entre eles, superação de problemas de oferta, distribuição, custo, logística e armazenamento de combustíveis e energéticos, segurança na transmissão e integração dos sistemas para energia limpa e renovável, atração e qualificação da mão de obra para novas tecnologias, realização de investimentos públicos e privados em infraestrutura e previsibilidade e segurança pública.
Painel da Indústria – Com mediação do jornalista Adalberto Piotto, os participantes deste painel comentaram sobre diversos aspectos da sustentabilidade na indústria automotiva. Sérgio Montagnoli, diretor de Marketing Global e Vendas IAM da Frasle Mobility, citou o projeto Caldeira Verde, implantado, na sede da companhia em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, que utiliza madeira que vem do resíduo para transformar em energia renovável e promove economia equivalente a 260 mil botijões de gás de cozinha por ano, uma iniciativa sustentável, planejada e que há dois anos está em operação, assim como outras políticas ESG que estão na pauta da corporação. “Atuamos na reposição e como indústria temos uma preocupação com a logística reversa. Há segmentos que já fazem esse trabalho como pneus, baterias, óleo lubrificante, por exemplo. Atualmente, realizamos a logística reversa com discos de freio da Fremax, com o programa Recycle Max. Cerca de 460 mil discos de freio que vendemos têm origem de material reciclado, o que acredito que seja a verdadeira contribuição da indústria”, comentou.
Segundo Montagnoli, a indústria vive um pedaço do negócio, mas tem o papel de levar e educar sobre o descarte seguro e o poder público fica com a função de criar condições para intensificar essa opção de forma inteligente. “O estado do Mato Grosso do Sul, por exemplo, foi pioneiro a criar lei que responsabiliza o descarte de embalagens da oficina, isso acelera o processo e a indústria dá o suporte para o descarte seguro”, revelou Montagnoli.
Seguindo a mesma linha sobre ações relacionadas à reciclagem e destinação correta de resíduos, Raul Cavalero, diretor de Vendas e Marketing na MANN+HUMMEL, destacou uma das iniciativas da empresa voltadas à sustentabilidade – a participação no Descarte Consciente Abrafiltros, programa de logística reversa de filtros usados do óleo lubrificante automotivo da Abrafiltros, que está implantado desde 2012, inicialmente, em São Paulo, e ampliado depois para o Paraná, Espírito Santo e Mato Grosso do Sul. “O filtro do óleo lubrificante automotivo passa a ser considerado Resíduo Perigoso Classe I por estar contaminado pelo OLUC – Óleo Lubrificante Usado Contaminado e, por isso, deve ter destinação ambientalmente correta”, explicou. Disse que a MANN+HUMMEL é associada à Abrafiltros e aderiu ao programa e todo o processo desde a coleta, transporte e tratamento dos resíduos é realizado pelo Supply Service, grupo de empresas parceiras que atendem o Descarte Consciente Abrafiltros. “O fabricante entende o seu papel com relação ao meio ambiente, completa o ciclo, estendendo o ciclo de vida por meio de reciclagem e rerrefino”, comentou.
Disse que a velocidade de novos estados entrantes é puxada pelo poder público, pois há necessidade de regulamentações e legislações específicas. “Até agora foram reciclados mais de 50 milhões de filtros usados do óleo lubrificante automotivo, mas requer um grande investimento por parte dos fabricantes”, pontuou.
Já Guilherme Soares, head de Vendas aftermarket da BorgWarner América Latina, ressaltou que a indústria automotiva já desenvolve diversas ações sustentáveis há bastante tempo. Mas, especialmente, hoje, a sustentabilidade está atrelada ao bolso. “Se a empresa não é sustentável não há aprovação dos investidores e nem dos consumidores. A empresa não tem bom nome e não capta recursos nem financeiros”, esclareceu. A sociedade está atenta, mas há muito para caminhar em questões ambientais.
Leonardo Araujo, presidente da NTN Rolamentos do Brasil, contou que no Grupo NTN que tem presença global e origem japonesa, a sustentabilidade é vista de um modo muito simples para que possa atingir e mudar a cultura de maneira geral na organização. “Sustentabilidade é fazer de forma mais inteligente, a contribuição como fabricante nasceu da consciência ambiental e atinge toda a cadeia. Há vários exemplos: dos mais simples aos mais complexos. Temos metas de emissões e de redução de uso de recursos. O grupo se comprometeu e estabeleceu um plano para 2050 chegar à neutralidade de carbono e em até 2035 o escopo 1 e 2 vai reduzir em 90% em algumas regiões”, revelou.
Leonardo explicou também que ESG está no centro do negócio da empresa, é uma prioridade. “Como temos participação global, com mais de 70 plantas ao redor do mundo, o grupo se estruturou para que todas as regiões alcancem a meta. No Brasil, o setor é mais fragmentado, o que torna o desafio ainda maior e o papel de cada elo no processo é importante”, acrescentou.
Além de fazer o dever de casa dentro da esfera de sua influência, a NTN trabalha junto aos fornecedores com relação a ações voltadas ao eixo ESG. “Nosso produto principal tem um destino certo por ser sucata metálica acaba sendo reprocessado. É importante bonificar quem faz da forma correta, principalmente para as pequenas empresas e cabe às entidades associativas, que fazem parte da cadeia e têm papel preponderante, promover políticas consistentes”, sugeriu o executivo.
Painel da Distribuição: “Governança em Empresa Familiar” – Somente 30% das empresas familiares passam para a segunda geração, de 10% a 15% para a terceira geração e de 3% a 5% para quarta ou quinta gerações. Foi como Ana Paula Cassorla, diretora de Marketing e Compras da Pacaembu Autopeças, iniciou a sua participação no painel da distribuição, revelando dados de uma pesquisa. “É um desafio mantê-las, precisa de governança, estruturação de regras para administrar bem, de forma transparente e profissional”, ressaltou. Caso contrário, muitos acabam vendendo. Ela faz parte da segunda geração, com mais dois irmãos. Mas, segundo Ana Paula, familiares da terceira geração já atuam na empresa.
Para Eduardo Kalabaide, Diretor Administrativo Scherer S/A Comércio de Autopeças, terceira geração, é necessário alinhar vários fatores no processo de sucessão. “Convivemos com várias gerações – 90 anos, 70 anos, 60 anos e eu com 40 anos. É preciso coragem e resiliência, pois, às vezes, há conflitos que trazem desafios”, comentou. Na empresa, a governança vem sendo trabalhada há tempos.
Felipe Martins, Sócio-Diretor do Grupo PMZ, pertencente à terceira geração, contou que a última transição foi realizada há 3 anos. “Não foi simples porque não é só a passagem do comando, mas também de um sonho. Não termina, ele quer dar continuidade na história. Quem assume deve estar preparado, mas quem deixa o negócio também precisa se adaptar às mudanças”, recomendou. Falou que mesclar profissionalização e familiares é uma boa opção.
Paula Soares, Diretora de Tecnologia e Supply Chain na Goop, distribuidora da marca Takao, da segunda geração, concordou com as questões que o Felipe trouxe. Destacou também a importância da governança e do diálogo entre familiares, bem como ressaltou que o fundador precisa saber qual é o papel dele na transição para que o processo seja mais tranquilo.
Com relação à transição e público externo, Ana Paula disse que, quando esse processo é bem feito, de forma transparente, fornecedores e clientes mantêm a confiabilidade na empresa. Também salientou que a uma boa estruturação da empresa contribui para que os stakehoders tenham confiança. Já Felipe explicou que, no caso da PMZ, o fundador, pai dele, sempre quis ser dos bastidores, não era da linha de frente, facilitando o processo. Mas, ele preparou tudo e quis voltar atrás no dia seguinte da transição. “Ele ficou com um vazio, foi um trabalho de convencimento”, afirmou. Agora, para facilitar, há um tempo obrigatório de aposentadoria para o executivo.
Ao final do painel, Eduardo ressaltou a importância de não haver ruptura nos valores e na cultura da empresa no processo de transição. “O sucessor deve ter o perfil de trabalho da empresa”, concluiu.
Painel Varejo e Reparação – Ao iniciar a mediação do painel sobre governança e desafios para manter a credibilidade e a longevidade da empresa, Antonio Fiola, presidente do Sindirepa-SP, fez questão de enaltecer a participação feminina em todos os debates nesta edição, além da última apresentação ser totalmente dedicada ao tema com empresárias e executivas do setor realizada pela AMMA - Associação Brasileira das Mulheres do Mercado Automotivo, sendo a primeira vez que o evento dá protagonismo ao universo feminino. Dando continuidade à questão de sucessão já discutida no painel de distribuição, Fiola comenta que na reparação e varejo também é muito desafiador o processo sucessório nas empresas. “É um desafio fazer a captação do cliente, geralmente são os donos que fazem a gestão do negócio e o atendimento aos consumidores”, completou.
Priscila Rodrigues, gestora da Autopeças Rodrigues é a segunda geração e filha do fundador que começou como mecânico, empreendeu e conta a sua história no livro “De mecânico a empresário”. Com formação em Comércio Exterior, Priscila, que trabalhou em grandes corporações, está há nove anos na empresa da família, onde implementou processos para gestão com foco em resultados, estatísticas, boas práticas para profissionalizar a empresa e realizar a gestão de pessoas com olhar humanizado, bem como promoveu treinamentos. A questão de liderança humanizada é algo que ela aprimora constantemente. “Estou próxima ao mecânico e também aos balconistas, sempre com olhar humanizado e também com foco em números e resultados. “A liderança é individual com a geração mais antiga, intermediária e a que está chegando”, mencionou.
Junto com o irmão na administração, Priscila contou que criou o movimento da Tríade do Mecânico para capacitação e valorização profissional da categoria com parcerias para realização de eventos presenciais, divulgação nas redes sociais e podcasts para contar a história de como os mecânicos conseguiram prosperar, inspirada na trajetória do pai. Também contribui com o projeto “Mulheres Automotivas”, idealizado pela Paola Brandão, onde atua como mentora de liderança, autoconhecimento e alta performance. Lembrou da importância da participação de sua mãe ao lado do pai na gestão, levando apoio, ajudando na gestão e inclusão.
Fiola aproveitou para enfatizar como o setor é movido por relacionamentos humanos e que o Sindirepa-SP vem construindo toda a parte de literatura de procedimentos e atendimento, além de normas para serviços.
Já Luiz Franga, engenheiro automotivo, diretor do Sindirepa-SP e proprietário da The Specialist 4X4 Service, trabalhou na área de Supply Chain de montadoras e na primeira concessionária Land Rover. Sabendo da escassez de mão de obra no setor participa do Comitê de Estudos do Senai-SP, faz o trabalho de apresentar aos jovens formandos como funcionam as oficinas e as oportunidades que oferecem para quem deseja iniciar no mercado. Com relação à governança, comentou que a maioria são empresas pequenas e se cada uma fizer o seu trabalho vai ser exemplo para outras e melhora situação do setor. “A boa governança oferece melhores resultados”, ponderou.
Hoje, a empresa conta com canal de atendimento pelo WhastApp, onde é feito agendamento. Um cliente chegou com a peça, falando o problema e preguntou se dava para trocar e ele recomendou fazer o diagnóstico porque nem sempre o problema é o que parece. Tem um banco de dados de power bi com 12 mil diagnósticos que prevê qual é o tipo de manutenção que deve ser feita.
Representando o varejo, Neno de Oliveira, CEO da Go!Mec Autopeças, fundou a empresa há 22 anos e realizou o sonho de ter o próprio negócio. Como veio da indústria, sentiu muita diferença quando montou a loja por ser um setor de relacionamento e precisou aprender a atender com o cliente. Começou a governança pelo RH, construindo e difundindo os valores da empresa e, junto com a esposa, foi implementando, mas é desafiador porque tem um mix de pessoas, as que estão há muito tempo no mercado e as que estão iniciando agora, mas Neno disse que esse trabalho avançou bastante.
Sobre capacitação para a reparação, o empresário mencionou que oferece suporte às 600 oficinas que atende na região do ABC, com agilidade na entrega de peças, velocidade para apresentar o orçamento e disponibilidade dos produtos. O Sebrae fez um trabalho piloto com base de seus clientes sobre gestão, o que considera muito importante.
Ricardo Cramer, proprietário da Aires & Filhos e diretor do Sindirepa-SP, divide a gestão com a mãe e o irmão em uma oficina que tem mais de 50 anos. Ele precisou começar do zero a parte de gestão há 20 anos, com o falecimento do pai que foi fundador. Então, ele foi estudar e começou a escrever um plano de ação para manter o padrão, foi o início da governança. “Tive de correr atrás, fui conhecer oficinas para entender, somar e aplicar”, contou. Já com a nova geração, sente dificuldade com os profissionais e está pegando pessoas novas. Está deixando agora a parte de atendimento, da linha de frente, pretende aprimorar e treinar alguém para essa função. “Quando iniciei lá atrás tinha 16 funcionários e um tíquete médio de R$ 600,00 a R$ 700,00 com 190 a 250 atendidos por mês e hoje com nove profissionais atendo 50 a 60 veículos, com tíquete R$ 3.500,00 a R$ 4.500,00 mensais. “O mercado mudou, consegui valorizar o serviço por meio da governança, mas não tenho a próxima geração e não sei como criar. Estou estudando o modelo de associativismo de escritórios de advogados que acabam dando sociedade aos melhores profissionais”, informou. Cramer não quer que a empresa termine em sua geração, deseja dar continuidade. Ele acredita que será difícil deixar de atuar como reparador, acabou de fazer um curso para reparação de elétricos e híbridos, está sempre se atualizando.
Palestra sobre transição energética da mobilidade no Brasil: Uma análise sobre os possíveis impactos no pós-venda automotivo – As emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) chegaram a 2.296 Mton CO2e no Brasil em 2023, sendo 91% geradas pelo setor de transporte rodoviário, segundo SEEG. Para 2030, a meta estabelecida de emissões de GEE é de redução de 53% e neutralidade em 2050. “O Instituto MBCB é uma coalisão de esforços entre atores da cadeia automotiva para reduzir as emissões de GEE de modo sustentável, viável, inclusivo e compatível com a realidade do Brasil, composto pelo setor de energia, peças/componentes, montadoras, tecnologia/engenharia, sindicatos e mercado”, comentou José Arnaldo Laguna, presidente do CONAREM, ressaltando que a iniciativa visa acelerar a descarbonização da mobilidade no Brasil com soluções técnicas, integradas e adaptadas à realidade nacional.
Outro ponto abordado foi sobre a frota circulante que contabilizou 48 milhões de veículos em 2024. “Os veículos com mais de 11 anos chegam a 55% do total, são 22,6 milhões e os que mais geram GEE”, assegurou. Pontou algumas iniciativas importantes, entre elas, instaurar o Programa Nacional de Renovação de Frota e aumentar a penetração do etanol nos veículos flex.
Segundo Laguna, para a redução do CO2, deverá ocorrer uma multiplicidade nos novos licenciamentos de veículos com diversas rotas tecnológicas, entre elas, etanol, biodiesel, HVO, H2, biometano, bioelétrico e BEV. “No Brasil, os elétricos não são uma realidade”, afirmou.
Sobre a evolução da frota, Laguna citou que em 2040 deve chegar a 67,7 milhões, sendo 52,4 milhões de carros de passeio (77,3%), 11,4 milhões de comerciais leves (16,8%), 3,9 milhões de pesados (5,8%) e 504 mil ônibus. Em 2040, 68% serão compostos ainda por veículos com motor de combustão interna e mais 20% com combustão combinada, totalizando 88%, o que representa 59 milhões de veículos.
Com relação à projeção da demanda de energéticos, Laguna disse que, hoje, há 15 mil postos de recarga de baterias. Para 2040, serão necessários de 500 a 700 mil postos de recarga de baterias. Elevar de 620 TW/ano de energia para mais 380 TW/ano, ou seja, 1.000 TW/ano. Há necessidade de desenvolver 400.000 ton/ano só para mobilidade de H2, e um crescimento de 100% nos 9 bi litros/ano de biodiesel atuais, somando 18 bi litros/ano.
Para finalizar o presidente do CONAREM, destacou os desafios estruturais, foco do Instituto MBCBrasil, entre eles, a oferta, distribuição, custo, logística e armazenamento de combustíveis e energéticos; segurança energética, transmissão e integração do sistema na geração de energia limpa e renovável; atração e qualificação de mão de obra para novas tecnologias; investimentos públicos e privados em infraestrutura; previsibilidade setorial e segurança jurídica e novas tecnologias e capacitação no pós-venda.
Painel das Mulheres que Movem a Reposição – Estreando no seminário o espaço para as mulheres do setor, a AMMA - Associação Brasileira das Mulheres do Mercado Automotivo, apresentou dados de pesquisas que revelam o avanço da presença feminina em todas as áreas do aftermaket, mostrando que vem melhorando, mas em cargos diretivos ainda é pouco representativo. Como mediadora, Carla Nórcia, presidente da AMMA, CEO da Insight Trade e Aceleradora da plataforma Vagas Automotivas, fez questão de agradecer o espaço cedido pela primeira vez no evento para poder debater e dar luz às mulheres do setor que trabalham em todas as frentes dos elos da cadeia produtiva.
Para mostrar a atuação do universo feminino, Tania Macriani, fundadora de empresa MHD Consultoria, especialista em mapeamento do mercado automotivo desde 2017, mostrou dados de várias fontes, entre eles, ChatGPT, revelando que 50% da população brasileira é formada por mulheres, número expressivo que por si só já demonstra a força feminina, sendo que 55% são economicamente ativas. Com essa representatividade toda, um estudo da Consultoria McKinsey aponta que a igualdade de gênero adicionaria 12 trilhões de dólares na economia global. Partindo para o setor automotivo, segundo estudos nos últimos cinco anos da Rede AB Diversidade, as mulheres representam em torno 25% do total de profissionais e pesquisa do Grupo Oficina Brasil aponta que 16% de mulheres estão no mercado. Ela explica que existe uma carência de informações sobre a participação feminina na reposição, mas um ponto importante é que a presença das mulheres em cargos de alta gestão precisa evoluir a partir da média gerência à alta gerência. Além disso, 65% das montadoras e empresas de autopeças estão investindo em equidade de gênero. “Empresas que investem em inclusão têm consumidores mais engajados e colaboradores mais motivados porque diversidade é bom para estratégia de negócios, inovação e crescimento”, citou.
Segundo Tania, o avanço acontece por meio de conscientização e estruturação de programas voltados ao aumento da presença feminina, capacitação, mentoria e capacitação de colaboradores.
Outros dados comprovam a força das mulheres na economia, uma vez que mais de 50% da compra de automóveis novos e seminovos são realizadas em CPFs femininos e há menção que as mulheres representam 40% das vendas diretas e influenciam outros 30%.
Dentro contexto da atuação no mercado de reposição, Sabrina Carbone, gerente global da Frasle Mobility, falou da evolução das mulheres nas duas últimas décadas nas oficinas, como mecânicas e gestoras, assim como no varejo. “Esse movimento também acontece na América Latina, como Argentina, Colômbia e México, onde há forte presença feminina em vendas e gestão. As mulheres procuram estudar e se preparam para o mercado, seja em universidades de engenharia ou mecânicas”, falou.
Simone de Azevedo, CEO da Mobensani Borrachas Automotivas, com 35 anos de experiência no setor, que já tem liderança feminina junto com a irmã Suzane de Azevedo, ao lado pai, comentou que a participação das mulheres na empresa é orgânica. “Em 2021, tínhamos 95 colaboradoras e hoje são 175, um crescimento de 75%, correspondendo a um terço do total de funcionários”, exemplificou.
Esse trabalho foi realizado a partir da escuta ativa que permitiu entender que os detalhes são importantes, promovem o sentimento de pertencimento e geram alta produtividade e engajamento.
Sob o ponto de vista de empresária da reparação automotiva, Camila Bezerra, repórter do programa AutoEsporte da Rede Globo e proprietária da oficina mecânica Chassis Force, contou que iniciou há 20 anos no setor e buscou se preparar, fazendo cursos sobre execução de serviços para saber como funcionam os trabalhos realizados. Ao entender o ecossistema, Camila começou a atender o cliente e usou o bom humor para driblar as situações complexas na época, além de poder mostrar o seu conhecimento sobre os serviços. “Eu tinha 20 anos, mas estudava muito, tinha conhecimento e sabia mexer com ferramentas de sistema de mesa de diversas marcas de países diferentes para ajudar a equipe de profissionais”, comentou. Foi assim que Camila conquistou a confiança dos clientes e agora já atende a segunda geração.
Durante a apresentação, Carla chamou ao palco Marilda Costa Salles Ávila, diretora do Grupo Photon, empresa organizadora do evento e editora da Revista Mercado Automotivo, para receber uma homenagem das participantes do painel.
O evento, organizado pelo grupo Photon, foi patrocinado pelas empresas Nakata, Fras-le, Controil, Sama, Laguna, Matrix, Pellegrino, Roles, Orbid, Rede PitStop, Authomix e Pronto na categoria Master Exclusive; Elring, KS, Monroe Amortecedores e Schaeffler na Master e Bosch, Delphi e Takao na Premium. Contou com o apoio institucional das entidades ABRAFILTROS, ANDAP, ANFAPE, ASDAP, CONAREM, IQA, SICAP, SINCOPEÇAS BRASIL, SINDIPEÇAS, SINDIREPA BRASIL.
Verso Comunicação e Assessoria de Imprensa
Jornalista responsável – Majô Gonçalves – MTB 24.475
Solange Suzigan
(11) 4102-2000