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O setor elétrico brasileiro passa por uma profunda transformação nos dias de hoje

Demanda crescente por energia e necessidade de segurança para cidades e empresas indicam grandes investimentos por vir no setor elétrico brasileiro.


O setor elétrico brasileiro passa por uma profunda transformação nos dias de hoje. A transição energética obriga o país a repensar e melhorar sua infraestrutura de geração e distribuição de eletricidade. Junto com isso, uma grande mudança nos modelos de produção e comercialização da energia vem acontecendo. 

A matriz elétrica brasileira atual tem uma capacidade total de 210 GW, com um número superior a 24 mil usinas em operação comercial. Dados do SIGA (Sistema de Informações de Geração da Agência Nacional de Energia Elétrica) apontam que as usinas hidrelétricas representam 48,7% do total da capacidade, enquanto as pequenas centrais hidrelétricas aportam 2,8%, e as centrais geradoras hidrelétricas contribuem com 0,4%.

Por sua vez, as usinas termoelétricas respondem por 22,8% da matriz, a energia eólica aporta 15,9% da energia nacional, a energia solar centralizada responde por 8,3% e a energia nuclear completa o cenário com 0,9% da produção elétrica do Brasil. 

O setor elétrico e o desenvolvimento nacional

Energia é condição essencial para projetos de desenvolvimento, que não apenas costumam representar uma demanda extra como, quando concluídos, agregam ainda maiores necessidades. Por exemplo, a construção de linhas de metrô em uma cidade impõe necessidades adicionais de energia para a obra propriamente dita (equipamentos pesados em operação, transporte de materiais, reorganização do trânsito na cidade etc). Porém, ao ficar pronto, o sistema de metrô em si é um grande consumidor de energia. Assim, é impossível prever um desenvolvimento socioeconômico sadio sem acréscimo na geração de energia elétrica. 

Energias renováveis em expansão mudam a matriz elétrica

Nas energias limpas e renováveis em que o mundo precisa investir para garantir menor impacto ambiental, o Brasil tem tido boa participação. O crescimento da energia solar no país é avassalador, e já ultrapassou a energia eólica em termos de capacidade instalada. Segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), o setor deve crescer este ano 25% em relação ao ano anterior.

Um dado interessante a respeito da energia solar é que ela abriu a possibilidade da geração distribuída no Brasil. A geração distribuída, ou descentralizada, consiste na instalação de inúmeros painéis fotovoltaicos em diferentes localidades, porém com conexão aos sistemas de distribuição. São residências, pequenas empresas, escolas etc, que passam a ser co-geradores de energia a partir de painéis fotovoltaicos. 

Somando-se a geração distribuída de energia solar com a geração centralizada (feita por meio de grandes fazendas solares em terrenos maiores destinados apenas a isso), a energia solar no Brasil hoje produz 59 GW, um número muito maior do que a proporção oficial da energia solar na matriz energética nacional, que contabiliza apenas a geração centralizada.

A energia eólica, contudo, não fica muito atrás, provando que o Brasil dá uma significativa contribuição para tornar a produção de energia sustentável no mundo. Segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), o setor contribui com 35 GW, com 1.143 parques eólicos instalados em 12 estados do país. São nada menos que 11.990 aerogeradores em operação no território nacional.

O biogás é outra fonte de eletricidade que permite a geração distribuída, visto que basta que uma propriedade rural, por exemplo, instale um biodigestor que produza um gás contendo metano para que se torne um produtor de combustível. Este gás pode ajudar a alimentar diretamente equipamentos movidos a gás, sendo portanto uma energia limpa e renovável, ou pode ser canalizado para distribuição. 

Hoje, o setor de biogás tem no Brasil uma capacidade de geração distribuída de 148 MW de potência. Mas na geração centralizada, são 606 usinas produzindo 399 MW.

Tecnologias digitais no setor elétrico

O setor elétrico vem promovendo a sua própria transformação digital, como qualquer outro grande setor da economia. No vaso da produção e administração de energia, a infraestrutura digital é aplicada de maneira a ampliar a segurança do sistema e garantir um fornecimento ininterrupto aos consumidores. 

Um exemplo é o crescente uso de dados na gestão das redes, por meio de centros de operação e controle cada vez mais digitalizados. Ali, os dados chegam por meio de sensores instalados em todas as partes do sistema, alimentando o processo de tomada de decisão, corrigindo falhas mais rapidamente ou ainda alertando os responsáveis para prevenir falhas que podem gerar apagões.

O futuro da energia em um mundo de avanços tecnológicos

Com o advento da Inteligência Artificial, o problema da energia se tornou ainda mais central. Isto porque os data centers necessários para que estes modelos computacionais funcionem são incomparavelmente maiores e mais demandantes de eletricidade do que qualquer infraestrutura que a internet já construiu até hoje. 

Um relatório da consultoria Gartner publicado há poucas semanas aponta que já em 2027 cerca de 40% dos data centers de IA no mundo podem experimentar escassez de energia. O mesmo relatório afirma que o consumo de eletricidade pela IA, em seus data centers, deve crescer 160% até daqui a dois anos. 

A Agência Internacional de Energia divulgou estimativa de que até 2030 os data centers deverão consumir impressionantes 945 TWh de energia. São 945.000 GW por hora, o que é superior ao consumo de energia do Japão nos dias atuais.

Assim, o futuro do setor elétrico pode bifurcar-se de maneira dramática em breve. Ainda não há clareza sobre como os sistemas nacionais de produção e distribuição de energia darão conta de um aumento tão impressionante na demanda, ao mesmo tempo em que mantêm um fornecimento constante e seguro para as populações e empresas de todos os países. 

É um indicativo claro de que, se há alguma certeza, é de que investimentos em novas capacidades de geração e distribuição serão absolutamente necessários.

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