A Associação Brasileira de Embalagem de Aço (Abeaço) promoveu dia 25 de junho, em São Paulo, a 2ª edição do TALKs, desta vez, abordando a Economia Circular. Reunindo os principais especialistas do tema, foram debatidas questões sobre a construção de um Brasil mais sustentável por meio de reflexões e desafios e avanços obtidos nos últimos dez anos no país.

A primeira palestra, “Plano Nacional de Economia Circular”, foi ministrada por Sissi Alves, diretora de Bioeconomia e Economia Circular do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). A executiva apontou que a economia circular tem se desenvolvido no Brasil, citando a criação, em 2023, da Secretaria de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria (SEV) pelo MDIC como uma iniciativa voltada ao tema. “O crescimento econômico puro não é o suficiente. Precisamos de desenvolvimento social e sustentável”, disse.

A executiva ainda trouxe à conversa o Plano Nacional de Economia Circular, uma iniciativa do Governo Federal para reorientar o modelo econômico brasileiro – atualmente linear – rumo a um sistema circular, mais sustentável e regenerativo, juntamente com seus cinco eixos, que organizam os objetivos e ações para transformar o modelo econômico do Brasil.

Beatriz Luz, fundadora da Exchange 4 Change Brasil e presidente do IBEC (Instituto Brasileiro de Economia Circular), ficou à frente da conversa sobre “Economia Circular como Alavanca para Descarbonização do Setor de Aço”. Dentre os pontos abordados, a profissional trouxe que temos explorado recursos do meio ambiente em uma velocidade cada vez mais rápida. “A estimativa é que tenhamos um aumento de 60% na extração de recursos até 2060, de acordo com a Global Resources Outlook, se mantido o ritmo atual de crescimento econômico e populacional”, conta.

Mediando o bate-papo, Elen Nunes, jornalista com 20 anos de atuação no setor de embalagens, questionou o que falta para a economia circular deixar de ser exceção. Sissi apontou sobre a necessidade de capacitação para consumidores cobrarem melhor as empresas, trazendo como exemplo as que praticam o “greenwashing”. Beatriz trouxe a coragem e responsabilidade como essenciais para o avanço no tema, com consciência coletiva e nova mentalidade de negócio.

Na segunda parte do TALKs, Lara Iwanicki, diretora de Advocacy e Estratégia da Oceana Brasil, ministrou sobre “Economia Circular e Plástico de Uso Único”, mostrando que o Brasil é o 8º maior poluidor plástico do planeta e que 96% dos resíduos produzidos no país não são reaproveitados.

“Hoje, 141 países já possuem leis que restringem a produção e/ou oferta de, pelo menos, um produto plástico problemático. A China é o maior produtor de plástico do mundo e aprovou um plano de cinco anos para tratar a questão, precisamos disso no Brasil”, contou a executiva, que ainda ressalta que economia circular não é só reciclagem, mas, sim, apenas uma etapa.

Sylvio Rocha, CEO da Tocha Filmes, empresa que se dedica à produção de conteúdos de impacto com foco socioambiental, abordou sobre “O Futuro do Conteúdo na Agenda da Economia Circular”. Na ocasião, trouxe a linha do tempo das ondas de comunicação e as tendências para o futuro, como a avalanche de informações – um fator que contribui para o aumento do ruído - e a importância da qualidade na tomada de decisão; a luta das mídias sociais não mais por share of mind, mas por share of time; e o nascimento de um ecossistema para criadores de narrativas.

“A prática ideal é a data storytelling, que é a intersecção entre a linguagem visual, a narrativa e os dados confiáveis. A educação tem o poder de mudar essa realidade e uma forma é com conteúdos audiovisuais didáticos”, afirma.

Para encerrar a 2ª edição do TALKs, Thais Fagury, presidente executiva da Abeaço, destacou três palavras-chave sobre a economia circular: “ressignificar, colaborar, já que não fazemos nada sozinhos, e  coragem para mudar”.

Giovanna Felzener (giovanna.felzener@pressaporter.com.br)