O que podemos esperar da COP30 e quais são os desafios para cumprir seu papel na agenda global de sustentabilidade?
Piar Comunicação -
A COP30 acontece em um momento crítico para o futuro climático do planeta. O último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC)
* Por Maíra Lira Oliveira
Em 2025, o Brasil será o anfitrião da COP30, a Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que ocorrerá na região amazônica, oferecendo uma oportunidade histórica para o país consolidar sua posição de liderança na luta contra as mudanças climáticas. Mas o que podemos esperar dessa conferência e quais são os desafios que o país enfrenta para cumprir seu papel na agenda global de sustentabilidade?
A COP30 acontece em um momento crítico para o futuro climático do planeta. O último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) mostrou que, mesmo com os esforços globais, estamos em risco de ultrapassar o limite de 1,5°C de aquecimento global até 2030, se não houver uma ação urgente e coordenada. Em 2024, o ano mais quente já registrado, as temperaturas médias globais ultrapassaram esse limite, tornando mais urgente que as nações se comprometam com ações concretas para mitigar os impactos das mudanças climáticas.
Por isso, o Governo Brasileiro tem buscado posicionar a COP30 como uma plataforma para inovações no modelo de governança climática global. Entre as principais propostas estão a criação de um Conselho Climático da ONU, com o objetivo de fortalecer a coordenação internacional e a intensificação da mobilização de recursos para o financiamento de ações de adaptação e mitigação em países em desenvolvimento.
Além disso, o Brasil pretende integrar uma abordagem de justiça climática, com foco na inclusão das comunidades tradicionais e indígenas na governança ambiental. As populações que vivem na Amazônia, muitas vezes, são as primeiras afetadas pelos impactos da destruição da floresta e seu papel como guardiãs do meio ambiente é essencial para alcançar os compromissos climáticos globais.
Porém, apesar dessas ambiciosas propostas, o país enfrenta sérias contradições internas. O apoio à exploração de petróleo na região amazônica, a construção de grandes infraestruturas em áreas sensíveis, como a rodovia "Liberdade", e o aumento do desmatamento em algumas regiões, colocam em risco a credibilidade do país em seu papel de liderança ambiental. Esses pontos críticos precisam ser abordados com sensibilidade para não comprometer os compromissos assumidos internacionalmente.
Apesar dos desafios, o Brasil tem condições de aproveitar sua riqueza natural e seu potencial tecnológico para impulsionar soluções sustentáveis. A produção de hidrogênio verde, por exemplo, é uma área promissora, já que o país possui vastos recursos renováveis, como a energia solar e eólica, que podem ser utilizados para produzir combustíveis limpos para setores industriais e de transporte. Além disso, a inovação na aviação sustentável e no uso de bioenergia pode representar um avanço significativo nas metas de redução de emissões de carbono.
O país também possui expertise em agricultura sustentável e práticas de conservação que podem ser compartilhadas com outras nações, especialmente em um contexto de transição para uma economia de baixo carbono. As parcerias internacionais e o apoio à pesquisa científica são fundamentais para transformar essas oportunidades em ações concretas durante a COP30.
Outro ponto importante que deve ser abordado é o combate à desinformação sobre as mudanças climáticas. O governo brasileiro já anunciou sua adesão à Iniciativa Global para Integridade da Informação sobre Mudanças Climáticas, uma parceria com a UNESCO e a ONU, com o objetivo de fortalecer a confiança pública nas políticas climáticas. Isso se torna cada vez mais relevante em um cenário onde campanhas de desinformação podem prejudicar os esforços globais de conscientização e mobilização.
Por fim, vale reforçar que a COP30 será uma oportunidade única para o Brasil demonstrar sua capacidade de liderar a ação climática global. O sucesso do evento dependerá da habilidade do país em unir interesses ambientais, econômicos e sociais, para garantir um futuro mais sustentável para as próximas gerações.
*Maíra Lira Oliveira é Diretora Jurídica da Corning na América Latina e Caribe, uma das líderes mundiais em inovação da ciência de materiais que desenvolve produtos para as áreas de comunicações ópticas, eletrônicos móveis de consumo, tecnologias para displays, automóveis e ciências da vida.
Gabriela Calencautcy | PiaR Group (gcalencautcy@piarcomunicacao.com.br)