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A indústria brasileira tem intensificado os esforços para incorporar fontes renováveis de energia no processo produtivo

Percentual de empresas subiu de 34% para 48% em 2024. No Nordeste, 6 em cada 10 indústrias adotam ações voltadas ao uso de energia limpa


Com a urgência de combater as mudanças climáticas, a indústria brasileira tem intensificado os esforços para incorporar fontes renováveis de energia no processo produtivo. Em 2024, 48% das empresas afirmaram investir em ações ou projetos de uso de energia hídrica, eólica, solar, biomassa ou hidrogênio de baixo carbono, segundo pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

O percentual representa um salto significativo em relação a 2023, quando 34% das empresas indicaram iniciativas voltadas à geração de energia limpa. Os resultados integram pesquisa encomendada pela CNI à Nexus, que entrevistou 1 mil executivos de indústrias de pequeno, médio e grande porte de todos os estados brasileiros entre 24 de outubro e 25 de novembro de 2024.

“O aumento do interesse em investir em fontes de energia renováveis demonstra que o Brasil está na vanguarda da transição energética e reflete o compromisso crescente da indústria brasileira com a sustentabilidade. O avanço reforça a conscientização do setor sobre seu papel no enfrentamento das mudanças climáticas”, afirma Roberto Muniz, diretor de Relações Institucionais da CNI.

Entre as indústrias que investiram em programas ou ações para o uso de fontes renováveis de energia, a autoprodução foi a principal estratégia (42%). Elas buscaram, sobretudo, reduzir custos (50%).

Nordeste lidera a adoção de fontes renováveis

Regionalmente, o Nordeste se destaca como líder em termos de investimentos em projetos de energias renováveis. De acordo com o estudo, 60% das indústrias da região apostam em projetos de energia limpa. No Norte e Centro-Oeste, o índice é de 56%; no Sul, 53%; e no Sudeste, 39%.

Inovação é estratégica para a descarbonização

Aumentou também o número de indústrias que consideram a energia renovável e a inovação como estratégias para a descarbonização. Em 2024, 25% das empresas indicaram o uso de fontes renováveis como prioridade para reduzir emissões de gases de efeito estufa (GEE), um crescimento de 2 pontos percentuais em relação a 2023.

No quesito inovação, o avanço foi ainda mais expressivo: o percentual de empresas que priorizam a inovação tecnológica para descarbonização passou de 14% em 2023 para 20% em 2024.

Mais de 60% das empresas entrevistadas têm interesse em financiamento para adequação do maquinário para fins de descarbonização. Por outro lado, a 9 em cada 10 reclamam da falta de incentivo tributário para as ações de descarbonização industriais.

Brasil: uma posição privilegiada para energias renováveis

As características geográficas e climáticas colocam o Brasil em posição privilegiada na busca por um crescimento econômico sustentável. Mais de 90% da matriz elétrica brasileira têm origem em fontes renováveis, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).

As três maiores fontes renováveis da matriz elétrica nacional são: hídrica, eólica e biomassa. Entre as fontes não renováveis, destacam-se gás natural, petróleo e carvão mineral. No mundo, ainda há grande dependência de energias provenientes de fontes não renováveis.

Em 2024, pela primeira vez em 84 anos, as fontes de energia limpa responderam por 40,9% da geração global de eletricidade, segundo a Ember, think tank dedicado à energia. Em 1940, o sistema elétrico mundial era 50 vezes menor e a geração renovável se concentrava, basicamente, em hidrelétricas. O Brasil teve papel relevante ao se tornar o quinto maior produtor de energia solar do mundo, ultrapassando a Alemanha, considerada uma referência no setor. O mesmo estudo mostrou que os países mais impactados pelo aumento das temperaturas, como China e Índia, intensificaram o uso de fontes fósseis, especialmente carvão.

Sustentabilidade na produção industrial

De acordo com a CNI, as indústrias brasileiras implementam, em média, seis medidas de sustentabilidade. Entre as práticas mais comuns estão:

  • Redução da geração de resíduos sólidos (89%)
  • Otimização do consumo de energia (86%)
  • Modernização de maquinário para ganhos ambientais (81%)
  • Redução ou eliminação da poluição da água (79%)
  • Otimização do uso da água (79%)
  • Aperfeiçoamento dos processos produtivos para melhorar o desempenho ambiental (77%)

Em relação à logística reversa, 70% das médias e grandes indústrias já desenvolvem ações. Empresas que fabricam produtos no Brasil têm responsabilidade compartilhada com governos e cidadãos para evitar o desperdício.

Para 83% dos entrevistados que investem em práticas e projetos em economia circular, as iniciativas contribuem diretamente para a redução de GEE. 

Jornalismo - CNI (sistemas@comuniquese3.com.br)    

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