Hidrogênio de Baixo Carbono ainda é uma solução viável para o desperdício de energia renovável no Brasil
Duarte Produções -
A ABHAV Associação Brasileira de Hidrogênio e Amônia Verdes entregou nota técnica à ANEEL, MME, ONS e Congresso Nacional referente à Medida Provisória
ABHAV afirma que mesmo com o atual custo elevado de produção, o Hidrogênio de Baixo Carbono ainda é uma solução viável para o desperdício de energia renovável no Brasil. A entidade encaminhou no início desta semana, uma Nota Técnica à ANEEL, MME, ONS e Congresso Nacional, em que detalha sua sugestão de emenda à Medida Provisória Nº 1.300, de 21 de maio de 2025. As propostas visam o uso produtivo da energia renovável desperdiçada no Brasil por conta do chamado curtailment — a limitação da geração imposta pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Atualmente, a regulação brasileira não permite o uso local da energia excedente para fins produtivos, como a geração de hidrogênio verde, mesmo quando não há injeção na rede elétrica nacional (SIN). A ABHAV defende que a utilização controlada dessa energia, especialmente em polos industriais próximos às usinas, poderia reduzir o desperdício, aliviar o grid e impulsionar a economia do hidrogênio verde no Brasil. Segundo Leando Borgo, presidente do conselho da ABHAV, "De agosto de 2023 até hoje, alguns geradores vêm sendo cortados em até 75%. Com o barateamento dos eletrolisadores que vem acontecendo paulatinamente, considerando que a energia limpa corresponde a 60 a 70% do custo do Hidrogênio, a utilização do descarte por curtailment, vale a pena, não apenas para o meio ambiente, como financeiramente."
O documento enviado aos organismos no último dia 27 de maio traz dados preocupantes: em 2024, segundo a Volt Robotic, 14,6 terawatts-hora (TWh) de energia solar e energia eólica deixaram de ser gerados no país devido a cortes operacionais - isso sem contar com o desperdício da energia hidrelétrica. “Estamos perdendo uma oportunidade estratégica de transformar energia limpa desperdiçada em um ativo industrial de alta demanda global”, destaca Borgo.
A entidade propõe a criação de zonas regulatórias-piloto em regiões com alto índice de curtailment, como o Nordeste, e a revisão das normas da ANEEL para permitir o uso local da energia cortada em projetos de hidrogênio verde. A ideia é que essa energia seja utilizada de forma controlada, previsível e sem retorno ao SIN, respeitando os critérios de estabilidade do sistema elétrico.
Entre os impactos esperados pela medida estão:
- Redução do desperdício de energia renovável;
- Estabilização do sistema interligado nacional (SIN);
- Estímulo à cadeia produtiva do hidrogênio verde;
- Geração de empregos e inovação tecnológica.
A nota técnica aponta ainda o fato de a Medida Provisória do Setor Elétrico de 2025 não ter abordado esse tema e cobra ação coordenada entre o Congresso Nacional, ANEEL, ONS e MME para destravar esse potencial.
Silvia Rossetto (silvia@duarteproducoes.com.br)