Lançamento de novas chamadas públicas do Programa Mobilidade Verde e Inovação - Mover
Jornalismo - CNI -
Evento discutiu avanços e desafios do setor diante da transformação digital, da inteligência artificial e da agenda de sustentabilidade
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) realizou, nesta segunda-feira (26), em Brasília, o Dia da Indústria, marcado por debates e anúncios para o futuro da indústria brasileira. Um dos destaques foi o lançamento de novas chamadas públicas do Programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover), que prevê R$ 319 milhões em investimentos para projetos de inovação, sustentabilidade e competitividade no setor automotivo nacional.?
O evento reuniu?autoridades dos três poderes, como os presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta; e do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso; o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski; o ministro da Defesa, José Múcio; além de lideranças empresariais e representantes do governo.?
? Desafios internos e cenário internacional?
Na abertura, o presidente da CNI, Ricardo Alban, destacou a importância da indústria para o desenvolvimento do país e alertou sobre os impactos da redução da jornada de trabalho. Segundo ele, “nossos estudos apontam que o aumento de custos pode chegar a R$ 88 bilhões por ano apenas no setor industrial e a R$ 260 bilhões por ano se forem considerados todos os setores da economia”. E reforçou: “Sem aumento significativo na produtividade não é possível pensar em redução da jornada de trabalho”.
Ele também criticou o excesso de gastos públicos e a taxa básica de juros do país, atualmente em 14,75% ao ano: “Temos que encarar de frente a questão dos gastos públicos, da insegurança jurídica. Temos que abordar com responsabilidade a taxa de juros abusiva, que corrói a economia”.
Sobre o cenário externo, Alban mostrou preocupação com as recentes medidas adotadas pelos Estados Unidos. “Neste momento, estamos atentos e agindo para enfrentar as recentes medidas comerciais anunciadas pelos EUA. Essa guerra tarifária balançou a economia mundial. Desde os primeiros anúncios, temos empenhado esforços para evitar extremismos e defender a manutenção do diálogo junto a esse importante parceiro comercial.”
Em relação à China, Ricardo Alban defendeu mais protagonismo da indústria brasileira. “O estreitamento do comércio com esse parceiro precisa vir acompanhado de um protagonismo da nossa indústria de transformação, que hoje está em enorme desvantagem na balança comercial. A indústria manufatureira é a responsável por desenvolver e disseminar tecnologia no país e pelos maiores investimentos e salários”, afirmou.
Na agenda ambiental, Alban afirmou que o novo marco do licenciamento ambiental, aprovado pelo Senado e em análise na Câmara, é “um passo importante para modernizar a gestão ambiental, trazendo mais eficiência, previsibilidade e segurança jurídica ao processo”.
Na área climática, apresentou a Sustainable Business COP (SB COP), iniciativa da CNI que visa estruturar a representação empresarial nas negociações climáticas, nos moldes do G20 e BRICS, para levar contribuições do setor privado à COP30, que será realizada em Belém (PA), em novembro de 2025.
Finalizando, Ricardo Alban declarou: “Não queremos mais ouvir falar, como há décadas: ‘O Brasil é o país do futuro’. O que queremos é encher o peito e simplesmente poder dizer: ‘O Brasil encontrou o caminho e vamos trabalhar’.”
Em sintonia com essa visão de urgência e ação, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, reforçou a necessidade de inovação e competitividade para que o país não fique para trás:?
“Perder o bonde da história e da Revolução Industrial 5.0 é estar fadado ao atraso econômico, à dependência excessiva dos mercados internacionais e à estagnação. É imperativo, portanto, investir em pesquisa, desenvolvimento e capacitação para que nossas empresas possam competir em igualdade de condições com corporações de outros países”.
Regulamentação da inteligência artificial no centro do debate?
A programação contou ainda com uma palestra magna do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, que abordou os desafios e os caminhos para a regulamentação da inteligência artificial (IA) no Brasil.?
Barroso alertou para a velocidade da transformação tecnológica e a necessidade de uma regulação capaz de proteger direitos fundamentais e a democracia. Segundo ele, “a dificuldade de se regular a inteligência artificial é a velocidade da transformação. O telefone fixo levou 75 anos para chegar a 100 milhões de usuários. O telefone celular, 16 anos. A internet, 7 anos. O ChatGPT chegou a 100 milhões de usuários em 2 meses. Portanto, essa é a velocidade da transformação no mundo que nós estamos”.?
Ao comentar os esforços do Congresso Nacional na construção de um marco legal para a IA, o ministro reconheceu os avanços, mas reforçou os desafios que ainda estão colocados.
“O presidente Hugo Motta acabou de lembrar que já há um projeto em tramitação e que o deputado Agnaldo Ribeiro vai ser o relator, mas é muito difícil regular. É preciso regular para proteger de direitos fundamentais, é preciso regular para proteger a própria democracia, é preciso regular para ter uma governança minimamente transparente e supervisão humana sobre o que seja importante. Mas qual é a grande dificuldade de regular? É a velocidade da transformação”, apontou.?
Programa Mover destina R$ 319 milhões para fortalecer inovação no setor automotivo?
O Programa Mover, desenvolvido em parceria entre o MDIC, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), tem papel estratégico no fortalecimento da indústria automotiva, especialmente no desenvolvimento de soluções para mobilidade de baixo carbono.?
Do total, mais de R$ 190 milhões serão aportados pelo SENAI, focados em projetos estruturantes, consultorias para produtividade e digitalização, além da capacitação de profissionais para atender às demandas da mobilidade do futuro.?
Painéis discutem mobilidade e política industrial no cenário global?
O primeiro painel debateu?os avanços do Programa Mover, os impactos e oportunidades para a cadeia automotiva, reunindo representantes do MDIC, da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), da Embrapii e do SENAI.?
O segundo painel discutiu o papel da política industrial no contexto de transformações globais, com participação do vice-presidente Geraldo Alckmin; do ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias; do secretário de Promoção Comercial, Ciência, Teconologia, Inovação e Cultura do Ministério das Relações Exteriores, Laudemar Gonçalves de Aguiar Neto; do vice-presidente da Siemens Energy e coordenador da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), André Clark Juliano; e do vice-presidente da CNI e presidente da Fibrasa, Léo de Castro.?
“Temos que ter obsessão por custo. Obsessão por custo. Tem competitividade. A gente vai comprar um produto, porque ele é mais barato se tiver a mesma tecnologia. É preço. Por que que a China voou? Produz mais barato”, disse Alckmin. Ele também falou sobre a importância da reforma tributária para destravar o investimento e das políticas de transição verde, como a produção de hidrogênio de baixo carbono e de combustível sustentável de aviação (SAF).
Ordem do Mérito Industrial encerra as celebrações?
O evento foi encerrado com a cerimônia de entrega da Ordem do Mérito Industrial, que reconhece empresários, personalidades e autoridades que contribuem de forma relevante para o desenvolvimento da indústria brasileira.?
Jornalismo - CNI (imprensa@cni.com.br)