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Produção industrial avançou 1,2% na passagem de fevereiro para março

Apesar da surpresa positiva de março, a indústria apresentou baixo dinamismo no 1º trimestre do ano


A produção industrial avançou 1,2% na passagem de fevereiro para março, após ficar estável no mês anterior, dados com ajuste sazonal. Com esse resultado, a produção industrial interrompe uma sequência de cinco meses consecutivos de fraco desempenho.

· Entre os setores, 16 dos 25 ramos pesquisados apresentaram aumento na produção no mês. As influências positivas mais importantes foram assinaladas por coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (+3,4%), indústrias extrativas (+2,8%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (+13,7%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (+4,0%). Por outro lado, entre as nove atividades que apontaram queda na produção, produtos químicos (-2,1%) e produtos alimentícios (-0,7%) exerceram os principais impactos negativos.

· No 1º trimestre de 2025 em comparação ao trimestre anterior, a produção industrial exibiu leve crescimento de 0,1%.

· O aperto monetário, as condições financeiras restritivas, a elevada incerteza global e a expectativa de desaceleração gradual da atividade devem continuar impactando o setor ao longo de 2025. Por outro lado, medidas do governo voltadas ao estímulo da demanda, como a liberação de recursos do FGTS e o crédito consignado privado para trabalhadores com carteira assinada, constituem vetores altistas para a atividade em 2025.

·  A Fiesp projeta crescimento de 1,3% da produção industrial neste ano, após alta de 3,1% observada em 2024.

Análise de desempenho

A produção industrial cresceu 1,2% em março, após ficar estável em fevereiro, considerando dados sem efeitos sazonais. O resultado veio acima da projeção da Fiesp e da expectativa do mercado, ambas de crescimento de 0,3%. Esse desempenho foi influenciado pelo crescimento da indústria de transformação (+0,9%) e pelo aumento da indústria extrativa (+2,8%). Com esse resultado, a produção industrial interrompe uma sequência de cinco meses consecutivos de fraco desempenho. Em comparação com março de 2024, houve aumento de 3,1% da produção industrial. Na variação acumulada em 12 meses, também é registrada alta de 3,1%, ritmo de crescimento mais forte que o observado em fevereiro nessa mesma métrica (+2,6%) 

O resultado da atividade industrial na passagem para março foi influenciado pelo aumento na produção de 16 dos 25 setores pesquisados. As influências positivas mais importantes foram assinaladas por coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (+3,4%), indústrias extrativas (+2,8%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (+13,7%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (+4,0%). Por outro lado, entre as nove atividades que apontaram queda na produção, produtos químicos (-2,1%) e produtos alimentícios (-0,7%) exerceram os principais impactos negativos.

Em relação às grandes categorias econômicas, na comparação com fevereiro e sem influências sazonais, bens de consumo duráveis (+3,8%) e bens de consumo semi e não duráveis (+2,4%) mostraram os resultados positivos mais expressivos em março. O setor produtor de bens intermediários (+0,3%) também assinalou crescimento. Por outro lado, o segmento de bens de capital, ao recuar 0,7%, apresentou a única variação negativa no mês.

Com os últimos resultados, a produção industrial apresentou leve alta de 0,1% no 1º trimestre de 2025, após estabilidade observada no 4º trimestre de 2024, ambos em comparação com o trimestre imediatamente anterior, considerando dados com ajuste sazonal. Nessa mesma métrica, a indústria de transformação registrou queda de 0,1%, enquanto a indústria extrativa apresentou aumento de 1,0%

Análise do cenário pela Fiesp

Apesar da surpresa positiva em março, a indústria geral manteve um ritmo fraco de crescimento no 1º trimestre de 2025, continuidade de uma tendência já observada nos últimos meses de 2024. Após ficar estável no 4º trimestre de 2024, a produção industrial apresentou leve aumento de 0,1% no 1º trimestre de 2025. Esse cenário de baixo dinamismo é reforçado pelos resultados recentes do Índice de Confiança da Indústria de Transformação do Ibre/FGV, que registrou queda acumulada de 1,7 ponto entre janeiro e abril de 2025 e atualmente se encontra no patamar de 98,0 pontos  Os últimos resultados da Sondagem da Indústria têm confirmado o cenário de cautela dos empresários industriais diante do aumento da incerteza global, do pessimismo em relação à demanda externa, do aumento dos juros domésticos e da expectativa de desaceleração gradual da atividade econômica brasileira, sobretudo no segundo semestre.

O 1º trimestre de 2025 foi caracterizado por um ambiente externo mais adverso, principalmente devido à elevação da incerteza econômica nos Estados Unidos e ao aumento da incerteza do comércio mundial (Figuras 1a e 1b), em contexto marcado pelo tarifaço americano, pela reação das demais economias e pela escalada da preocupação dos agentes econômicos no que diz respeito aos potenciais efeitos macroeconômicos de tais mudanças. Nesse sentido, a intensificação da guerra tarifária tem sido o evento mais marcante desde a crise financeira de 2008 e a pandemia da COVID-19. Essa nova fase do protecionismo tem gerado profundas mudanças na geopolítica econômica internacional. Mesmo no cenário mais “otimista” – com tarifas médias de 10% – as consequências da elevação tarifária sobre o comércio e o crescimento global são considerados profundamente negativos. Nesse contexto, o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu a projeção para o crescimento do PIB mundial em 2025 de 3,3% em janeiro para 2,8% em abril. 

Dessa forma, esse cenário externo mais adverso corresponde a um desafio adicional para a atividade industrial e, em especial, para setores que eventualmente sejam diretamente afetados pelas tarifas. Além do possível impacto direto da aplicação de tarifas, o setor industrial pode ser afetado pela menor demanda externa diante da desaceleração do crescimento global, e pelos efeitos negativos sobre os investimentos financeiros e produtivos devido ao elevado nível da incerteza global.

Apesar do bom desempenho esperado para a atividade brasileira no 1º trimestre desse ano, em grande medida devido à contribuição positiva da agropecuária, que deverá apresentar forte resultado da safra de grãos no início do ano – com crescimento das principais colheitas, como soja e milho – o ano como um todo deverá ser marcado pela perda de fôlego da atividade. Diante desse cenário, a Fiesp projeta crescimento de 2,0% para o PIB da economia brasileira em 2025, após alta de 3,4% em 2024. 

Seguindo a mesma tendência da economia, a atividade industrial – setor altamente cíclico - também deverá desacelerar no ano, em consequência, sobretudo, da política monetária contracionista em um ambiente marcado por condições financeiras já restritivas. O patamar elevado das taxas de juros – tanto internacionais quanto domésticas – é o principal fator que tem contribuído para a manutenção das condições financeiras em terreno restritivo. Soma-se a esse cenário o aumento da incerteza global e a expectativa de desaceleração gradual da atividade econômica brasileira, que deverá ficar mais evidente no segundo semestre. 

O Gráfico 4 apresenta o Indicador Antecedente da Indústria de Transformação (IAT), elaborado pela Fiesp, que tem como objetivo antecipar os ciclos de expansão e desaceleração da produção da indústria de transformação brasileira. Historicamente, o índice antecipou a trajetória futura da produção do setor com ao menos 6 meses de antecedência, em média. Como é possível observar, o IAT corrobora o cenário esperado de arrefecimento da atividade industrial no ano. 

Contudo, as medidas do governo federal voltadas ao estímulo da demanda, como a liberação de recursos do FGTS para trabalhadores demitidos que realizaram o saque aniversário - da ordem de R$ 12 bilhões - e a criação do crédito consignado privado para trabalhadores com carteira assinada, com linhas de empréstimos com juros mais baixos, constituem vetores altistas para a atividade em 2025.

Nesse contexto, a Fiesp mantém a projeção de crescimento de 1,3% para a produção industrial em 2025, após avanço de 3,1% em 2024.


Federação das Indústrias do Estado de São Paulo - Fiesp

Assessoria de Jornalismo Institucional

Tels. (11) 3549-4203 / 4602

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