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Sustentabilidade e o mercado de créditos de carbono têm se desenvolvido muito ao longo de 2023

Por Andrea Cominato, diretora de marketing & sustentabilidade do Grupo New Space


A sustentabilidade e o mercado de créditos de carbono têm se desenvolvido muito ao longo de 2023. Após o lançamento do programa BNDES Créditos de Carbono, da criação da 1ª bolsa de créditos de carbono do mundo, a B4, e do anúncio de que o Tocantins se tornou o primeiro estado brasileiro e um dos pioneiros no mundo a comercializar ativos desse tipo, vemos um cenário ainda mais promissor se desenhar à nossa frente. Na semana passada, nos deparamos com a notícia de que o Banco do Brasil (BB) adquiriu 5 mil créditos de carbono do Projeto Envira Amazônia e comercializou com o Standard Chartered Bank, adicionando um novo – e especial – capítulo à história da sustentabilidade no Brasil.

O mercado global de créditos voluntários de carbono atingiu a marca de US$ 2 bilhões em 2022 e, com base em estimativas da consultoria Way Carbon, especializada nesse segmento, o Brasil é um dos mercados com maior potencial, com possibilidade de que o País alcance a expressiva cifra de US$ 20 bilhões até 2030. Como profissional atuante da área, é impossível não celebrar notícias como essas. No entanto, temos consciência de que ainda há muito trabalho a ser feito. O mercado de crédito de carbono opera de maneira semelhante a qualquer outro mercado de crédito, mas com um diferencial crucial: a moeda de troca é a não emissão ou a remoção de CO² da atmosfera, o que o torna uma ferramenta vital na luta contra as mudanças climáticas.

O Brasil, abençoado com condições naturais únicas, concentra 15% da capacidade global de captura de carbono. Além disso, o custo brasileiro para desenvolver e implementar projetos de alta qualidade para obtenção desses créditos é notavelmente inferior e mais competitivo do que a média global. Especialistas enfatizam a importância de, inicialmente, seja realizado um trabalho de preservação para ampliar a capacidade de captura de carbono e, posteriormente, recuperar áreas que foram desmatadas. Isso abre caminho para um potencial significativo na geração de créditos para venda, o que beneficia a economia e, claro, o meio ambiente.

Mas não basta apenas compensar as emissões adquirindo créditos de carbono. Outro ponto que destaco é aumento do compromisso das empresas em relação à diminuição dessas liberações. De acordo com um estudo da McKinsey, 77% das 80 principais companhias atuantes no Brasil já estabeleceram metas de redução de emissões, um número expressivo e que continua a crescer. E, quando penso em metas de redução, sempre faço questão de destacar o CDP (Carbon Disclosure Project), considerada a maior e mais importante iniciativa mundial de monitoramento, gestão e divulgação de informações relacionadas às mudanças do clima e outros aspectos da gestão em prol do meio ambiente. Vale destacar que, em 2023, o CDP atingiu um recorde, com mais de 23.000 empresas e órgãos governamentais divulgando seus dados, o que demonstra o comprometimento crescente com a transparência e a responsabilidade ambiental.

O crescimento constante ano a ano de iniciativas como as mencionadas neste artigo reforça a ideia de que a sustentabilidade deixou de ser uma simples escolha para se tornar um componente essencial do sucesso a longo prazo no cenário empresarial. É uma oportunidade para o Brasil liderar a transição global para uma economia mais sustentável, aproveitando seu potencial para a captura de carbono e promovendo a redução de emissões. À medida que o mercado de créditos de carbono cresce, há espaço para inovação, colaboração e crescimento econômico, ao mesmo tempo em que se contribui para a preservação do planeta.

Gabriel Cruz - New Space <gabriel.cruz@newspace.com.br>

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