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2023 está longe de ser um ano fácil na indústria automotiva

Conclusão é da pesquisa Cenários para a Indústria Automobilística, feita por AB em parceria com a Roland Berger


Giovanna Riato

Entre crise de semicondutores, escassez de crédito e desafios à produtividade das montadoras, 2023 está longe de ser um ano fácil na indústria automotiva. Mas há empresas melhor posicionadas para gerar resultados até mesmo no contexto adverso: a Stellantis, no segmento de leves, e a Volkswagen Caminhões e Ônibus (VWCO), entre os pesados.

Essa é a análise dos mais de 260 executivos e executivas do setor que participaram da 10ª edição da pesquisa Cenários para a Indústria Automobilística, realizada por Automotive Business em parceria com a Roland Berger. Dos respondentes, 29% ocupam posição de presidência, vice-presidência ou diretoria. Com isso, o levantamento traz a visão da alta liderança.

As conclusões da pesquisa foram apresentadas durante o  Up Next, evento on-line promovido por Automotive Business no fim de abril.

Entre os leves, Stellantis lidera, mas BYD ganha visibilidade

Questionados sobre as montadoras melhor preparadas para encarar os desafios do mercado de veículos leves em 2023, os respondentes indicaram a Stellantis em primeiro lugar. A companhia seria a mais capaz de acelerar o crescimento ao longo do ano e também de desenvolver novos modelos de negócio.

A Toyota é a segunda empresa mais bem avaliada pelos respondentes, com destaque para o alto potencial de introduzir novas tecnologias no mercado nacional. Curiosamente, a empresa que aparece em terceiro lugar nesse ranking está longe de ser uma montadora tradicional, como General Motors e Volkswagen. Trata-se da entrante do mercado brasileiro BYD.

“O mercado percebe a entrada de novos competidores e o aumento da oferta de eletrificação como movimentos que vão impulsionar o setor automotivo em 2023”, observa Cristiano Doria, sócio da Roland Berger.

Segundo o especialista, empresas como a BYD geram preocupação entre marcas estabelecidas e grande expectativa no segmento, já que ainda é difícil dizer como a aceitação do consumidor vai evoluir.

Nos pesados, VWCO é destaque 

Entre as fabricantes de veículos pesados, a VWCO é a considerada a melhor preparada para atuar em 2023 pelos respondentes da pesquisa, seguida pela Mercedes-Benz e pela Volvo. Quase 50% dos entrevistados esperam retração para o segmento este ano.

Nesse cenário, os grandes vilões são as rupturas na cadeia de suprimentos, com a falta de itens como semicondutores, além da escassez de crédito, que dificulta o acesso de potenciais compradores a novos caminhões e ônibus.

Se falta volume, empresas focam no lucro

O levantamento concluiu que as expectativas de crescimento mais robusto do mercado automotivo brasileiro ficam apenas para depois de 2026. Até lá, as empresas focam em manter a lucratividade na região.

“A redução da ociosidade das fábricas ainda é um desafio. Há melhora na comparação com o ano passado, mas a base é fraca. O aumento dos custos e as quebras de fornecimento impedem que voltamos aos níveis pré-crise”, analisa Doria.

Com base nos dados da pesquisa, ele indica também que há certa expectativa da indústria automotiva de que o governo se empenhe para melhorar a taxa de juros e, consequentemente, a oferta de crédito. Além disso, o segmento mantém a aspiração de conquistar algum tipo de fomento às novas tecnologias, como a eletrificação.

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