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Montadoras querem produzir mais no 2º semestre

Falta de componentes ainda atrasa os pedidos realizados por frotistas e clientes pessoa física


Bruno de Oliveira, AB

Acabou o primeiro semestre do ano, período marcado por forte oscilação do fluxo de produção nas linhas instaladas no país, uma situação agravada pela escassez de chips eletrônicos no mercado global. As montadoras acreditam que há demanda, apesar do quadro de crédito restrito, e por isso tudo o que desejam no segundo semestre é, justamente, poder produzir mais.

"Mesmo que a restrição seja forte, com aprovação de pouco mais de quatro pedidos de financiamento em cada 10 realizados, a demanda existe, o problema é a oferta. Vimos no primeiro semestre uma mudança no perfil da demanda, com mais vendas sendo realizadas com pagamento à vista, tanto na pessoa física quanto na jurídica", disse o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite.

Para dar uma dimensão do apetite da demanda no mercado, o representante das fabricantes afirmou, em transmissão on-line realizada na sexta-feira, 8, que estão represados nas mãos das montadoras 600 mil veículos pedidos pelas locadoras, que aguardam a manufatura das unidades para renovarem suas frotas.

Se as fabricantes irão atender a esta demanda ainda este ano, ainda não se sabe e nem as fabricantes se arriscam a projetar um desfecho de maneira assertiva. Por ora, o que há é a torcida para que sim. "Esperamos um segundo semestre melhor do que o primeiro, com um fluxo de produção mais contínuo do que aquele que vimos no primeiro", contou Leite.

De janeiro a junho foram feitos 1,09 milhões de automóveis comerciais leves, caminhões e ônibus no Brasil, volume 5% inferior ao de intervalo equivalente de 2021. Apenas no mês passado a produção somou 203,5 mil unidades, em queda de 1,1% sobre maio e de evolução de 21,5% em relação ao mesmo mês do ano passado.

Saúde financeira

O presidente da Anfavea também falou um pouco sobre a situação financeira das operações das montadoras. O quadro geral seria em linhas gerais melhor do que aquele visto em 2020, quando todas apresentaram problemas de caixa para manter a produção local. Por outro lado, segundo Leite, segue menor o fluxo de empréstimos intercompany, quando as matrizes enviam os recursos.

"O que tenho percebido é que os volumes de empréstimos, que antes eram maiores, hoje foram traduzidos em investimentos de médio-prazo na operação local", contou o presidente da Anfavea. "Os recursos hoje são movimentados a conta gotas."

Lítio brasileiro

O representante da Anfavea também informou que a entidade está próxima das discussões a respeito da extração de minerais no Brasil que são utilizados também para a produção de baterias de veículos elétricos. Representantes da entidade, inclusive, estiveram presentes em áreas de mineração localizadas na região do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, para conhecer o processo local.

"Existe um grande problema de comunicação. As matrizes não sabem que temos este material aqui, precisamos comunicar isso porque é o que elas estão precisando no momento", disse Leite, que defende a produção local do componente por meio de políticas públicas. 

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