Automotive & Mobility Marketing Experience 2022
Automotive Business -
Executivos de marketing das empresas participaram de debate no AMME, evento de marketing realizado por AB
A indústria automotiva vive uma fase de transformação no mundo inteiro. A crise dos semicondutores, que afeta o setor desde o começo da pandemia, e a eletrificação são alguns dos temas que forçaram muitas empresas a se reinventarem, repensando o relacionamento com o consumidor.
Esses assuntos estiveram na pauta de um dos painéis do #AMME - Automotive & Mobility Marketing Experience 2022, evento realizado por Automotive Business na última segunda-feira, 28, no Golden Hall do Sheraton WTC em São Paulo (SP).
“Estamos passando por anos complexos do ponto de vista de produto por conta de pandemia, crise de semicondutores e a guerra. Hoje temos valores alinhados com a sociedade e, pensando em marketing, a gente foca menos em performance e concentra os esforços na construção da imagem da marca”, analisou Rafael Ugo, CMO da Volvo Car Brasil.
A empresa, que manteve a vice-liderança do segmento premium conquistada em 2020, é uma das maiores entusiastas da eletrificação. Além de financiar a construção de pontos de recarga nas principais cidades do país, a Volvo anunciou em 2021 que só venderia modelos híbridos e elétricos no Brasil.
“Não nos vemos como um agente da indústria, e sim como um transformador do setor como um todo”, disse Ugo.
Quem também participou do painel foi Frederico Battaglia. O CMO da Stellantis Latam lembrou que problemas sérios como a infraestrutura precária e a falta de incentivos governamentais dificultam uma projeção de eletrificação para o Brasil.
“Na Europa nossa linha será 100% elétrica até 2030 e nos EUA essa proporção é de 50%. Só que no Brasil ninguém sabe (a porcentagem de eletrificação na gama) porque depende de outros fatores. Certamente temos oportunidades no país porque metade da nossa matriz energética é renovável eee também existem muitas oportunidades com etanol em nossa região. O que não podemos abrir mão é da briga pela vida do planeta”, ressaltou.
Indústria segue firme
Diante de um cenário em que os carros elétricos ganham importância e de busca por soluções mais sostentáveis do que veículos a combustão, muita gente acredita que a indústria automotiva tradicional perde relevância.
Para Ugo, muitos jovens não têm interesse em dirigir porque “não se sentem atraídos pela imagem que o carro transmite hoje”. Mesmo assim, ele não acredita em uma eventual decadência do setor.
“O carro nasceu há cem anos como símbolo de liberdade e virou um ‘vilão’ por conta dos poluentes e da segurança. Na Volvo, reconhecemos que fazíamos parte do problema e buscamos as soluções. O brasileiro ama carro e existe uma paixão por esse produto. E nesse contexto, valorizar os aspectos emocionais da marca e do produto é a sacada para que as pessoas se segurem no que a gente oferece. Não sou daqueles que acreditam que o carro vai acabar, mas eu acho que a indústria vai se adaptar. Ela não vai morrer, e sim se perpetuar por muitos anos”, ponderou.
O discurso foi endossado por Battaglia, da Stellantis.
“Muita gente usa os aplicativos de transporte e esses serviços utilizam carros, e não helicópteros. Não há nada melhor do que se locomover com a comodidade do seu automóvel, com a música que você quer ouvir, a temperatura que deseja, etc.”, reforça.
Mudança também é de mentalidade
Independente do cenário nos diferentes mercados do mundo, além de uma mudança estratégica, os investimentos na eletrificação da frota passam por uma alteração radical na mentalidade de todos os agentes envolvidos na indústria automotiva - inclusive os clientes.
“Hoje as pessoas discutem o preço da gasolina, mas alguém sabe o valor do kWh? Para mim essa mudança de carro a combustão para elétrico não é simplesmente uma mudança de produto, e sim de comportamento. É preciso explicar e desmistificar uma série de percepções, como preço e autonomia. Tudo isso faz parte do marketing e é necessário entender eventuais mudanças de comportamento que levam tempo. A partir do momento em que a gente conseguir entender essas percepções, chegaremos lá”, concluiu Ugo.