Publicidade

Grupo Stellantis apura no Brasil e na América do Sul um de seus melhores desempenhos globais

Em seu primeiro ano, grupo comemora bons resultados e lucro na América do Sul


Pedro Kutney, AB

Em seu primeiro ano de existência após a fusão entre FCA e PSA, o Grupo Stellantis apurou no Brasil e na América do Sul um de seus melhores desempenhos globais, devendo fechar 2021 com lucratividade (no primeiro semestre o lucro operacional registrado foi de € 326 milhões equivalente a margem de 6,6% sobre o faturamento) e mais de 800 mil veículos vendidos na região, acima de 600 mil deles só no mercado brasileiro, onde quatro marcas da empresa – a líder Fiat à frente de Jeep, Peugeot e Citroën – tomaram 32% das vendas este ano. Para Antonio Filosa, presidente da operação sul-americana, isso foi só o começo, ele prevê que é possível ir mais além em 2022.

“Não vejo porque pensar em um mercado no Brasil menor do que 2,4 milhões [de veículos leves] em 2022, que nasce melhor do que 2021; e nós plantamos as sementes para crescer mais com todos os lançamentos que fizemos e ainda vamos fazer”, avalia Antonio Filosa.

O executivo credita parte do bom desempenho a uma administração mais eficiente da falta global de semicondutores, o que permitiu parar menos e produzir mais do que os concorrentes. “Somente por causa desse fator nós ganhamos de 2 a 2,5 pontos porcentuais de market share este ano”, destaca Filosa. “E com os lançamentos podemos manter esse ganho em 2022”, prevê. 

Retorno da produção ao “perto do normal”, fim do layoff em Betim
Para Filosa, há “sinais claros” para justificar seu otimismo. Apesar do cenário econômico e político desfavorável, com possível recessão e aumento da volatilidade causado pelo ano eleitoral, Filosa aposta que a demanda por veículos vai seguir em alta no País. Mais que isso, será possível atender melhor os pedidos com alguma normalização já sentida do fornecimento de semicondutores.

Nesse sentido, ele cita que no começo de dezembro a fábrica de Betim (MG) já conseguiu trazer de volta ao trabalho 970 dos 1,8 mil funcionários que estavam afastados desde o início de outubro em layoff que deveria se prolongar por três meses. “Todos devem voltar em breve porque estamos retomando o ritmo de produção perto do normal [em dois turnos] mais cedo do que prevíamos”, afirma Filosa.

“O problema da falta de semicondutores não terminou, mas está melhorando, porque muitos fornecedores estão se esforçando para aumentar a produção e, por outro lado, as montadoras também estão encontrando fórmulas para contornar o problema”, explica. 

Produtos para sustentar o terreno conquistado
Para aproveitar a lacuna deixada pela concorrência, a Stellantis também tinha os produtos desejados a oferecer. Filosa destaca o sucesso das renovações da picape Fiat Toro e do SUV Jeep Compass no início de 2021, seguidas por dois dos mais aguardados lançamentos do ano, o Jeep Commander de sete assentos, o modelo mais sofisticado da marca produzido no País, e do primeiro SUV Fiat, o Pulse. Ambos têm filas de espera e entraram ainda timidamente na contabilidade de vendas. 

“Teremos mais novidades em 2022 para sustentar nossa liderança, com a introdução de novas versões de modelos e tecnologias, além de lançamentos como o novo Citroën C3 e mais um SUV Fiat”, diz o presidente da Stellantis América do Sul, referindo-se ao Progetto 376, um utilitário esportivo pouco maior que o Pulse, esperado para o fim do primeiro trimestre.

Graças aos reajustes praticados e colocação no mercado de um mix de produtos de maior valor agregado, a Stellantis vem conseguindo compensar parte da desvalorização cambial, um dos maiores inimigos do lucro de companhias multinacionais. No terceiro trimestre (dado mais recente disponível), o faturamento líquido de € 2,5 bilhões na América do Sul cresceu 43% em relação ao mesmo período de 2020, o maior avanço porcentual de receitas de toda as cinco regiões de atuação do grupo, colocando a divisão sul-americana como a terceira maior, apesar de ser a menor em volumes de unidades vendidas. 

Sinergias da fusão e investimentos
“As sinergias são o alicerce que criou a Stellantis a partir de duas empresas com fortes posições financeiras, que juntas têm oportunidades de ampliar seus ganhos e gerar mais recursos para investir no futuro da companhia”, destacou Filosa, ao comentar como foi o primeiro ano dessas sinergias na região que dirige. 

No começo de 2021 foram traçados os primeiros planos para aproveitar as oportunidades trazidas pela fusão na América do Sul, alinhados com a direção global da Stellantis. Segundo Filosa, inicialmente foram criados 120 projetos de sinergias que se multiplicaram por dois ao longo dos meses seguintes. “Alguns projetos morreram, mas temos um maior número de iniciativas que estão dando certo do que as que não deram”, garante.

“Hoje temos mais recursos para aplicar no futuro da operação. Se queremos crescer mais, também temos de investir mais. Por isso somos hoje um dos fabricantes que mais lança produtos”, diz Filosa. Atualmente a Stellantis aplica programa de investimentos de R$ 16 bilhões que foi iniciado pela FCA em 2019 e será estendido até 2025, envolvendo desenvolvimento de produtos, lançamentos e expansões/modernizações industriais.

Um dos projetos bem-sucedidos é a nova linha de produção de motores turbo GSE 1.0 e 1.3 que entrou em operação no começo de 2021 em Betim, um investimento que começou a ser executado pela FCA ainda em 2019, antes de se falar na fusão com a PSA. Como exemplo de sinergia entre as 14 marcas de veículos do grupo, os novos propulsores já equipam modelos Jeep e Fiat, devem também turbinar o desempenho de carros Peugeot e Citroën e vão começar a ser exportados para a Europa. 

Raciocínio parecido será usado para a outra fábrica de motores em Campo Largo (PR), que hoje produz unicamente o e.Torq 1.8 aspirado e passará a se dedicar somente à exportação, tanto para outras fábricas do grupo (como Córdoba, na Argentina, onde é produzido o Fiat Cronos) como a bordo de modelos feitos no Brasil e exportados para outros mercados sul-americanos. 

Publicidade