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Yazaki amplia para 34 o número de fornecedores do Polo Automotivo Jeep instalados em Pernambuco

Nova planta vai fornecer chicotes para todos os veículos produzidos pela Stellantis em Goiana


Pedro Kutney, AB
 

Com a inauguração de sua fábrica de chicotes elétricos em Bonito na quinta-feira, 28, a Yazaki amplia para 34 o número de fornecedores do Polo Automotivo Jeep instalados em Pernambuco. A empresa investiu R$ 60 milhões na nova planta de 21 mil metros quadrados, a sexta no Brasil e décima no Mercosul, construída exclusivamente para atender o complexo industrial do Grupo Stellantis em Goiana, que desde o início das operações em 2015 vem promovendo o adensamento de sua cadeia de suprimentos no Estado.

A Yazaki já é fornecedora para todos os veículos produzidos pela Stellantis no País, incluindo a picape Fiat Toro e os SUVs Jeep Renegade, Compass e Commander feitos em Pernambuco. O abastecimento para estes modelos vinha sendo feito a partir de duas fábricas, uma localizada em Nossa Senhora do Socorro, no vizinho Estado de Sergipe, e outra em Matozinhos, que também atende a Stellantis no Polo Automotivo Fiat de Betim, em Minas Gerais. Segundo Lázaro Figueiredo, presidente da Yazaki Mercosul, a nova fábrica fica mais próxima do cliente, a cerca de 200 quilômetros de Goiana, e até o fim de 2022 gradualmente todo o fornecimento ao Polo Jeep será centralizado em Bonito, ao ritmo que deverá chegar a mil chicotes por dia.

“Já começamos a produzir chicotes para a Stellantis em pré-série (fase de testas) este mês com quase 800 empregados. Se o ritmo de produção esperado de Goiana confirmado, poderemos chegar a 1,6 mil pessoas trabalhando em dois turnos ao longo de 2022. Acompanhamos exatamente o ritmo do cliente”, afirma Lázaro Figueiredo.

No futuro próximo, a nova fábrica será abastecida com matérias-primas, importadas e vindas de outras unidades da Yazaki no Sudeste, que entram em Pernambuco a partir do Porto do Suape e seguem por rodovias até Bonito, de onde serão feitos embarques diários de chicotes por estradas até o Polo Jeep em Goiana. 

Atualmente a Yazaki divide meio a meio o fornecimento de chicotes elétricos para o Polo Jeep com a TCA, instalada em Jaboatão dos Guararapes – curiosamente, no mesmo local onde nos anos 1970 e 80 funcionou uma linha de montagem dos antigos Jeep Willys. Em 2010, o então Grupo Fiat comprou a TCA interessado em herdar os incentivos fiscais do Regime Automotivo do Nordeste, que viabilizaram a construção da fábrica de Goiana, mas pela legislação foi obrigado a manter a TCA em operação para poder agregar suas isenções tributárias. Assim, agora o Grupo Stellantis trabalha com dois fornecedores de chicotes na região.

Mão de obra para fábrica 4.0
O anúncio da construção da fábrica em Bonito foi feito logo no início de 2020, dois meses antes de a pandemia de coronavírus fechar as fábricas da Yazaki no Brasil por dois a três meses (dependendo do cliente). Assim os planos foram atrasados, mas ainda assim as obras começaram em setembro de 2020 e um ano depois a planta ficou pronta. “O plano era inaugurar em junho, mas a própria Stellantis precisou segurar os pedidos e assim atrasamos um pouco também para não gerar custos. Foi difícil fazer tudo sob as restrições impostas pela pandemia, precisamos fazer as contratações on-line, mas conseguimos terminar no prazo requerido pelo cliente”, comemora Figueiredo. 

Lázaro Figueiredo e a nova fábrica da Yazaki em Bonito: disponibilidade de mão de obra fez a diferença na escolha da cidade na Zona da Mata de Pernambuco
O projeto da nova fábrica foi aprovado pela matriz no Japão em 2019, quando começou a busca por uma localização, a partir de um mapeamento inicial que envolveu 50 cidades no Estado. “Partimos do pedido da Stellantis (FCA na época) de que tínhamos de estar em Pernambuco. Fomos então fazendo um check list de nossas necessidades, como rotas logísticas e mão-de-obra. Descobrimos em Bonito a melhor disponibilidade de pessoal, pois a fabricação de chicotes envolve muito trabalho manual, principalmente de mulheres, que compõem 60% das nossas contratações”, diz o executivo.

Município de 38 mil habitantes na Zona da Mata pernambucana a 136 km da capital Recife, Bonito já tem uma escola técnica estadual bem ao lado da fábrica da Yazaki, mas que ainda não oferece a especialização necessária para a área industrial. “Mas já estamos acostumados com isso, nós ensinamos e treinamos nosso pessoal, basta ter boa vontade de aprender. Também estamos em contato com o Senai de Caruaru, a 40 km, para localizar mais cursos”, conta Figueiredo.

Apesar de ser uma atividade intensiva em mão de obra, a produção de chicotes da Yazaki em Bonito adota uma série de processos digitalizados e automatizados da indústria 4.0, principalmente na etapa inicial de corte dos cabos e cravamento de conectores, bem como na inspeção final por meio de câmeras e testes elétricos. A parte de montagem dos chicotes em painéis segue sendo completamente manual. 

Problemas logísticos; recuperação abaixo do esperado
Embora a falta global de semicondutores não tenha interferência direta na operação da Yazaki, o presidente da empresa no Mercosul recorda que o problema global afeta os clientes, que quando paralisam linhas por escassez de componentes também reduzem o ritmo de produção dos fornecedores. “Todo o nosso fornecimento é voltado às fábricas de veículos e de alguns sistemistas, se eles param, nós também paramos”, explica Figueiredo.

O executivo afirma que das 10 fábricas da Yazaki no Mercosul, que atendem 30% da demanda de chicotes na região, nenhuma até agora precisou parar por falta de matérias-primas, mas ele reconhece que a situação é complicada. “Resinas e cobre, nossos principais insumos, ficaram muito mais caros e a logística está muito difícil, faltam navios e componentes. Até agora conseguimos administrar”, conta.

Além de seis fábricas no Brasil, a Yazaki tem duas no Uruguai, uma na Argentina e outra no Paraguai, que juntas empregam 12 mil pessoas. Figueiredo afirma que após as paralisações por causa da pandemia no segundo trimestre de 2020, a produção entrou em ritmo de expansão, “mas a recuperação está em ritmo mais lento do que esperávamos”, ele revela. “Acompanhamos as montadoras, se elas não crescem, nós também não temos como crescer. Este ano será difícil chegar a 10% de crescimento, mas existem boas perspectivas para 2022 com a normalização do fornecimento de componentes”, resume. 

Justamente por acompanhar par e passo a produção dos fabricantes de veículos, a transferência até o fim de 2022 para Bonito de todo o fornecimento de chicotes para a Stellantis em Goiana deixará sem clientes a fábrica de Nossa Senhora do Socorro, na vizinha Sergipe, pois além de alimentar o polo Jeep a unidade também produzia para a Ford em Camaçari (BA), que encerrou as atividades no início deste ano. "Ainda estamos fornecendo os últimos componentes para a Ford, mas está no fim. Depois que Bonito assumir 100% do abastecimento de Goiana, teremos de encontrar uma nova função para a planta de Sergipe", afirma Figueiredo.

A Yazaki iniciou sua produção no Mercosul em 1996 com a inauguração da fábrica de Escobar, na Argentina. Desde então, estabeleceu plantas nas cidades de Tatuí (SP), Irati (PR), Santo Antônio da Platina (PR), Nossa Senhora do Socorro (SE), Matozinhos (MG), Las Piedras (Uruguai), Colônia (Uruguai) e Mariano Roque Alonso (Paraguai). Possui também quatro escritórios comerciais no Brasil. 

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