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Metalúrgica Campo Limpo é a primeira planta metalúrgica da thyssenkrupp fora da Europa

Companhia aposta na construção de novas soluções de mobilidade e entende que etanol e hidrogênio verde são alternativas que se somam à eletrificação


VITOR MATSUBARA, AB

A década de 1960 marcou o surgimento da indústria automotiva no Brasil. Seduzidas pelo potencial do país classificado como a “terra das oportunidades”, várias empresas fincaram raízes por aqui. Foram elas, inclusive, que (literalmente) abriram caminho para a construção e expansão da malha rodoviária no país.

Só que, muito antes disso, eram os trens os responsáveis por escoar a produção agrícola brasileira. Café e outros produtos (inclusive minérios) eram transportados por ferrovias construídas em sua maioria por iniciativas privadas.

Foi essa promessa de um mercado próspero que motivou Alfried Krupp a realizar o primeiro investimento de sua empresa fora da Alemanha, em 1961.

Assim nasceu a Metalúrgica Campo Limpo, primeira planta metalúrgica da thyssenkrupp fora da Europa e que completa 60 anos de existência em 2021. Na ocasião, a cerimônia de inauguração teve as presenças do então presidente da República, Jânio Quadros, e do próprio Alfried Krupp.

DOS TRENS PARA OS VEÍCULOS

Curiosamente, a fábrica erguida para produzir componentes ferroviários nunca fabricou uma única peça para trens. Os esforços acabaram se voltando para a indústria automotiva, e o primeiro acordo foi firmado com a conterrânea Mercedes-Benz.

Desde então, a thyssenkrupp se tornou uma das maiores fornecedoras de peças do setor. A empresa diz que seus componentes equipam nove em cada 10 veículos fabricados na região.

“Hoje produzimos 80% de todos os virabrequins que equipam veículos médios e pesados no Brasil”, afirma José Carlos Cappuccelli, CEO da unidade Forged Technologies da thyssenkrupp no Brasil.

A fábrica localizada na cidade de Campo Limpo Paulista (SP) tem capacidade para fazer 800 mil virabrequins por ano. A empresa estima que 60% da produção é destinada aos mercados da Europa, Américas do Norte e do Sul. Hoje o quadro de colaboradores já conta com quase 2.300 pessoas.

Com esse volume, a Metalúrgica Campo Limpo é referência mundial dentro da empresa. Fábricas do grupo espalhadas pelo mundo tiveram participação direta de profissionais daqui. Hoje, as plantas dos Estados Unidos, México e Índia são comandadas por brasileiros.

DIVERSIFICAR PARA SEGUIR RELEVANTE

A indústria já sinaliza que a eletrificação será o futuro em todos os setores. Automóveis, ônibus e caminhões devem migrar rapidamente para os propulsores híbridos e elétricos nas próximas décadas.

Mesmo admitindo que “não vê uma tendência de eletrificação massiva na indústria brasileira nos próximos cinco anos”, Cappuccelli sabe que a tecnologia será o futuro dos transportes. Tanto é que adota um discurso bastante realista e indaga: “Quem hoje vai investir de maneira completa em uma linha de motores a combustão?”.

Diante desse cenário, a thyssenkrupp avalia que será preciso diversificar a produção de componentes. “Não podemos ser negligentes e pensar que vamos produzir virabrequins pelo resto da vida”, diz Cappuccelli.

Atualmente, a empresa realiza estudos com hidrogênio verde e outras fontes de energia viáveis para uso em larga escala.

ETANOL PODE SER ALTERNATIVA À ELETRIFICAÇÃO

Considerado por muitos especialistas como uma boa saída à gasolina, o etanol ainda tem força no mercado brasileiro e é utilizado até em veículos híbridos.

Cappuccelli acredita que o biocombustível derivado da cana-de-açúcar pode ser uma alternativa viável para o mercado brasileiro. Até porque a transição para energia elétrica não será um processo fácil de ser executado.

Independente do que acontecerá, a única certeza (ao menos por enquanto) é que os combustíveis fósseis estão com os dias contados. “O futuro vai ser carbono zero e é um engano pensar em qualquer fonte de energia que possa ir contra essa tendência mundial”, conclui Cappuccelli.

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