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Banco CNH Industrial consegue aproveitar o aquecimento do agronegócio com alta anual de 30% nas concessões de crédito

Com novos financiamentos de máquinas e veículos comerciais em alta de 30% em 2020, braço financeiro do grupo espera mais um ano de crescimento


PEDRO KUTNEY, AB

Braço financeiro do grupo fabricante das máquinas agrícolas e de construção Case e New Holland e dos veículos comerciais Iveco, o Banco CNH Industrial conseguiu aproveitar em boa medida o aquecimento do agronegócio com alta anual de 30% nas concessões de crédito a concessionários e clientes finais, somando R$ 3,58 bilhões em novos financiamentos em 2020, elevando em 11% a carteira ativa da instituição, para R$ 11,2 bilhões. As operações geraram receita bruta de R$ 971 milhões, leve crescimento anual de quase 4%, mas o lucro líquido de R$ 160 milhões recuou 8,6% sobre 2019; uma queda causada, segundo a empresa, pela incidência de imposto de renda, sem relação com o desempenho comercial do banco.

“Foi um ano extremamente desafiador, mas graças ao nosso setor de atividade conseguimos resultados positivos, pois o agronegócio foi o menos afetado pela pandemia”, afirma o presidente do Banco CNH Industrial, Heberson José de Góes.

A instituição financeira, maior repassadora de recursos do BNDES entre os bancos de fabricantes de veículos, vem garantindo seu bom desempenho graças à estratégia iniciada em 2018 de aumentar captações de recursos (funding) no mercado de capitais, assim conseguiu elevar a concessão de crédito, compensando a redução das linhas de financiamento do governo.

“Os recursos do Plano Safra anunciados em maio de 2020 acabaram em novembro para o Moderfrota (programa de renovação da frota de máquinas agrícolas), mas nós continuamos a oferecer financiamentos aos clientes com funding próprio. O mesmo está acontecendo este ano, já que o Plano Safra ainda não foi liberado”, explica Góes.

Apesar da falta de liquidez do mercado em 2020 quando a pandemia de coronavírus se instalou no Brasil, o Banco CNH elevou em 30% suas captações no mercado de capitais, no total de R$ 3,8 bilhões no ano passado – a maior parte, R$ 2 bilhões, via emissões de CDBs. Ao mesmo tempo, a instituição permaneceu saudável com inadimplência muito baixa de sua carteira, com apenas 0,7% de atrasos com mais de 90 dias nos pagamentos dos financiamentos, e 0,9% com mais de 30 dias. “Isso mostra que tivemos uma estratégia muito exitosa, aumentamos a carteira sem comprometer a solidez do banco”, avalia a diretora financeira Fabíola Temponi Góes.

Márcio Contreras, diretor comercial e de marketing, também credita o bom desempenho do banco ao relacionamento mais próximo dos clientes do banco, incluindo os concessionários e compradores de máquinas e veículos. Ele conta que durante a pandemia a instituição flexibilizou contratos e criou novos produtos em linha com as dificuldades trazidas pela pandemia, como linhas com carência de seis meses a um ano para iniciar os pagamentos. Também foram criados treinamentos on-line para capacitar a rede que hoje soma 540 pontos de venda das marcas da CNH Industrial.

MERCADO AQUECIDO COMPENSA ALTA DOS JUROS

“A inadimplência muito baixa e o agronegócio aquecido indicam que deveremos ter mais um ano de crescimento nas receitas e lucros. Estamos acompanhando o crescimento dos mercados de caminhões e máquinas agrícolas e de construção”, avalia Heberson Góes.

O recente avanço da inflação e consequente aumento das taxas de juros ainda não é motivo de preocupação. “A demanda forte por produtos e o aquecimento do mercado são fatores que devem absorver os efeitos da elevação de juros”, pondera Márcio Contreras, diretor comercial e de marketing do Banco CNH Industrial. “O agricultor ou o transportador não vão deixar de investir diante de safras recordes. Nesse cenário as ferramentas financeiras são essenciais para viabilizar as compras. Por isso não vemos queda de procura por crédito”, acrescenta Heberson Góes.

Atualmente o Banco CNH é responsável por originar 57% dos financiamentos de máquinas agrícolas do grupo no Brasil, 18% dos equipamentos de construção e 25% dos veículos comerciais. Da carteira de R$ 11,2 bilhões no fim de 2020, 36% eram em crédito concedido para compra de caminhões, ônibus e vans, 49% em maquinário de construção e 28% em tratores e colheitadeiras agrícolas.

BANCO VAI ATENDER AS DUAS NOVAS DIVISÕES

O grupo CNH Industrial está passando por um processo iniciado em 2019 e que deve ser concluído este ano para dividir em duas empresas as suas operações, de um lado a On-Highway que ficará com os negócios de veículos comerciais Iveco e motores FPT, de outro a Off-Highway com as máquinas agrícolas e de construção New Holland e Case. Segundo Góes, o spin-off não afetará a instituição financeira, que seguirá atuando de forma independente e vai atender as duas novas empresas com seus produtos.

O Banco CNH Industrial opera há 22 anos no Brasil. A América do Sul, onde também tem operações na Argentina via representante e esta semana anunciou a abertura de filial no Chile, representou no ano passado 10% da carteira global de US$ 26,6 bilhões.

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