Publicidade

Poeiras E Gases Respiráveis Sem Filtração Adequada

Agentes químicos são substâncias ou produtos que podem penetrar no organismo pela via respiratória, ou pela natureza da atividade de exposição possam ter contato através da pele ou serem absorvidos pelo organismo por ingestão


Poeiras E Gases Respiráveis Sem Filtração Adequada


Agentes químicos são substâncias ou produtos que podem penetrar no organismo pela via respiratória, ou pela natureza da atividade de exposição possam ter contato através da pele ou serem absorvidos pelo organismo por ingestão; poeiras, fumos, névoas, neblina, gases e vapores.
São os agentes ambientais causadores em potencial de doenças profissionais devido à sua ação química sobre o organismo dos trabalhadores. Podem ser encontrados tanto na forma sólida, líquida ou gasosa. Além do grande número de materiais e substâncias tradicionalmente utilizadas ou manufaturadas no meio industrial, uma variedade enorme de novos agentes químicos em potencial vão sendo encontrados, devido à quantidade sempre crescente de novos processos e compostos desenvolvidos.
Eles podem ser classificados de diversas formas, segundo suas características tóxicas, estado físico, etc. Conforme foi observado, os agentes químicos são encontrados em forma sólida, líquida e gasosa.
Os agentes químicos, quando se encontram em suspensão ou dispersão no ar atmosférico, são chamados de contaminantes atmosféricos. Estes podem ser classificados em: aerodispersóides - gases - vapores.
As principais vias de penetração destas substâncias no organismo humano são:
- O aparelho respiratório (inalação);
- A pele (cutânea);
- O aparelho digestivo (ingestão).
O sistema respiratório é a via de contaminação mais importante, pois permite que as substâncias passem para a corrente sanguínea, com mais rapidez, atingindo todo o sistema celular de outros órgãos vitais.
É seguro estimar que pelo menos 90 % de todo envenenamento industrial (excluindo dermatites) pode ser atribuído à absorção através dos pulmões. Substâncias perigosas podem estar suspensas no ar na forma de pós, fumos, névoa ou vapor, e podem estar misturados com o ar respirável no caso de verdadeiros gases. Desde que um indivíduo, sob condições de exercício moderado irá respirar cerca de 10 metros cúbicos de ar no curso normal de 8 horas de trabalho diário, é prontamente entendido que qualquer material venenoso presente no ar respirável oferece uma séria ameaça.

Aerodispersóides
São dispersões de partículas sólidas ou líquidas de tamanho bastante reduzido (abaixo de 100m), que podem se manter por longo tempo em suspensão no ar. Exemplos:
Poeiras - são partículas sólidas, produzidas mecanicamente por ruptura de partículas maiores. São formadas quando um material sólido é quebrado, moído ou triturado. Quanto menor a partícula, mais tempo ela ficará suspensa no ar, sendo maior a chance de ser inalada. Ex: minério, madeira, poeiras de grãos, amianto, sílica, etc. Apresentam-se geralmente com diâmetro superior a 1m.
Fumos - ocorrem quando um metal ou plástico é fundido (aquecido), vaporizado e resfriado rapidamente, formando partículas muito finas que ficam suspensas no ar. Ex: soldagem, fundição, extrusão de plásticos, etc. Apresenta diâmetro que varia de 0,01 a 0,1m, sendo assim penetram facilmente no sistema respiratório
Fumaça - sistemas de partículas combinadas com gases que se originam em combustões incompletas de materiais orgânicos. São de diâmetro inferiores a 1m.
Névoas - partículas líquidas produzidas mecanicamente, como por processo "spray". Ex: pintura, atividades com ácidos.
Neblinas - são partículas líquidas produzidas por condensações de vapores.
O tempo que os aerodispersóides podem permanecer no ar depende do seu tamanho, peso específico (quanto maior o peso específico, menor o tempo de permanência) e velocidade de movimentação do ar. Evidentemente, quanto mais tempo o aerodispersóides permanece no ar, maior é a chance de ser inalado e produzir intoxicações no trabalhador.
As partículas mais perigosas são as que se situam abaixo de 10m, visíveis apenas com microscópio. Estas constituem a chamada fração respirável, pois podem ser absorvidas pelo organismo através do sistema respiratório. As partículas maiores, normalmente ficam retidas nas mucosas da parte superior do aparelho respiratório, de onde são expelidas através de tosse, expectoração, ou pela ação dos cílios.

Partículas perigosas
Sílica –
produz silicose, a primeira doença pulmonar a ser reportada.
Amianto – o amianto ou asbesto é o termo comercial adotado para um conjunto de materiais fibrosos, constituídos de silicato de magnésio. O termo (amianto) associa-se a uma ampla faixa de materiais minerais que possuem a propriedade de se converter em determinados produtos fibrosos. São minerais compostos dos mesmos elementos químicos presentes nas rochas comuns, às vezes possuindo aditivos de ferro, o níquel e o cromo.
Mica – é um mineral, encontra-se na forma de placas ou de pó. É utilizado como isolante elétrico e térmico. Causa pneumoconiose.
Lã de vidro – minúsculas partículas deste material carregadas pelo ar podem chegar ao sistema respiratório, causando irritação, da mesma forma que quando entra em contato com a pele.
Metais e óxidos metálicos – qualquer tipo de metal fundido sob elevadas temperaturas desprende fumos constituídos de óxidos metálicos.
Carvão – a mineração do carvão é causadora de grande número de problemas de saúde aos mineiros, afetando seus pulmões, produzindo pneumoconiose.

Gases e vapores
São substâncias que têm a mesma forma do ar, por isso se misturam perfeitamente a ele, e passam pelos pulmões, atingindo a corrente sangüínea, através da qual chegam a todos os órgãos do corpo humano, como cérebro, rins, fígado, etc.
Gases: gás é um estado físico da matéria.
São dispersões de moléculas no ar, misturadas completamente com este (o próprio ar é uma mistura de gases). Não possuem formas e volumes próprios e tendem a se expandir indefinidamente. A temperatura ordinária, mesmo sujeitas à pressão fortes, não podem ser total ou parcialmente reduzidas ao estado líquido.
Vapores: chama-se Vapor, a fração gasosa de um líquido ou sólido.
São também dispersões de moléculas no ar, que ao contrário dos gases, podem condensar-se para formar líquidos ou sólidos em condições normais de temperatura e pressão. Uma outra diferença importante é que os vapores em recintos fechados podem alcançar uma concentração máxima no ar, que não é ultrapassada, chamada de saturação.
Os vapores ocorrem através da evaporação de líquidos ou sólidos, geralmente são caracterizados pelos odores (cheiro), tais como gasolina, querosene, solvente de tintas, etc.
Fisiologicamente, do ponto de vista sobre o organismo, os gases e vapores podem ser classificados em: irritantes, anestésicos e asfixiantes.
Irritantes – São substâncias que produzem inflamação nos tecidos vivos, quando entram em contato direto. Ex.: ácido sulfúrico, amônia, soda cáustica, ozônio, cloro, dióxido de enxofre, chumbo tetra etila, fosgênio, óxidos de nitrogênio, sulfeto de hidrogênio, outros.
Anestésicos – São aquelas substâncias que, devido a sua ação sobre o sistema nervoso central, apresentam efeitos anestésicos.
Ex.: butano, propano, eteno, benzeno, etileno, ácido sulfúrico, álcool etílico, álcool metílico, tolueno, xileno, outros.
Asfixiantes – São aquelas substâncias que impossibilitam a respiração.
Ex.: ácido clorídrico, nitrogênio, metano, monóxido de carbono, ácido cianídrico, dióxido de carbono, hidrogênio, outros.
Os gases e vapores anestésicos são classificados em 5 grupos:
Anestésicos primário – são aquelas substâncias que não produzem outro efeito além da anestesia, mesmo que o trabalhador seja submetido a repetidas exposições, em baixas concentrações. Ex.: aldeídos, ésteres e hidrocarbonetos alifáticos (butano, propano, eteno e outros).
Anestésicos sobre as vísceras – são aquelas substâncias que podem acarretar danos ao fígado e aos rins dos trabalhadores expostos. Ex.: tricloretano, tetracloreto de carbono, percloroetileno.
Anestésicos de ação sobre o sistema formador do sangue – são substâncias que se acumulam, preferencialmente nos tecidos graxos, medula óssea e sistema nervoso. Ex.: benzeno, tolueno e xileno (BTX). Vale ressaltar que o benzeno é a substância com maior ação nociva; sua exposição prolongada, mesmo a baixas concentrações, pode ocasionar anemia, leucemia e câncer.
Anestésicos de ação sobre o sistema nervoso – são substâncias que, devido à sua alta solubilidade em água, apresentam eliminação lenta pelo organismo; daí a sua manifestação mais acentuada no sistema nervoso. Ex.: álcool etílico e metílico.
Anestésicos de ação sobre o sangue e o sistema circulatório – substâncias em especial aquelas pertencentes ao grupo dos nitrocompostos de carbono, que em decorrência de sua utilização industrial podem alterar a hemoglobina do sangue. Ex.: nitrotolueno, nitrito de etila, nitrobenzeno e anilina.
A Fundacentro – Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho – criada oficialmente em 1966 - é a única entidade governamental do Brasil que atua em pesquisa científica e tecnológica relacionada à segurança e saúde dos trabalhadores, a entidade classifica as substâncias químicas em sete grupos, em função da ação nociva ao organismo do trabalhador.
Grupo 1 – Substâncias de ação generalizada sobre o organismo – correspondem aos agentes cujos efeitos, no organismo dos trabalhadores, dependem da quantidade de substância absorvida, estando representados pela maioria das substâncias relacionadas no, quadro 1 - do anexo 11 da NR 15. Ex.: cloro, chumbo, dióxido de carbono, monóxido de carbono e nitroetano.
Grupo 2 – Substâncias de ação generalizada sobre o organismo, podendo ser absorvida, também, por via cutânea – correspondem aos agentes químicos que além de exporem os trabalhadores, através das vias respiratórias, também exigem a proteção individual para os membros superiores e outras partes do corpo possíveis de propiciarem a absorção cutânea do agente químico. Ex.: anilina, benzeno, bromofórmico, fenol, percloretileno, tetracloreto de carbono e tolueno.
Grupo 3 – Substâncias de efeito extremamente rápido – correspondem aos agentes químicos que têm indicados os limites valor teto, os quais não podem ser ultrapassados, em momento algum, durante a jornada de trabalho. Ex.: ácido clorídrico e formaldeído.
Grupo 4 – Substâncias de efeito extremamente rápidos, podendo ser absorvidos, também, por via cutânea – correspondem a apenas quatro substâncias: álcool n-butílico, m-butilamona, monoetil hidrazina e sulfato de dimetila. Podem ser absorvidos pela pele, exigindo, necessariamente, a utilização de EPI.
Grupo 5 – Asfixiantes Simples – representados por alguns gases em altas concentrações no ar, atuam no sentido de deslocar o oxigênio do ar, sem provocar efeitos fisiológicos importantes. Ex.: acetileno, argônio, hélio, hidrogênio, metano.
Grupo 6 – Poeiras – Substâncias provenientes da desagregação mecânica de substâncias sólidas; podendo, dependendo da sua dimensão, causar pneumoconiose. A NR 15, em seu Anexo 12, prevê três agentes: asbestos (amianto), manganês e seus compostos e sílica livre.
Grupo 7 – Substâncias cancerígenas – são aquelas cientificamente comprovadas de causar em seres humanos ou induzir câncer em animais sob determinadas condições experimentais. Ex.: cloreto de vinila, asbestos, benzidina, beta-naftalina, 4-nitrodifenil, 4-aminodifenil, benzeno.

 

Poeiras E Gases Respiráveis Sem Filtração Adequada João Carlos Mucciacito
Químico, mestre em Tecnologia Ambiental pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo - IPT . Trabalha na CETESB. É professor nos cursos de Pós Graduação do SENAC, IPOG e de graduação na Fundação Santo André. Membro do conselho editorial das Revistas Neo Mundo e TAE - Tratamento de Água e Efluentes.



Publicidade