Papel higiênico com aditivos dificulta sua degradação e sustentável evita desmatar e gerar resíduos
Por Cristiane Rubim
Edição Nº 134 - Maio/Junho 2025 - Ano 24
O papel tradicional, feito de celulose, é biodegradável. Sua degradação natural se torna uma dificuldade quando o papel recebe tratamentos químicos, revestimentos ou aditivos, como plástico, tintas sintéticas e cola.
O papel tradicional, feito de celulose, é biodegradável. Sua degradação natural se torna uma dificuldade quando o papel recebe tratamentos químicos, revestimentos ou aditivos, como plástico, tintas sintéticas e cola. Por outro lado, o papel higiênico gera desmatamento e resíduos. Para reduzi-los ou evitá-los, o setor aplica práticas sustentáveis para produzi-lo.
Aditivos
O papel higiênico passa por hidrodispersão. “Na hidrodispersão, o papel higiênico se desfaz em partículas quando entra em contato com a água, facilitando seu descarte adequado. Porém, esse processo, quando recebe aditivos, como plásticos, tintas sintéticas ou colas, pode ser comprometido” – explicam Loreto Bove, diretor da Manikraft, com colaboração dos assistentes Luciano Marcondes e Myke Rangel.
A Manikraft, detentora de marcas consagradas, utiliza uma resina para aumentar a resistência úmida do papel, além de alvejante óptico e corantes azuis ou violetas para melhorar a brancura. “Esses produtos não representam riscos à saúde, mas o uso excessivo de determinados químicos pode aumentar o tempo de degradação do papel no meio ambiente. Além disso, papéis que contêm componentes sintéticos podem entupir sistemas de esgoto se descartados incorretamente” – esclarecem.
Químicos
Devido ao uso de químicos que aumentam sua resistência, o papel higiênico demora mais tempo para se decompor. Este gap pode causar problemas nos sistemas, aterros e meio ambiente:
• Entupimento de sistemas de esgoto: se descartado incorretamente no vaso sanitário, o papel pode obstruir encanamentos e gerar custos elevados para manutenção;
• Aumento da ocupação de aterros sanitários: tempo de degradação maior significa maior acúmulo de resíduos sólidos;
• Possível impacto ambiental: embora os químicos utilizados na fabricação do papel higiênico da Manikraft não causem danos à saúde, o uso excessivo de alguns produtos na indústria pode dificultar a decomposição e influenciar negativamente no meio ambiente.
Para evitar ou diminuir estes problemas, é importante a busca de soluções. “A solução para reduzir esses impactos está no uso mínimo de químicos na fabricação do papel higiênico, balanceando resistência e biodegradabilidade” – afirmam o diretor Loreto Bove e os assistentes Marcondes e Rangel.
Papel reciclado
O mercado de papel reciclado brasileiro é consolidado e sustentável. Empresas e consumidores preferem a reciclagem de papel em vez de biodegradáveis. Os papéis higiênicos tradicionais e reciclados não são totalmente biodegradáveis, contêm fibras e substâncias químicas de degradação lenta no ambiente. Enquanto os papéis higiênicos biodegradáveis são ecológicos com decomposição rápida e completa.
Legislação
Não há legislação no Brasil que exija substituir o papel por alternativas biodegradáveis. Fabricar papel biodegradável é caro para as empresas, que não adotam em larga escala, porque a demanda é baixa. Os consumidores desconhecem as opções de papéis biodegradáveis e seu descarte correto está em desenvolvimento.
Práticas
A indústria de papel higiênico aplica práticas sustentáveis para produzi-lo com uso de:
• Materiais reciclados, como papelão, jornal e aparas de papel, para reduzir uso da madeira e resíduos;
• Materiais sustentáveis, como fibras vegetais, bambu e algodão orgânico, que são renováveis e biodegradáveis;
• Economia de água e energia com reúso de água, tratamento de efluentes, cogeração de energia e fontes renováveis, como solar e eólica;
• Certificações como FSC (Forest Stewardship Council), garantia da madeira de florestas com manejo responsável; e Ecolabel, produto de baixo impacto ambiental.
Fonte: Damapel.
Decomposição
A decomposição natural do papel higiênico leva de um a três anos e depende:
• Quanto maior sua espessura, mais tempo demora para se decompor;
• Quanto mais água à disposição, mais rápido se decompõe;
• Condições atmosféricas;
• Localização geográfica;
• Substâncias químicas para produzi-lo.
Os impactos no meio ambiente:
• Em aterros sanitários, pode levar mais de 100 anos para se decompor;
• Acúmulo de papel na natureza polui e causa prejuízos ambientais;
• Produtos químicos para sua produção são descartados na água e no ar.
Descarte correto
O destino final do papel higiênico é o aterro sanitário, sendo descartado no lixo comum. “Diferente de outros tipos de papel, ele não pode ser reciclado devido à sua contaminação durante o uso” – ressaltam o diretor Loreto Bove e os assistentes Marcondes e Rangel.
A Manikraft segue práticas sustentáveis para minimizar o impacto ambiental. “Redução de embalagens plásticas e pesquisa por alternativas biodegradáveis, além de tratamento próprio de água para garantir eficiência ambiental” – citam.
A empresa realiza ainda coprocessamento para descarte de resíduos. “Todos os resíduos de cola gerados na produção do papel são enviados para empresas especializadas, para reduzir o impacto ambiental e contribuir para a destinação correta de materiais que poderiam ser poluentes” – relatam.
Equilíbrio
São várias iniciativas que a Manikraft adota para tornar a produção de papel higiênico mais sustentável:
• Utilização de aparas: na fabricação de alguns produtos, reduzindo o consumo de celulose virgem. As aparas utilizadas vêm de folhas de cadernos, folhas de gráfica e outros papéis recicláveis – mas papel higiênico usado não pode ser reciclado;
• Redução do uso de embalagens plásticas: a empresa estuda alternativas para substituí-las por embalagens recicláveis ou biodegradáveis, incluindo materiais à base de cana-de-açúcar;
• Tratamento próprio de água: para garantir que os processos industriais causem menos impacto ambiental;
• Coprocessamento de resíduos: envio de materiais, como resíduos de cola, a empresas especializadas para reduzir a contaminação ambiental.
Essas ações reforçam o compromisso da empresa com a sustentabilidade. “A Manikraft busca sempre equilibrar qualidade do produto e responsabilidade ambiental” – concluem o diretor Loreto Bove e os assistentes Marcondes e Rangel.
Contato da empresa
Manikraft: www.manikraft.com.br
Referências bibliográficas:
REDAÇÃO. O papel higiênico está literalmente sujando o meio ambiente. Pensamento Verde, 16 ago. 2021. Disponível em: https://www.pensamentoverde.com.br/sustentabilidade/o-papel-higienico-esta-literalmente-sujando-o-meio-ambiente/.
DAMAPEL. O papel da indústria na sustentabilidade. 10 mar. 2024. Disponível em: https://damapel.com.br/o-papel-da-industria-na-sustentabilidade/.