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Cuidados Com O Elemento Filtrante No Inverno

Elementos filtrantes precisam ser devidamente verificados devido ao frio


Elementos filtrantes precisam ser devidamente verificados devido ao frio

por Tiago Dias

Cuidados Com O Elemento Filtrante No Inverno

Diversas aplicações necessitam de um processo que permita separar sólidos em suspensão, em fases líquidas ou gasosas. Fabricado com materiais como papel, cerâmica, tela, polipropileno e carvão, o elemento filtrante é a peça fundamental para que se consiga o filtrado desejado, retirando assim partículas dispersas do meio.
Por conta de sua função e importância, é extremamente necessária a verificação da funcionalidade dos elementos, para que seja reparado a tempo ao primeiro sinal de anormalidade, seja entupimento dos orifícios ou ineficiência na separação, que deixa passar algumas sujidades que deveriam ser barradas.
Existe uma cultura entre os usuários de diversos filtros, principalmente os ligados ao ar, como os elementos filtrantes de um ar-condicionado, tanto residencial quanto para veículos, em não trocar os elementos filtrantes durante o inverno. Se geralmente não se utilizam esses filtros quando o clima está frio, então, para que afinal se preocupar com a manutenção dos elementos, certo?
A questão não é tão lógica assim e, pelo contrário, está totalmente errônea. Embora, no geral, não precisem de nenhum procedimento especial devido à temperatura, as manutenções habituais devem ser realizadas sem diferenciação das outras estações.
Consultamos as empresas de filtros e seus sistemas, nos segmentos automotivo, industrial e residencial fornecedoras de soluções para diversas aplicações, quanto a costume entre os usuários.

Características da estação
As épocas mais frias do ano são marcadas pelo aumento de incidência de gripes e resfriados, facilitando as doenças respiratórias, já agravadas pela poluição enraizada nas grandes cidades. Com a chegada do frio, as pessoas costumam se enclausurar em casa. Quando saem, optam por ambientes fechados, como os shoppings. Nesses tipos de ambientes a transmissão de vírus é potencializada. Engana-se quem acredita não ser necessária a manutenção do ar-condicionado. Liga-se o aparelho então que funciona com o elemento filtrante danificado, já que a verificação de uma possível troca do elemento não estava nos planos. Utilizando o filtro voltado para o ar durante essa época, e ainda por cima totalmente inabilitado, agrava-se a saúde dessas pessoas.
E não há como fugir. Nos ambientes externos, por conta da onda de poluição, o inverno das metrópoles tem pouco vento e chuvas; ou seja, os poluentes não se dispersam com facilidade.
Segundo uma pesquisa da Unicamp, feita através da avaliação de amostras de água de chuva, no inverno o particulado de origem veicular sobe para 22%, o industrial fica em 26% e a contribuição dos elementos naturais, do solo, é de 22%. Entre os metais identificados no material particulado, através do processo de fluorescência de raio-X, estavam vanádio, chumbo, cobre, níquel (de origem industrial ou veicular), titânio, ferro, alumínio e silício (de origem natural, do solo).

Cuidados Com O Elemento Filtrante No InvernoO ar nos veículos
Nos veículos já existe um problema inicial, seja em qualquer época do ano: a falta de conhecimento sobre a existência do filtro de cabine e/ou anti-pólen, erroneamente chamado de filtro do ar-condicionado, segundo diz Sidnei Luiz Doff Sotta da Filtros Mil, fabricantes desses filtros. “Mesmo carros sem ar-condicionado possuem o filtro, que tem a função principal de cuidar da saúde dos ocupantes do veículo, filtrando e purificando o ar que se respira em seu interior”, explica.
Sidnei diz que no inverno percebe-se realmente a queda nas vendas por falta de informação. A manutenção com o elemento filtrante só é lembrada quando se usa muito o ar, isso é, no verão. “Se os usuários fizerem um reparo nos aparelhos no inverno, eles poderão ver nas oficinas as condições absurdas de sujeira e contaminação, tendo ainda que realizar a higienização para matar e eliminar os microorganismos do sistema de ar”, complementa.
A falta da periodicidade da manutenção acumula poluentes e sujeiras no filtro, impedindo a passagem do ar, dando a sensação de falta de ar ou de ar saturado, além de mau cheiro. Entre as sujeiras pode-se encontrar fungos e bactérias que contaminam o sistema de ar, graças a ajuda da temperatura e umidade, proveniente do frio, e do alimento ali encontrado. Com esses obstáculos, o ar força o sistema, podendo assim danificá-lo. “Nos casos dos veículos, além da saúde dos ocupantes, o filtro tem também a função de proteger as peças do sistema de ventilação e ar condicionado”, explica Sidnei. Para prevenção estima-se realizar a revisão periódica do filtro, verificando o grau de sujeira. “A recomendação é trocar de 6 em 6 meses, de 10 a 12 mil km, ou às vezes em menos tempo, dependendo do lugar de uso do veículo”, comenta Gilberto Gonçalves da Filtros Mil.

Inverno na indústria
Apesar de ser utilizado para outras aplicações, o ar empregado na indústria também precisa de atenção durante o inverno. Uma característica que se nota, pelo menos quando se precisa de ar comprimido purificado ou gás filtrado para algumas instalações, é a inversão de problemas. O elemento coalescente, utilizado para esses fins, necessita de menos trocas nessa época do ano. Quem afirma é o Diretor Técnico da M.Air Comércio de Filtros, Marcelo Braga. Para ele, o verão pede mais trocas devido os problemas serem do sistema de ar comprimido dos compressores, acoplados na rede.

Cuidados Com O Elemento Filtrante No Inverno

“No verão, o compressor tem facilidade de arrastar óleo, por conta da alta temperatura que atinge, resultado da soma da temperatura atmosférica com a temperatura de máquina. O elemento coalescente é atingido porque está aplicado diretamente na rede de ar, mas, se analisarmos ele sozinho, não haveria nenhum tipo de problema no verão ou no inverno”, comenta.
No caso do ar comprimido suporta-se um pouco mais de tempo, pois o compressor trabalha em temperatura mais baixa (resfriado), onde o índice de problemas com relação a arraste de óleo é mínima.
Cuidados Com O Elemento Filtrante No InvernoNo caso de filtros de despoeiramento, não há esta sazonalidade como em sistemas de condicionamento de ar, explica Samir Antonio Farah, do Departamento Técnico da Mcfil Tecnologia de Filtragens Ltda, há 14 anos atuando no segmento de filtração industrial. Porém, ele ressalta que a queda de temperatura, principalmente no período noturno, pode gerar troca de calor nas regiões internas próximas às paredes dos filtros. “Essas oscilações podem ser prejudiciais em sistemas de despoeiramento, onde existe a combinação de fatores como alta temperatura, umidade, condição química, particulados aglomerantes, etc. Nesses casos, onde o controle de temperatura é crítico, para a estabilidade do processo os equipamentos devem ser isolados termicamente, para evitar problemas como condensação, ataques químicos, hidrólise e empedramento do particulado”, explica.
Todo filtro industrial, seja ele de despoeiramento ou não, está sujeito a problemas como esse. Filtros sujeitos à intempéries (instalações externas) são mais afetados do que os equipamentos protegidos. “Um dos grandes problemas gerados por incursões de baixa temperatura é que, se existe no fluxo de gases algum ácido, este pode não ser prejudicial em temperaturas acima do seu ponto de orvalho. Quando a temperatura fica abaixo do ponto de orvalho de um ácido, ele se torna ativo e pode danificar os elementos filtrantes, dispositivos, e até a própria estrutura do equipamento”, diz Samir. Ele ainda aponta um outro problema por conta da baixa temperatura: a umidade pode condensar dentro do filtro. Combinada com a presença de particulado, essa condensação pode permitir o entupimento dos elementos filtrantes e aglomeração de particulado nas paredes internas e na tremonha (moega) do filtro. José Alexandre Marques, Gerente de marketing e vendas da Divisão Fluid Processing da Cuno, explica que pode ocorrer um aumento da viscosidade de alguns fluidos e, portanto, acontecer uma troca mais freqüente de elementos filtrantes, pois a perda de carga é diretamente proporcional a viscosidade (fluidos newtonianos). A falta de manutenção durante essa temperatura comprometerá a aplicação onde o filtro está instalado. “O acompanhamento constante da perda de carga diferencial (pressão antes do filtro - pressão após o filtro) é a maneira mais simples e mais eficaz de se obter o melhor custo/benefício em qualquer aplicação industrial”, comenta.

Água
Os médicos costumam sempre lembrar da importância da hidratação do corpo no inverno, prática negligenciada no frio. “Com a chegada do inverno, as pessoas consomem menos e conseqüente não fazem a manutenção devida”, explica Fábio de Oliveira Pinto, do departamento de vendas da Asstefil, fabricante de filtros industriais e residenciais. Fábio conta que conhece casos de usuários que realmente não se preocupam com a troca do elemento nesse período e alerta para a importância dessa manutenção: “Se os elementos não forem trocados dentro do período, podem ocasionar acúmulo de sujeira em caixas d’água ou quando utilizados para decloração, podem aumentar a contaminação biológica”.
O que determina a troca é o prazo máximo de 6 meses, entre outros fatores, como explica Murilo Freitas, Gerente de marketing e vendas da Divisão Potable Water da Cuno: “Conta-se também a capacidade de filtragem do elemento filtrante determinado e aprovado pela NBR 14908 e que consta nas embalagens e manuais, ou ainda, o quanto de sujeira e cloro existe na água filtrada - o que ocorrer primeiro”. Independente da época, o elemento tem que ser trocado quando a água apresentar cheiro e gostos estranhos, que a tornem imprópria para o consumo, e até quando a vazão de água está abaixo do normal. Ainda segundo Murilo, no segmento de Alimentos e Bebidas, onde geralmente o filtrado é líquido, o processo e a atenção são os mesmos.
Gustavo Branco, Diretor Geral da Cerâmica Stéfani, diz que não importa qual o tipo de filtro a pessoa possui em casa (seja ela por pressão ou gravidade), deve-se seguir as orientações do fabricante através do manual de utilização, que estará levando em consideração a saturação e eficiência da filtragem em detrimento do tipo de utilização. À frente dos mais conhecidos fabricantes de filtros residenciais de cerâmica, Gustavo explica que é preciso evitar a saturação. “As partículas sólidas, ao se acumularem no elemento filtrante vão impedindo que o fluxo normal do fluído a ser filtrado se mantenha dentro de índices aceitáveis, diminuindo cada vez mais até chegar às vezes interromper o fluxo”.

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A tendência de todo ser vivo, no frio, é se contrair. Porém, a dilatação ou contração causada pela mudança de temperatura climática nos elementos filtrantes geralmente não causam variações significantes de performance, com algumas exceções: “Casos extremos de temperatura ou índices muito elevados de retenção de particulado”, exemplifica Gustavo.
Cláudio Chaves, Diretor Geral da Hidro Filtros, fabricantes de filtros residenciais e industriais no Rio Grande do Sul, esclarece que o fator geográfico também altera os hábitos das pessoas. “O Brasil é muito grande e as características climáticas variam em toda a sua extensão. Portanto observa-se principalmente aqui, na região sul, uma retração na aquisição de produtos novos e em refis para reposição. Isto acontece basicamente em maio, junho e julho”.Cuidados Com O Elemento Filtrante No Inverno

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