O início, como quase tudo na vida, foi duro. Um caminho íngreme que, após 25 anos, se transformou em uma reta de sucesso. Em 14 de março, a Brasfilter, detentora da marca Europa, completa 25 anos de existência, e os sócios Dácio Múcio de Souza (diretor-presidente) e Antonio Carlos Camargo (diretor industrial) festejam as bodas de prata de um casamento praticamente único na história da indústria brasileira.
Quando se instalaram no bairro da Casa Verde, zona norte de São Paulo, numa fábrica de 200 m2 quadrados, os dois tinham muitos sonhos, mas, apesar de acreditarem no projeto que lançavam, não podiam imaginar que o sucesso chegaria a tanto.
Na época, o tratamento residencial de água era dominado pelos filtros de barro. "Foi difícil quebrar essa barreira. Tínhamos que mostrar as vantagens do nosso produto. O consumidor tinha que ser despertado para um novo conceito que surgia, que era muito mais complexo e preciso do que o da filtração pura e simples: a purificação da água. Isso começou a ser disseminado nacionalmente, de forma maciça, pelas equipes de vendas e o marketing agressivo empregado pelo Europa. Em 1985, um ano após nossa fundação, a marca estava na televisão através de merchandising no Programa do Bolinha, exibido pela TV Bandeirantes. O purificador Europa era anunciado até quatro vezes por programa", diz Dácio Múcio de Souza.
"Hoje, só para ter uma idéia, já fabricamos mais de 5 milhões de purificadores Europa, pelos quais passaram 140 bilhões de litros de água, o suficiente para que o rio Tietê completasse 12 voltas em torno da Terra", explica Antonio Carlos Camargo.

Tempos duros
No começo do processo eram poucas máquinas, ferramentas e recursos. "Tínhamos entre 18 e 20 funcionários quando começamos a desenvolver o produto Europa, que é uma marca da Brasfilter.
O nome poderia ser Veneza, Brasil, ao invés de Europa. Mas resolvemos optar por um continente que representava o conhecimento", afirma Dácio.
Tempos duros, relembra Camargo: "Sabíamos nosso horário de entrar, mas nunca o de sair. Virava madrugadas para cumprir prazos de entrega de pedidos. Existe um caso muito curioso de uma funcionária da época. Eram quatro horas da madrugada e ainda estávamos embalando purificadores para uma entrega. O marido dela, preocupado, bateu na porta da fábrica para saber o que havia acontecido. Não deu outra, ele também nos ajudou a embalar os produtos para uma entrega em Recife."
Várias entregas foram feitas com uma perua Kombi amarela. "Não era uma Brasília amarela como a da música. Mas realmente tivemos que fazer muitas entregas nessa Kombi. Foi um período difícil, mas quando nos lembramos hoje, temos saudade", afirma Dácio.
Com o crescimento das vendas, a Brasfilter precisou sair da Casa Verde. Surgiu então, uma área em Guarulhos que atendia aos anseios de crescimento da indústria. "Era um ginásio de esportes localizado na rua Isabel Spina Perella, 469. Vimos o local e aprovamos. Acertamos os valores e fechamos o negócio. Foi coisa rápida. Só havia um galpão, onde hoje é a produção, mas não havia a área de estoques e nem os escritórios. Eu até brinquei com o Dácio, na época, para que a gente mantivesse a arquibancada (da quadra de esportes) de onde os nossos adversários iriam poder aplaudir a nossa vitória", comenta sorrindo, Camargo.
Mesmo estando à beira de um córrego, área que sempre teve problemas com enchentes, a Brasfilter só enfrentou esse problema uma única vez. "Tivemos sim um caso sério. Uma tempestade que destelhou nossa indústria.
Na época tivemos que estender uma lona preta para não parar a produção. Esses foram os dois piores momentos aqui em Guarulhos, uma cidade que nos acolheu de maneira sensacional", diz Camargo.

Criatividade e qualidade
Para enfrentar a chamada crise mundial que, segundo os economistas é a pior desde a grande depressão, os executivos da
Brasfilter têm uma receita simples, muito trabalho. "Fundamos a indústria na chamada década perdida (anos 80) e crescemos apenas nos dedicando, de corpo e alma, ao trabalho. Continuamos pensando da mesma maneira. Ainda não sentimos o efeito da crise. No início dessa turbulência lançamos um novo produto que está vendendo muito bem. Nossa vida segue a mesma.
Procuramos usar a criatividade e a qualidade como principais pontos de apoio. Respeito aos nossos colaboradores, nunca pensar em demitir. Essa é uma outra norma da empresa que nos faz crescer, mesmo em períodos difíceis",
explica Dácio.
O executivo continua dizendo que o mais importante em um produto é a qualidade e depois o preço. "Mas para ter preço é preciso saber comprar. Não basta saber vender. A arte de comprar é mais importante. É daí que conseguimos preços competitivos para colocar os produtos no mercado.
Priorizamos sempre a qualidade. O consumidor sempre entende que a saúde, com uma água bem purificada, vem em primeiro lugar."