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Para Anfavea um programa de renovação de frota poderia ser uma maneira mais efetiva reduzir os gastos dos caminhoneiros com diesel

Apoio para compra de veículos mais novos e econômicos poderia reduzir custos do diesel aos caminhoneiros


PEDRO KUTNEY, AB

Para a associação dos fabricantes de veículos, a Anfavea, um programa de renovação de frota para tirar de circulação caminhões velhos e ineficientes e trocá-los por modelos mais novos e econômicos, poderia ser uma maneira mais efetiva reduzir os gastos dos caminhoneiros com diesel, o que evitaria a interferência do governo na Petrobras ou o corte de impostos sobre combustíveis para reduzir os preços em troca da eliminação de outros benefícios – como foi o caso da limitação a R$ 70 mil para isenção do IPI de carros PcD, para pessoas com deficiência (leia aqui). Por esse motivo, a entidade sugere que a própria Petrobras deveria injetar recursos para viabilizar a renovação de frota com a compra e sucateamento dos caminhões antigos.

Segundo o presidente da Anfavea, Luiz Carlos de Moraes, essa sugestão já foi feita ao Ministério da Economia, sem nenhuma resposta ainda. “Mas ninguém fez cara feia”, garantiu o dirigente. “O fato é que seria muito pouco para a Petrobras gastar, sem impactar o lado fiscal do governo e com enormes benefícios à sociedade”, defendeu.

A injeção de recursos da estatal poderia eliminar o principal entrave que há 20 anos vem barrando a introdução de um programa de renovação de frotas no País. “O problema sempre foi a compra do caminhão velho que é o ganha-pão do caminhoneiro e dar a ele condições para comprar um veículo mais novo. No Brasil um caminhão com mais de 30 anos ainda vale perto de R$ 30 mil em média, por causa de uma série de distorções como a isenção de IPVA e a inexistência de inspeção veicular obrigatória que retiraria das ruas veículos poluentes e inseguros”, aponta Moraes.

Para viabilizar o programa de renovação de frota, Moraes defende que deveria ser oferecido ao proprietário do caminhão velho um valor até acima da média de mercado, para incentivar a troca. Para começar com uma cota de 5 mil caminhões acima de 30 anos em um primeiro ano do programa, por exemplo, pagando R$ 35 mil por veículo, seriam gastos R$ 175 milhões. “Para uma empresa como a Petrobras isso é pouco, traria muitos benefícios à imagem da estatal e à sociedade como um todo”, afirma o presidente da Anfavea.

Discutido há mais de 20 anos sem sair do papel, a introdução de um programa de renovação da frota de caminhões poderia resolver ou mitigar três problemas: reduzir drasticamente acidentes, emissões e o consumo de diesel – o que por consequência reduziria também os custos dos caminhoneiros com o combustível. Em recente participação no AB Plan 21 Near (evento realizado em 3 de março por Automotive Business), a coordenadora-geral de Implementação e Fiscalização de Regimes Automotivos da Secretaria de Desenvolvimento da Indústria, vinculada ao Ministério da Economia, Margarete Gandini afirmou que o governo tem a expectativa de aprovar um programa de renovação de pesados ainda este ano, que segundo ela “não será baseada em subsídios, e sim em princípios de mercado”.

Há cerca de 20 anos envolvido nessa discussão com os vários governos que já passaram por Brasília nesse período, Moraes não sabe responder se desta vez existe uma chance maior de aprovação do programa de renovação de frotas, mas ele avalia que o momento nunca foi tão propício para isso: “Essa discussão ganhou força porque seria uma solução permanente parav um problema brasileiro, não podemos perder essa oportunidade”, defende.
 

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