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Evento Rio Oil & Gas destaca a importância da transição energética e o seu potencial para o Brasil

Especialistas destacam a necessidade de continuar os investimentos no setor e a competitividade do mercado


CEO Talks com Roberto Castello Branco: a Petrobras atuou rápido na resposta à crise provocada pela Covid-19 e segue como a companhia com maior volume de caixa livre e manteve o crescimento da produção, apesar do cenário mais desafiador, ressaltou o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, durante o CEO Talks do dia 03 de dezembro (quinta-feira). A companhia ajustou seus planos e focou em projetos de E&P “resilientes” a um preço de Brent a US$ 35 o barril ou abaixo desse patamar e que sejam financiáveis. Segundo o executivo, o foco na logística e comercialização foi fundamental para a companhia conseguir aumentar a produção por meio de exportações, com — uma comercialização mais dinâmica”. — O mercado tem de ser global, e não local. Vendemos óleo e derivados para 18 países — afirmou Castello Branco. O novo plano estratégico 2021-2025 da empresa, prevê a aceleração da transição energética. — Estamos avançando nessa corrida, colocando os temas da agenda ESG com maior prioridade e reafirmando o nosso foco em maximização sobre o retorno do capital investido, disciplina para alocação de capital, meritocracia, além de segurança e meio ambiente—.

CEO Talks com Rafael Grisolia: depois da queda de 9% na demanda global de combustíveis, o setor de distribuição no Brasil se recuperou rapidamente dos impactos da pandemia da Covid-19 e a BR Distribuidora aproveitou para reforçar seu propósito de oferecer energias ao cliente, além de investir em parcerias na comercialização de gás natural e eletricidade. Esses foram alguns dos destaques da entrevista de Cristina Pinho, diretora-executiva Corporativa do IBP e chair da Rio Oil & Gas, com Rafael Grisolia, CEO da companhia, na noite desta do dia 02 de dezembro (quarta-feira). Sobre a abertura no downstream, Grisolia defendeu mudanças regulatórias que destravem os investimentos, bem como o combate ao mercado irregular. — É muito importante uma competição sadia, com as mesmas regras para todos. Isso vai criar dinamismo. Mas temos que estar atentos ao roubo de combustíveis e à evasão fiscal. E a tecnologia é aliada para monitorar esse sistema — afirmou, lembrando que a BR se digitalizou e migrou seus principais sistemas para a nuvem, numa parceria com a Amazon. O executivo ainda falou sobre os novos movimentos da empresa, como a joint venture com a Golar no setor de gás natural, onde a BR já atua como sócia da ESGás; e a compra da comercializadora de energia elétrica Targus.

Diálogos da Rio Oil & Gas: neste último dia da Rio Oil & Gas 2020, o painel “Vencendo nos anos 20: criando valor por meio da resposta às mudanças climáticas” apresentou desafios e oportunidades da transição energética. — A transição energética, nesta geração, deve gerar bilhões, até trilhões, em investimentos para diminuir emissões e alcançar objetivos sustentáveis— disse Michel Frédeau, managing director, senior partner e head da BCG Global Climate Leadership Team. Andrew Gould, ex-CEO da Schlumberger, por sua vez, lembrou das peculiaridades do setor de energia. — Cerca de 84% da energia global vem de combustíveis fósseis. Os sistemas de energia são altamente complexos e integrados. Para que as empresas especializadas nas matrizes atuais possam fazer essa transição, será preciso tempo— disse Andrew. Para Mark Wiseman, ex-VP da Blackrock, o timing da transição energética se mostra urgente e progressivo. — Além disso, outra dificuldade para investidores e executivos é a falta de padronização de indicadores e métricas divulgáveis em relatórios com resultados de uma agenda ESG. Precisamos de modelo padronizável e auditável — complementou Mark.

Já na sessão da tarde dos Diálogos, o tema “Diversidade e liderança feminina em energia: uma questão de estratégia, mindset ou protagonismo?” - mediado pela SVP Global Head of Coaching, Inclusion and Leadership Development da LHH (Lee Hecht Harrison), Jessica Conser — trouxe para a mesa de debates algumas histórias de mulheres líderes, que venceram as barreiras do preconceito e construíram uma carreira de sucesso no segmento de O&G. Michelle Pflueger, General Manager Asset Development da Chevron Gulf of Mexico afirmou que, ao escolher sua profissão, não tinha consciência do tamanho do desafio. — No início da minha carreira, não existiam banheiros destinados às mulheres em muitas das instalações que eu trabalhava. Isso mudou completamente. Acredito que o nosso papel seja estimular essa geração a ser feminista — comenta. Anelise Lara, diretora executiva de Refino e Gás Natural da Petrobras, destacou a singularidade de ser mulher e a necessidade de um ambiente favorável em culturas corporativas. Ana Zambelli, coordenadora do Comitê de Diversidade do IBP, disse que o desafio é tirar a discussão das salas de reuniões e trazer para o tático. — Nossa missão é entender como a diversidade pode agregar para essa indústria do O&G. O protagonismo feminino deve ser um direcionamento para as companhias do setor— concluiu.

Sessões Especiais: E&P — A definição de políticas claras, alinhadas com um arcabouço estável, é fundamental para que o onshore nacional conquiste maior atratividade e competitividade. Em paralelo, será necessário que o potencial para produção de petróleo e gás em campos maduros possa avançar diante de contínuo investimento em pesquisas e regras bem definidas para o licenciamento ambiental aos novos operadores. A análise foi um consenso entre os painelistas da sessão — O renascimento do onshore brasileiro”, no dia 02 de dezembro (quarta-feira). — Existe um programa de desinvestimento da Petrobras em andamento e estamos vivenciando a passagem dos campos para produtores independentes. Temos metas ambiciosas para a próxima década: aumentar o fator de recuperação dos campos, avançar em novas fronteiras e ampliar a declaração de comercialidade — ressaltou Carlos Agenor, diretor do Departamento de Política de Exploração e Produção de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia. A presidente da Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Petróleo e Gás (ABPIP), Lívia Valverde, concorda que, caso não ocorresse o desinvestimento da Petrobras, teríamos um “ambiente terrestre tímido”, somente composto por empresas “altamente resilientes”. A executiva também avalia que o REATE 2020 é um fator estruturante para toda cadeia de O&G.

Offshore — Na sessão “Desafios e perspectivas da indústria de O&G no Brasil”, que ocorreu no dia 2, a presidente da ExxonMobil Brasil, Carla Lacerda, definiu que o país precisa priorizar seu capital intelectual, sua robusta cadeia de bens e serviços (especialmente a subsea) e valorizar seus recursos do pré-sal para seguir na trilha do desenvolvimento em E&P. A executiva considera que a retomada dos leilões em águas ultraprofundas é parte essencial desta conjuntura. Miguel Pereira, CEO da Petrogal, avalia que a “palavra essencial” é transição energética, que deve definir a diversificação do portfólio alinhada com as metas do Acordo de Paris. Pereira indica que o petróleo ainda é necessário para suprir energia para uma economia mundial com perspectiva de crescimento. Neste contexto, o Brasil tem uma “janela de oportunidades única”. “O país pode ser uma potência em transição energética. Inclusive, podemos projetá-lo como um polo exportador de hidrogênio”. A pandemia e a crise trouxeram novos temas para o setor de O&G, que estão integrados com a demanda da sociedade global, de acordo com André Araújo, presidente da Shell Brasil. — No terceiro trimestre de 2020, a companhia apresentou aumento de orçamento para novas energias. Mas, temos 35% dos investimentos em águas profundas, porque acreditamos no potencial do offshore brasileiro”. Gestão de portfólio em águas profundas e ultraprofundas com redução consistente de custos representa o futuro do setor na análise de Joelson Falcão Mendes, gerente executivo de Águas Ultra Profundas da Petrobras.

Diferentes análises, mas todas destacando qualidades e caminhos do Brasil para se tornar mais competitivo na cadeia de produção de O&G. Assim se resume a sessão "Indústria de bens e serviços: desafios para aumentar sua competitividade e protagonismo nas cadeias globais de valor", mediada pelo conselheiro do IBP, José Firmo, no dia 03 de dezembro (quinta-feira). O VP & Oilfield Equipment Latam da ABESPetro, Adyr Tourinho, fez um balanço positivo sobre a reação do setor de O&G no Brasil diante da pandemia e a queda no preço do petróleo. —O país se mostrou resiliente. O impacto está sendo menor do que em outros países. Os projetos aqui continuam na lista de prioridades— afirmou. Já o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial(ABDI), Igor Nogueira Calvet, destacou que entraves precisam ser superados no Brasil. Indicou um quadro regulatório estável e factível para a cadeia de bens e serviços, que traga maior competitividade e possa atrair investimentos. Ele citou ainda a relevância de previsibilidade para a realização de novos leilões. Apontando para o futuro, destacou a importância da contínua digitalização para iniciativas, como robótica submarina, drones para fiscalização de campos e IoT para desempenho e segurança operacionais. O diretor de Relações Institucionais da ABEMI e Pesquisador FGV-Ebape, Telmo Ghiorzi, sugeriu que o segmento assuma algumas missões, como a de manter o custo de produção baixo e seja feito um upgrade na cadeia de serviços. O vice-presidente global de Supply Chain da Equinor, Mauro Andrade, ressaltou que a indústria de O&G no Brasil precisa contribuir para ter fornecedores mais competitivos, já que no mundo inteiro há uma concorrência feroz entre projetos.

Gás Natural — Na sessão “Integração gás-eletricidade”, o enfoque foi discutir como harmonizar demandas dos dois setores. O elétrico busca, na geração térmica, complementaridade às renováveis e as petroleiras têm o desafio de viabilizar sua produção, principalmente em campos com gás natural associado. Luiz Carlos Ciocchi, diretor- presidente da ONS ressaltou a importância da flexibilidade. — Na medida que sei que em determinada região há uma característica que requer uma flexibilidade ou potência, preciso de energia em determinado horário ou de contingência. Esse serviço com sinalização econômica bem determinado pode atrair o investidor a colocar seu capital naquele serviço. Atualmente, o que ocorre é buscar essa flexibilidade em serviços que não são remunerados pelo consumidor”. Para Guilherme Perdigão, gerente geral de Novas Energias da Shell, é fundamental que, nesse momento de transição, haja um alinhamento da precificação das novas energias. “Já existem modelos de negócios flexíveis em outros mercados do mundo, mas é preciso um sinal econômico, pois nem sempre a geração eólica será mais barata que a geração a gás, por exemplo. Por isso, é fundamental a separação de lastro e energia.”

Para Carlos Tadeu Fraga, mediador do painel “Panorama e perspectivas para o crescimento da demanda do mercado de Gás Natural”, nesta quinta-feira, o país precisa incentivar a demanda por gás, que, no Brasil, é majoritariamente associado à produção de óleo, e tem o desafio de vencer o “gargalo a infraestrutura” de dutos, terminais e plantas de processamento. A boa notícia, porém, é que os investimentos já começam a aparecer, sobretudo em terminais privados de GNL. A CNI (Confederação Nacional da Indústria) projetou que, se o preço do gás cair em 50%, os investimentos no setor podem chegar a US$ 31 bilhões até 2030. —Muitos setores hoje não investem no país por causa do custo do gás. Essa realidade pode mudar com a abertura do mercado —disse Juliana Borges de Lima Falcão, especialista em Política e Indústria da CNI. Rodrigo Costa Lima, gerente-executivo de Gás e Energia da Petrobras, ponderou que um primeiro importante movimento de abertura do setor foi o TCC da estatal com o Cade, que prevê a desverticalização da companhia no segmento de gás. Após esse processo, disse, a Petrobras deve ficar com uma participação de 55% no mercado de gás natural, com foco especial na comercialização do gás produzido pela própria companhia. Para Fabio Abrahão, diretor de Infraestrutura, Concessões e PPPs do BNDES, estudo do banco estatal aponta para a necessidade de criar lastros para viabilizar a infraestrutura e o principal deles é a indústria, com novas fábricas de setores como siderurgia, química e cerâmica.

Gestão e liderança — As perspectivas e expectativas dos jovens profissionais sobre a indústria de O&G e de energia foram o foco da sessão “A indústria de óleo e gás na visão dos jovens talentos”, moderada por Raquel Filgueiras, economista sênior do IBP, nesta quarta-feira. Maria Clara Cardona, Principal Consultant Development and Deployment da Equinor Brasil, chamou atenção para o fato de a indústria estar vivendo não apenas por uma transição energética, mas também geracional. Para Ludmila Sampaio, Drilling Engineer da Chevron, a indústria de energia será atrativa para os jovens na medida em que eles enxergarem no setor um ambiente diverso, com espaço para que possam dar suas contribuições. — Os jovens gostam de tecnologia, sim, mas é mais do que isso. A gente quer participar dos desafios da indústria, contribuir para o nosso país e para o mundo — ela explicou. Christiano Lins Pereira, Analista de Inovação da Subsea7, apontou a necessidade de a indústria mostrar à sociedade e aos jovens a magnitude do setor e o qual tecnológico ele é, combatendo o estigma de que ele “causa mais danos do que benefícios. Ao falar da aproximação da indústria com os jovens, Faenna Karolidis, Estagiária em Business Development da GNA, deixou uma mensagem para os profissionais sêniores. “Voltem às suas universidades de origem, falem com os estudantes, mostrem quais são os caminhos das pedras que os jovens devem andar. Levem para o jovem que a indústria está vivíssima, cheia de novidade: está a cara do jovem”.

A sessão “O potencial da indústria de descomissionamento no Brasil e no mundo”, que ocorreu nesta tarde na Rio Oil & Gas, reuniu especialistas para analisar perspectivas e cases, que envolvem desafios e riscos para tomada de decisão e execução, rígidos requisitos de segurança ambiental e operacional, mas também grandes oportunidades. George Oliva, E&P Lead Project Manager da Shell Brasil e moderador do painel, destacou os valores envolvidos diante dos avanços regulatórios neste campo nas áreas produtoras de óleo e gás. “As regras estão mais claras, temos bons sinais. No Brasil, onde a discussão é mais recente, esperamos até U$ 5 bilhões nos próximos quatro anos”. Álvaro Luis Ranero Celius, diretor de projeto da divisão de Upstream .—Não precisamos reinventar a roda, apenas simplificar da forma mais segura e que destrave valor. Investir em P&D, usar a tecnologia, trabalhar colaborativamente com o mercado, numa aliança com a cadeia de suprimento — resumiu.

Mesas Técnicas: Gestão e liderança, transformação digital e mid/downstream foram os blocos temáticos do último dia de apresentação de trabalhos técnicos da Rio Oil & Gas. Novas visões para a gestão dos processos da indústria de petróleo e gás, com foco em treinamentos e construção de conhecimento da força de trabalho, foram debatidas na mesa de Gestão e Liderança, mediada por Mariana França, Superintendente Adjunta da SSM da ANP. Na mesa técnica de Transformação Digital e E&P, mediada por Augusto Borella, Vice-presidente de produto O&G da Intellie, os autores apresentaram a aplicação de tecnologias digitais, como o machine learning e o monitoramento em tempo real, em processos e nas atividades de exploração e produção. O mercado de petróleo e derivados foi destaque na mesa técnica mediada por Ricardo França, gerente da Ipiranga. Os autores apresentaram estudos sobre técnicas de avaliação de fluídos, identificação de vazamento e cenário de preços dos combustíveis, em especial o diesel.

Prêmio Plínio Cantanhede — Cinco trabalhos receberam o prêmio Plínio Cantanhede de melhor trabalho técnico apresentado na Rio Oil & Gas 2020. Os autores premiados são: Gabriel Costa, Henrique Rangel e Marcelo Alfradique, com o trabalho “Metodologia de cálculo de custo de capital de unidades de processamento de gás natural”. Rafael Santos, Cesar Camerini, Lucas Braga, Daniel Mendes, Gabriela Pereira e João Marcos Rebello, com o trabalho “In-line inspection tool for clad pipeline integrity evaluation”. Gerd Angelkorte, com o trabalho “Determinação das influências da variação do preço do Brent e WTI nos fertilizantes consumidos no Brasil”. Luciana Braga e Elisdíney Frota, com o trabalho “Reflexões sobre as melhores práticas à luz do direito transnacional”. Julio Guedes, Alexandre Barbosa, Daniel Freitas e Marco Meggiolaro, com o trabalho “Desenvolvimento de um robô para inspeção interna em tubulações não pigáveis”. O Prêmio Plínio Cantanhede tem o objetivo de homenagear os melhores trabalhos apresentados em eventos realizados pelo IBP.

CEO&Wine: No dia 02 de dezembro (terça-feira), estreou uma das novidades da edição: rodadas de bate-papo acompanhadas por um bom vinho. Os participantes puderam participar de uma das três sessões — cada uma com uma dupla de convidados especiais: Carlos Tadeu Fraga, CEO da Prumo, e Décio Oddone, diretor-presidente da Enauta; Luis Henrique Guimarães, CEO da Cosan, e Valeria Lima, diretora executiva de Downstream do IBP; e Carla Lacerda, presidente da ExxonMobil Brasil, e Cristina Pinho, diretora executiva corporativa do IBP. No dia 02 de dezembro (quarta-feira), o bate-papo foi com as seguintes duplas: Andre Clark, CEO da Siemens Energy Brazil, e Jorge Camargo, conselheiro do IBP; José Firmo, CEO da Porto do Açu, e Clarissa Lins, presidente do IBP; e Mariano Vela, presidente da Chevron Brasil, e Luiz Costamilan, diretor executivo de Gás Natural do IBP. Todos os inscritos, que já estavam previamente cadastrados no Petroleum Club, receberam uma garrafa de vinho especialmente selecionado por um sommelier da House of Wine e uma edição do "The New Map: Energy, Climate and the Clash of Nation", novo livro do Daniel Yergin.

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