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Zen sustenta de forma estável sua produção na fábrica em Brusque (SC)

Exportação e mercado de reposição amenizam o impacto na economia da empresa


PEDRO KUTNEY, AB

Graças ao mercado de reposição que representa atualmente 70% das receitas e às exportações que respondem por metade das vendas, a Zen conseguiu sustentar relativamente estável sua produção em Brusque (SC) de pinos impulsores de motor de partida, polias e tensores, compensando a queda dos pedidos de sistemistas que fornecem diretamente aos fabricantes de veículos. Com esse balanço, o impacto da pandemia de coronavírus foi amenizado e o faturamento em 2020 deve cair entre 3% e 5% em relação a 2019, mas apesar do tombo relativamente pequeno quando comparado a outras empresas do setor, a forte alta de custos de insumos, principalmente aço, vem pressionando a rentabilidade para baixo.

Gilberto Heinzelmann, presidente da Zen, aponta que a matéria-prima mais usada pela empresa vem sofrendo reajustes frequentes de dois dígitos porcentuais, há escassez de oferta e baixa competição com o produto importado, devido à forte desvalorização do real diante do dólar, cotado acima dos R$ 5,50 atualmente. Segundo ele, os aços longos já sofreram aumentos seguidos de 17% e 12% nos últimos dois meses “e já se fala em novo ciclo de 10%”, destaca.

"É uma situação atípica, o pior dos mundos, com inflação de custos industriais e deflação de demanda. Não conseguimos negociar com a aciarrias e temos muitas limitações para repassar esses aumentos aos sistemistas e montadoras. Fica muito difícil equilibrar os resultados", avalia Gilberto Heinzelmann.

No pico da pandemia e da retração de demanda as siderúrgicas desligaram alguns de seus alto-fornos, que estão sendo religados gradualmente. Esse movimento provocou certa escassez de aço no mercado, o que rapidamente foi utilizado como justificativa para os reajustes em sequência e a pressão para adiantar encomendas sob novos preços, sob ameaça de falta de produto para entregar. A cotação da commodity em dólar é outro fator que empurra os preços do insumo para cima. “Nessa situação a corda sempre arrebenta sobre os mais fracos, os fornecedores tier 2 e 3, porque as grandes empresas sistemistas e montadoras têm maior poder de barganha e negociação. No nosso caso, somos obrigados a pagar o preço pedido sem discussão”, lamenta Heinzelmann.

O executivo relata ainda que o efeito da desvalorização cambial sobre custos de importações também é bastante alto, acima dos 30% este ano, mas graças ao modelo de negócio da Zen, que sempre fomentou as exportações e o faturamento em dólares, é possível compensar as perdas e garantir resultados, ao mesmo tempo em que o câmbio favorável aumenta a atratividade de preço dos produtos brasileiros.

Da mesma forma, ter a maior parcela do negócio no aftermarket de peças fornece à Zen uma importante válvula de escape para repassar os aumentos de custos: “O mercado de reposição aceita de forma mais suave os reajustes de preços, mas o mesmo não acontece no fornecimento aos sistemistas e montadoras, com os quais temos contratos muito amarrados que limitam qualquer repasse”, explica Heinzelmann.

IMPACTO MENOR NA PRODUÇÃO

O impacto da pandemia foi bem menor na operação da Zen do que nos custos. A fábrica de Brusque parou por pouco tempo, duas semanas em abril, foram usados os recursos de banco de horas, férias coletivas e afastamento temporário. Mas a planta já voltou a operar em dois turnos e as demissões foram pontuais, “foram feitos pequenos ajustes”, diz Heinzelmann.

No atual ritmo, o presidente da Zen prevê que o faturamento de 2021 deverá crescer no mesmo nível que era esperado no início de 2020, quando a empresa projetava avanço das vendas sobre 2019 em torno de 18%. “No ano que vem deveremos realizar o crescimento que estimávamos ter este ano”, avalia.

 

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