Publicidade

FCA e PSA realizam ajustes financeiros para dar continuidade ao projeto de união na Stellantis

Principal alteração foi um substancial corte nos dividendos previstos para serem pagos aos acionistas da FCA antes da fusão


REDAÇÃO AB

Para viabilizar a fusão entre os grupos FCA e PSA na Stellantis, anunciada no fim de 2019 e marcada para ser concluída no primeiro trimestre de 2021, as empresas informaram que fizeram alguns ajustes financeiros em seu acordo de associação em partes iguais. A principal alteração foi um substancial corte nos dividendos previstos para serem pagos aos acionistas da FCA antes da fusão, que foram reduzidos de € 5,5 bilhões para € 2,9 bilhões.

Com a alteração, a Stellantis terá € 2,6 bilhões adicionais em seu balanço inicial. Segundo comunicado conjunto, as modificações no acordo de união foram feitas “para fortalecer a estrutura de capital da Stellantis na sua abertura” e “preservar o valor econômico” da nova empresa, levando em conta o impacto de liquidez causado pela pandemia de Covid-19 na indústria automotiva.

O pagamento de dividendos programado para fechamento do negócio aos controladores da FCA, especialmente à família Agnelli na holding Exor, vinha sofrendo críticas na Itália, onde o governo ameaçava retirar sua garantia a uma linha de crédito emergencial de € 6,3 bilhões para cobrir o rombo aberto no caixa da companhia.

Outra alteração financeira feita no acordo de fusão é sobre a participação de 46% do Groupe PSA na Faurecia (fabricante de componentes de chassi e interiores do grupo francês), que será distribuída meio-a-meio a todos os acionistas da Stellantis imediatamente após o fechamento do negócio. Com isso, considerando a associação em partes iguais dos dois grupos, os acionistas da FCA e PSA receberão cada o equivalente a 23% do capital da Faurecia, que em 14 de setembro tinha valor cotado em bolsa de € 5,87 bilhões.

Adicionalmente, também foi negociado que os conselhos dos grupos PSA e FCA vão considerar a aprovação da distribuição potencial de € 500 milhões aos acionistas de cada empresa antes do fechamento da fusão. Alternativamente, € 1 bilhão poderão ser pagos a todos os acionistas da Stellantis após concluída a fusão. Segundo as duas empresas, essa decisão será tomada levando em consideração o desempenho de ambas as corporações e as condições de mercado.

SINERGIAS POTENCIAIS ELEVADAS A € 5 BILHÕES

Os futuros sócios informaram ainda que as equipes que trabalham na modelagem da fusão reavaliaram para cima as sinergias potenciais da nova empresa, com ganhos acima dos inicialmente previstos. A estimativa é que o aumento de escala de produção – a fusão cria o quarto maior fabricante de veículos do mundo em volume de unidades – e eliminação de custos cruzados serão capazes de garantir economias estimadas em € 5 bilhões por ano, contra a estimativa inicial de € 3,7 bilhões. Contudo, para alcançar essas sinergias, também haverá um custo não recorrente maior, que aumentou de € 2,8 bilhões para cerca de € 4 bilhões.

Carlos Tavares, presidente do Groupe PSA e já indicado futuro CEO da Stellantis, comemorou os ajustes do acordo que garantem a continuação do processo de fusão conforme estava previsto: “Com este novo marco decisivo, caminhamos todos juntos rumo ao nosso objetivo nas melhores condições possíveis e com perspectivas ainda melhores para a Stellantis. Gostaria de aproveitar esta oportunidade para agradecer calorosamente às equipes que têm conseguido construir relacionamentos de confiança mútua, inclusive durante o período de confinamento devido à Covid-19. O fator humano está no centro da dinâmica de tal projeto, assim como o apoio dos nossos acionistas que, mais uma vez, demonstram seu compromisso para a criação da Stellantis”, destacou.

PSA e FCA informaram que todas as alterações no acordo de fusão foram “aprovadas por unanimidade pelos conselhos de ambas as empresas com o forte apoio de seus principais acionistas”, incluindo a Exor, o grupo da família Peugeot (EPF/FFP), da Bpifrance e da chinesa Dongfeng Motor Group (DFG). Permanece inalterado o prazo para o fechamento do negócio e início de operações da Stellantis, marcado para o fim do primeiro trimestre de 2021.
 

Publicidade