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Ford e Volkswagen vão cooperar em três áreas: novos modelos de comerciais leves, veículos elétricos e direção autônoma

Parceiros vão dividir custos de desenvolvimento, calculam vender 8 milhões de comerciais leves, Ford comprará 600 mil plataformas elétricas MEB do Grupo VW


REDAÇÃO AB

Na semana passada Volkswagen e Ford firmaram acordos para ajustar a aliança que as duas empresas começaram a desenhar há exatos dois anos, quando anunciaram a parceria para projetar veículos comerciais leves em conjunto e assim dividir custos de desenvolvimento. Já naquela época os grupos informaram que vislumbravam outras cooperações em veículos elétricos e autônomos, o que foi anunciado quase um ano depois, em julho de 2019, e agora foi formalmente oficializado com a assinatura de contratos e projeção de alguns números.

“Diante da pandemia de Covid-19 e seus impactos na economia global, mais do que nunca é vital a construção de alianças entre empresas sólidas. Essa colaboração irá reduzir custos de desenvolvimento, permitindo a distribuição global mais ampla de veículos elétricos e comerciais leves, e assim fortalecer as posições de ambas as companhias”, disse Herbert Diess, CEO do Grupo VW.

A parceria entre os dois grupos segue limitada ao campo da engenharia de plataformas e sistemas, não envolve trocas de ações, Ford e Volkswagen vão continuar a competir entre si como marcas independentes, mesmo que com produtos desenvolvidos em conjunto. Os primeiros seis veículos que nascerão da aliança (três de cada marca) serão duas picapes médias e quatro vans que têm potencial para vender 8 milhões de unidades durante seu ciclo de vida, usualmente de cerca de cinco anos.

Na parceria para desenvolver comerciais leves, como já estava previsto, as empresas divulgaram que a Ford ficará responsável pelo projeto da nova geração de picapes médias de ambas as marcas, Ranger e Amarok, que chegam aos mercados globais a partir de 2022. A divisão de veículos comerciais da Volkswagen fica responsável pela engenharia das vans pequenas para entregas urbanas Caddy 5 e Transit Connect, que serão lançadas na Europa já em 2021. Um pouco depois e para os mesmos mercados europeus estão previstos os lançamentos das novas Transit e Transporter, vans com capacidade de 1 tonelada de carga a serem projetadas pela Ford.

O comunicado divulgado pelas duas companhias não menciona em quais fábricas a nova geração de picapes médias será produzida, mas já está certo que tanto a engenharia como a produção são de responsabilidade exclusiva da Ford, que já escalou sua planta em Silverton, na África do Sul, para produzir as novas Ranger e VW Amarok, que de lá serão exportadas para mercados da Europa, África e do Oriente Médio.

Esperava-se que ambas as picapes fossem também produzidas pela Ford na Argentina, onde a atual geração das duas segue em produção em duas plantas separadas apenas por um mudo –herança da antiga associação de Ford e Volkswagen na Autolatina, que durou de 1987 a 1996. A Ford já confirmou que pretende fazer a nova Ranger em Pacheco para abastecer os mercados latino-americanos, mas segundo a imprensa local a Volkswagen teria desistido do plano de transferir a produção da Amarok para o outro lado do muro e pretendia encerrar a produção do modelo, que a partir de 2022 passaria a ser importado da África do Sul para ser vendido na América Latina. Ao que tudo indica, a VW prefere usar sua planta argentina para veículos de maior volume, como será seu novo SUV médio-compacto conhecido por projeto Tarek, com previsão de lançamento entre o fim deste ano e início do próximo.

PLATAFORMA ELÉTRICA DA VW PARA A FORD NA EUROPA

Por meio da aliança de engenharia com a Volkswagen, a Ford encontrou uma fórmula para fazer de forma mais barata a eletrificação da sua linha de produtos que será obrigatória na Europa. O grupo alemão vai fornecer ao novo parceiro americano sua já desenvolvida plataforma elétrica MEB e componentes associados, que a Ford usará para construir um novo carro elétrico a ser produzido a partir de 2023 em sua planta de Colônia, na Alemanha.

A Volkswagen calcula que a MEB, aplicada em sua nova linha de elétricos ID – o primeiro deles, o hatch ID.3, começa a ser vendido na Europa em setembro próximo –, deverá gerar faturamento de US$ 10 bilhões a US$ 20 bilhões entre 2020 e 2028, com a produção neste período de mais de 15 milhões de unidades, das quais 600 mil deverão ser compradas pela Ford.

As duas empresas informaram que planejam explorar projetos adicionais de cooperação no desenvolvimento de veículos elétricos. Separadamente, nos próximos dois anos a Ford irá lançar versões elétricas da picape F-150 e da van Transit, que eventualmente poderá servir de base para comerciais leves da Volkswagen.

SOCIEDADE PARA DESENVOLVER DIREÇÃO AUTÔNOMA

Também com o objetivo de reduzir custos de desenvolvimento, as duas companhias confirmaram o investimento conjunto na Argo AI, startup especializada em sistemas de direção autônoma baseada em Pittsburgh, nos Estados Unidos. A Ford já tinha comprado o controle da Argo e há um ano a Volkswagen informou que entraria na sociedade com um aporte de US$ 2,6 bilhões, em parcelas que começaram a ser efetivadas no início deste mês.

Dessa forma, os dois fabricantes pretendem dividir custos para usar a tecnologia de direção autônoma nível 4 desenvolvida pela Argo AI, que será aplicada comercialmente nos próximos anos em veículos de ambas as marcas na Europa e nos Estados Unidos.

“Esta aliança cria uma grande oportunidade de inovar e resolver muitos dos desafios do transporte e entregar benefícios aos clientes, mesmo quando as empresas precisam ser seletivas sobre como usar seu dinheiro”, disse Jim Hackett, CEO da Ford.

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