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Gestão inadequada dos plásticos tem gerado uma crescente problemática ambiental

A degradação destes materiais plásticos ocorre devido à exposição a vários fatores ambientais, como luz ultravioleta, calor, oxigênio e agentes oxidantes.


Por Juliano Martins Barbosa, professor e pesquisador no curso de Engenharia de Materiais da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Os materiais plásticos, constituídos principalmente por polímeros sintéticos, tornaram-se onipresentes em nosso cotidiano, devido à sua versatilidade, durabilidade e baixo custo de produção, sendo encontrados nas embalagens, meios de transporte, construção civil, eletrodomésticos etc. No entanto, a gestão inadequada desses materiais tem gerado uma crescente problemática ambiental, pois ao longo do tempo, os plásticos descartados de forma incorreta, sofrem degradação mecânica e química, fragmentando-se em pedaços menores, com dimensões geralmente inferiores a 5 milímetros e que atualmente chamamos de microplásticos.

A degradação destes materiais plásticos ocorre devido à exposição a vários fatores ambientais, como luz ultravioleta, calor, oxigênio e agentes oxidantes. Esses fatores podem quebrar as ligações químicas que mantêm os polímeros unidos, resultando na fragmentação dos plásticos em microplásticos. Além disso, processos mecânicos, como abrasão e fricção, também contribuem para a formação de microplásticos, especialmente em ambientes marinhos, onde a ação das ondas e a interação com sedimentos desempenham um papel importante. Diferente do que ocorre com outros materiais ao se degradarem, o plástico devido a sua grande estrutura, se fragmenta em pedaços menores, mas não em moléculas pequenas, como CO2 e H2O, como ocorre nos materiais orgânicos e este comportamento caracteriza o microplástico.

Atualmente já foram detectados microplásticos em inúmeros ambientes, desde oceanos até rios, solos e até mesmo no ar. Estudos recentes têm revelado que essas partículas representam uma ameaça significativa para a vida marinha e para os ecossistemas aquáticos. Os microplásticos podem ser ingeridos por uma ampla variedade de organismos marinhos, desde os menores zooplânctons até grandes mamíferos marinhos. Essa ingestão pode causar uma série de efeitos adversos, como obstrução do trato digestivo, redução da capacidade de alimentação, alterações comportamentais e até mesmo toxicidade devido aos produtos químicos presentes nos plásticos ou adsorvidos na superfície.

Além dos impactos nos organismos marinhos, os microplásticos também afetam os ecossistemas aquáticos como um todo. Eles podem transportar poluentes químicos, como pesticidas e metais pesados, e servir como vetores para organismos patogênicos, contribuindo para a disseminação de doenças. Além disso, podem afetar processos biogeoquímicos fundamentais, como o ciclo de nutrientes e a produtividade dos ecossistemas marinhos.

Para mitigar os impactos dos microplásticos, é crucial adotar medidas que reduzam o consumo e o uso de plásticos descartáveis, promover a reciclagem e implementar políticas de gestão de resíduos eficazes. Além disso, é importante conscientizar a população sobre os impactos do descarte inadequado de plásticos e incentivar a adoção de alternativas mais sustentáveis. Ações coordenadas em níveis local, nacional e global são essenciais para proteger nosso meio ambiente e a vida marinha dos danos causados pelos microplásticos.

*O conteúdo dos artigos assinados não representa necessariamente a opinião do Mackenzie.

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