Publicidade

Redução de resíduos pela indústria é impulso para economia circular

O levantamento revela que 89% das empresas pesquisadas investem na redução de descarte de resíduos sólidos, 86% delas estão se adequando


No Brasil, mais de 80% das indústrias adotam práticas ESG (sigla em inglês para Ambiental, Social e Governança) relativas à gestão de resíduos sólidos e uso eficiente de luz e água. Os dados são da Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) realizada com empresários de todo o país e divulgada em novembro, dias antes da abertura da COP-28 (a conferência internacional do clima da ONU, realizada entre 30 de novembro e 13 de dezembro de 2023, em Dubai).

O levantamento revela que 89% das empresas pesquisadas investem na redução de descarte de resíduos sólidos, 86% delas estão se adequando para tornar o consumo de energia mais eficiente e 83% otimizam o uso de água.

Para Edson Grandisoli, coordenador pedagógico do Movimento Circular, o dado que se destaca na pesquisa da CNI é o alto índice de redução de resíduos da indústria. “A gestão adequada dos resíduos é dever das empresas. Além de colaborar com o ambiente, direta ou indiretamente, também cria oportunidades relacionadas à reciclagem e reaproveitamento dos recursos, colaborando positivamente para toda uma cadeia de extração, produção e descarte.”

Do ponto de vista ambiental, um descarte correto de resíduos reduz a emissão de gases de efeito estufa, colaborando com o enfrentamento da crise climática. No aspecto econômico, a circularidade do processo abre espaço para o reaproveitamento de materiais e traz mais eficiência à operação, o que se reflete em custos menores para as empresas. Também estimula atividades de reciclagem de materiais por terceiros.

Nesse sentido, as indústrias estão cumprindo uma função essencial de incentivar a economia circular, componente importante do tripé ESG, de acordo com Edson. “Quando se pensa em uma cadeia de produção sustentável e responsável, com consumo e descarte apropriados, você fomenta a participação multissetorial que aumenta oportunidades de inclusão econômica e social.”

Mais iniciativas circulares precisam ser incentivadas, continua o professor. “Estamos falando de um modelo econômico mais sustentável e altamente eficiente. Quanto mais projetos, engajamento e corresponsabilização tivermos, mais consolidamos o modelo.”

Ideias circulares

Por colaborar e envolver toda a cadeia de extração, produção e descarte, projetos de economia circular são a porta de entrada para jovens empreendedores. Um deles consiste em um banco de tintas em Jundiaí (SP), por meio do qual os idealizadores pensaram em unir doadores de tintas à base de água que não são mais utilizadas e seriam descartadas, a pessoas em situação de vulnerabilidade social que precisam delas.

“Estamos dando um novo propósito a um recurso que, de outra forma, seria esquecido ou descartado”, disse Fellipe Cunha, da equipe idealizadora e aluno do curso de Gestão Ambiental da Faculdade de Tecnologia Deputado Ary Fossen.

A ideia surgiu como proposta de prevenção à poluição hídrica, já que o descarte inadequado de tintas à base de água e de solvente era elevado na região. O projeto usa um aplicativo que faz a conexão entre os doadores e os usuários e poderia atingir públicos abrangentes com apoio empresarial.

Outro projeto, no semiárido nordestino, equaciona duas questões socioambientais problemáticas da região. Criando uma cisterna a partir de uma antena parabólica sucateada, a estudante do Ensino Médio Vitória Sabrina da Silva Leite, da Escola Estadual Monsenhor Raimundo Gurgel (RN), possibilitou que famílias de baixa renda captassem água de chuva para reúso e reduzissem o impacto ambiental do descarte inadequado. Com recursos, o projeto poderia ser replicado para mais comunidades.

Foram duas iniciativas premiadas pelo Movimento Circular, conta Edson. “Projetos inovadores de grande impacto socioambiental e econômico não precisam ser necessariamente caros. O que eles precisam é ser eficientes, replicáveis e melhorar a vida das pessoas. Tudo começa com uma ideia, que depois é incentivada e aí, sim, precisa de escala para expandir e continuar gerando impacto positivo nas comunidades e meio ambiente”, conclui.

Sobre Edson Grandisoli

Coordenador pedagógico do Movimento Circular, é Mestre em Ecologia, Doutor em Educação e Sustentabilidade pela Universidade de São Paulo (USP) e Pós-Doutor pelo Programa Cidades Globais (IEA-USP).

skype - edsongrandisoli

Bartira Betini <atendimento@betinicomunicacao.com.br>

Publicidade