Resumo:  

* Estudantes de Ensino Médio Integral vencem IDEATHON Paraná 2023 com projeto de bioplástico sustentável 
* Alunos do Colégio Estadual Machado de Assis, em Londrina (PR), vivem ciência na prática e conquistam publicações em Feira Brasileira de Iniciação Científica 
* No interior do Paraná, professor estimula clube de ciências para estimular o aprendizado na prática e o protagonismo juvenil entre estudantes  

Apoiado em práticas pedagógicas do Ensino Médio em Tempo Integral, Giulio Ferreira, professor de química do Colégio Estadual Machado de Assis, em Londrina, Paraná, apadrinhou um Clube de Ciências para incentivar o aprendizado na prática. Graças à iniciativa, que estimula o desenvolvimento de projetos sustentáveis, os alunos tiveram trabalhos aprovados na Feira Brasileira de Iniciação Científica (FEBIC) de Santa Catarina, publicações de Anais no Encontro de Atividades Científicas do município de Londrina, além de participação no evento Paraná Empreende Mais, organizado pela Universidade Estadual de Maringá (UEM).

Entre as atividades elaboradas estão: 1. nanopartícula de prata revestida com óleo essencial de alecrim e limão, que tem propriedades antibacterianas; 2. nanopartícula de sílica voltada para o encapsulamento de medicamentos. 3. produção de bioplástico de baixo custo utilizando amido e vinagre, conduzido por eletrólise de grafite. Este último, construído por um grupo 100% feminino, foi vencedor do IDEATHON Paraná 2023, cuja temática foi "Cidade Inteligente".

Segundo o diretor, Edmar Lorenson, o objetivo do projeto é o desenvolvimento de habilidades científicas baseadas na criatividade, na resolução de problemas cotidianos, na sustentabilidade e no bem-estar social. "Nosso Clube de Ciências funciona no horário de almoço, todas os dias da semana. Ele é acompanhado pelo Professor Giulio, que iniciou as atividades experimentais fundamentadas de acordo com métodos científicos", afirma.

Ensinando e aprendendo na prática no Ensino Médio Integral 

Foi baseado na leitura de um artigo científico que fez durante suas férias acadêmicas, chamado "Silica Nanoparticles— A Versatile Tool for the Treatment of Bacterial Infections", que o professor Giulio teve a ideia de apadrinhar um Clube de Ciências para trabalhar entre os jovens conceitos sobre nanopartículas de sílica. O educador ainda conta que a iniciativa só conseguiu sair do papel devido a carga horária estendida do modelo de Ensino Médio Integral.

"Com as aulas e meu projeto de doutorado, percebi que havia pouco tempo para desenvolver a ideia, pois iria assumir uma carga horária de 40 horas/semana no colégio. No entanto, no ensino integral, mesmo ficando o dia todo a serviço, temos 10 horas atividade/semana e carga horária complementar, que são destinadas para realizarmos atividades com os estudantes ou ajudar o colégio de alguma forma. Diante dessa oportunidade, sugeri à equipe escolar e à direção iniciar o trabalho com nanopartículas de sílica, que evoluiu para o Clube de Ciência", relata Giulio.

Projeto de vida e protagonismo juvenil 

A partir da proposta do professor, a escola se mobilizou para que os estudantes participassem, de acordo com seus interesses. Além das atividades regulares, os alunos também se envolvem ativamente no ambiente escolar, com a organização de eventos, colaboração em feiras científicas e das nações, proporcionando a vivência do protagonismo juvenil e o aprofundamento em seus projetos de vida.

Paulo Gabriel Cavalcanti foi um dos estudantes participantes e afirma que o principal motivo de querer ingressar foi pelo desejo de cursar química ou biomedicina no futuro. "Todo o projeto em si era muito interessante e inovador, pois era algo que nunca tinha visto. Fizemos de tudo desde o começo, os testes, o cultivo das bactérias e as análises, por exemplo. Tudo isso só aumentou minha vontade de seguir com os meus planos para a universidade, assim como despertou o sonho de trabalhar com pesquisas", conta.

Para a aluna Giovana Misaki, a experiência no Clube de Ciências tem sido incrivelmente enriquecedora e divertida, principalmente pelo incentivo da escola e do professor em tornar os jovens verdadeiros protagonistas de todas as ações. "Pude me envolver em todas as etapas do trabalho. Da pesquisa e identificação da situação problema, até a elaboração da hipótese e o desenvolvimento dos aparatos experimentais. Outro detalhe fundamental e que tanto colabora com minha formação foi que participei de várias atividades extras, como trabalho de divulgação científica, participação em eventos e publicação de anais", reforça Giovana.

Evolução  

O Clube de Ciências conta com a estrutura do Laboratório de Química, Física e Biologia e, recentemente, adquiriu um computador para usos acadêmicos com softwares AutoCad, Invenctor e de simulação molecular, além de microscópio digital.

Tempo Integral 

Atualmente, o Paraná conta com 253 escolas de Educação em Tempo Integral, sendo 44 de ensino médio, 96 de ensino fundamental e 113 que contemplam as duas etapas de ensino. No que se refere a esse modelo, o estado tem com colégios agrícolas, colégios que ofertam o curso de formação de docentes do novo ensino médio, colégios do programa Paraná Integral (que ofertam educação integral em tempo integral), entre outros.

O Ensino Médio Integral é uma proposta pedagógica multidimensional, moderna, nacional, pública e gratuita. A partir de um modelo de ensino que se conecta à realidade dos jovens e ao desenvolvimento de suas competências cognitivas e socioemocionais, propõe a formação integral dos estudantes. Trabalha pilares como projeto de vida, aprendizado na prática, tutoria, protagonismo juvenil, acolhimento, orientação de estudos e eletivas, que promovem a formação completa do estudante, junto aos componentes curriculares já previstos na BNCC. Está presente em cerca de 6 mil escolas em todo o país, beneficiando mais de 1 milhão de estudantes. 

Jade Wolf <jade.wolf@amotara.com>