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Koji Sato assumirá em 1º de abril a operação global da Toyota

Produção e eletrificação são dois dos pontos que deverão receber atenção do executivo na transição da fabricante


Bruno de Oliveira, AB

Koji Sato assumirá em 1º de abril a operação global da maior montadora de veículos do mundo, a Toyota, e sua chegada ao posto de CEO da companhia o expõe a uma série desafios diferentes daqueles que o executivo enfrentava em sua posição anterior dentro do grupo, como líder da marca de luxo Lexus e da divisão esportiva Gazoo Racing.

A complexidade é grande. Sato é o primeiro executivo na história da companhia que não pertence à família fundadora Toyoda, e a condição pode representar um condimento a mais na sua rotina: além de prestar contas ao mercado em momento de forte de transição cultural dentro da montadora, também terá de mostrar aos Toyoda, que seguem no conselho de administração, que está à altura do cargo para o qual foi indicado.

1. Novo CEO precisará convencer o mercado

Mas, antes de qualquer coisa, Sato terá de convencer o mercado de que a mudança no board da Toyota foi uma boa decisão. Uma das características da montadora que a mantém a tanto tempo no top of mind do consumidor -- e do investidor -- é a solidez que permeia diversos aspectos da sua operação, do sistema de produção ao produto em si.

A nova cara da Toyota, como mostraremos nos próximos itens da lista, propõe uma espécie de disrrupção na imagem que a companhia consolidou em uma história quase centenária. Posto isso, um dos trabalhos do novo CEO será o de liderar a transformação da oferta Toyota mantendo a confiabilidade sobre a qual foi construída a marca ao longo dos anos.

A manutenção de Toyoda no conselho de administração é vista por analistas internacionais como uma forma de passar essa confiança ao mercado, pelo menos agora, nesse momento de passagem de bastão. Afinal, o executivo atravessou crises à frente da montadora e a posicionou como líder de mercado ao fim de sua gestão.

"A nova equipe tem a missão de transformar a Toyota em uma empresa de mobilidade", disse Toyoda na quinta-feira, 26. "Ele tem colegas jovens e com ideias semelhantes. Espero que esta nova equipa ultrapasse os limites que não consigo ultrapassar."

2. Transição energética

Ainda de acordo com analistas internacionais, nos últimos anos, a Toyota reagiu de forma mais lenta ao processo de eletrificação dos seus modelos na comparação com outras montadoras, como a Tesla. Não que tenha demorado para lançar modelos EV, pelo contrário. Acontece que a empresa investiu tempo (e dinheiro) no desenvolvimento de tecnologias que levam mais tempo para amadurecer, como é o caso do powertrain movido a célula de hidrogênio.

Enquanto corria para emplacar veículos com este tipo de motorização, concorrentes como a própria Tesla conseguiram avançar mais no mercado de novas fontes de propulsão com modelos movidos a eletricidade gerada por outros meios.

Sato deverá, portanto, desenhar um planejamento que ajude a Toyota a crescer no segmento de elétrico -- e a obter receita e lucro a partir dele. A Tesla, por exemplo, alcançou lucro líquido de US$ 9 mil por veículo vendido no último trimestre, mais de sete vezes do que o valor registrado pela Toyota em igual período, segundo a agência Reuters.

3. Normalizar a produção

Assim como outras montadoras, a Toyota teve problemas nos últimos anos com a falta de peças nas linhas de produção, o que a levou a revisar quase que mensalmente suas projeções.

Manter a companhia na liderança do mercado global passa também por uma operação mais regular, sem tantos solavancos e soluços como todos vimos nos últimos dois anos. Nos próximos meses, já sob a batuta do novo CEO, será possível observar se a montadora conseguiu encontrar meios para mitigar a falta de semicondutores no mercado. Seguirá com fornecedores ou investirá em produção própria, como Ford e General Motors?

4. Mudar a imagem da marca

Um dos motivos que levaram a montadora a indicar Koji Sato para o cargo de CEO foi justamente o fato dele ter exercido a função em divisões, digamos, menos sisudas do que aquela que leva o emblema Toyota, no caso Lexus e Gazoo.

Se, antes, a sua principal atribuição era tornar os veículos dessas duas marcas ícones pop, agora chegou a vez dele fazer o mesmo com os modelos Toyota. A fabricante entende que a transição também deve passar pela percepção que o consumidor terá da nova Toyota, considerando que serão adotados novos conceitos de design e de posicionamento de produto. Principalmente com vistas ao mercado dos Estados Unidos.

5. Empresa de mobilidade

"Sou um fabricante de automóveis e foi assim que transformei a Toyota. Mas montador é tudo o que sou. Esse é o meu limite. A nova equipe do presidente Sato tem a missão de transformar a Toyota em uma empresa de mobilidade", contou Akio Toyoda na apresentação do novo CEO, sugerindo uma das novas atribuições do novo CEO nesta nova etapa da companhia.

Não é de hoje que todas as montadoras estão buscando novas formas de receitas por meio de suas plataformas veiculares. A Toyota, por exemplo, fortalecer seus serviços de mobilidade, como a assinatura de veículos. Aqui no Brasil a empresa opera no segmento com a empresa Kinto, que também mantém ofertas em outros países.

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