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Marelli acompanha os avanços dos motores híbridos

Para CEO, novas tecnologias vão modificar a oferta da empresa na região, mas não será uma revolução


Bruno de Oliveira, AB

A sistemista Marelli pretende focar em suas operações regionais, como disse na semana passada o CEO David Slump. E o planejamento global, traduzido para o contexto brasileiro, significa para a Marelli acompanhar os avanços dos motores híbridos na gama de veículos leves vendidos no Brasil.

Para Stefano Sancassani, CEO da operação na América Latina, o olhar da empresa para as particularidades do mercado doméstico é positivo por alguns fatores. O primeiro, e também apontado como o mais importante pelo executivo italiano, é a possibilidade de manter a produção local da companhia - que é bem ampla - ocupada.

"É um impacto positivo, porque vamos continuar fornecendo para as montadoras. As tecnologias virão à medida que as montadoras demandarem. Vai mudar muita coisa na gama de produtos, mas não será uma revolução", disse Sancassani na segunda-feira, 23, durante lançamento da nova unidade de interiores em Hortolândia (SP).

O executivo disse, ainda, que está em andamento o desenvolvimento de projetos de componentes para modelos híbridos nacionais, e que eles de alguma forma seguem tecnologias da Marelli que já estão disponíveis em mercados desenvolvidos.

Por ora, no Brasil são produzidos os modelos híbridos Toyota Corolla e Corolla Cross e os Caoa Chery Tiggo 5X e Tiggo 7 Pro. Mas a lista deve aumentar se considerarmos as promessas de outras montadoras, como Volkswagen e Stellantis.

Híbridos ajudarão Marelli a manter capacidade produtiva 

Manter a produção local ocupada, na prática, significa dar ritmo a uma estrutura formada por dez unidades produtivas no Brasil.

Dessas, a unidade de powertrain (que funciona dentro da fábrica de Hortolândia) e as de sistemas de tecnologias verdes em Amparo (SP) e Cabo de Santo Agostinho (PE) são as que podem colaborar diretamente com a futura oferta de novos componentes da Marelli para veículos híbridos no Brasil.

Marelli vendeu mais para as montadoras

A produção também foi apontada por Sancassani como o grande desafio da empresa na região nos últimos dois anos, por causa da falta de alguns componentes no mercado, sobretudo eletrônicos. A escalada do preço de insumos como o plástico e o aço no período também preocupou a companhia.

Segundo o executivo, a situação persiste, embora de forma mais branda do que antes. Ele sugere que a companhia conseguiu se sobrepor à crise por meio dos resultados de alguns dos seus principais clientes no mercado OEM - de fornecimento de componentes originais para as montadoras de veículos -, sobretudo a Stellantis.

"Alguns dos nossos clientes registraram alta no volume de produção nos últimos anos apesar das dificuldades do mercado, e isso refletiu também na nossa", contou o CEO, que está há três anos no cargo e tem como base a unidade da Marelli em Milão, na Itália. Afora componentes para powertrain, e interiores, a Marelli também fornece amortecedores e sistemas de iluminação no país.

Redução de uma dívida de US$ 8 bilhões

No contexto global, a companhia também demonstra que conseguiu atravessar bem o turbilhão econômico e logístico provocado pela Covid-19. A Marelli registrou quatro anos consecutivos de perdas, de 2018 a 2021.Já sob o controle do fundo de investimentos New York KKR, diminuiu em pelo menos US$ 3,4 bilhões uma dívida que beirava os US$ 8,3 bilhões.

A Marelli foi criada pela combinação de dois grandes fornecedores, um italiano e um japonês. A KKR concordou em comprar a Calsonic Kansei da Nissan em 2016. Em seguida, a Calsonic Kansei comprou a Magneti Marelli da Fiat Chrysler Automobiles (FCA), em 2018.

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