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Com a chegada de Alexander Seitz se inicia uma nova era na Volkswagen no Brasil

Montadora está desenvolvendo, na Europa, plataforma para veículos híbridos de entrada


Bruno de Oliveira, AB

Se inicia uma nova era na Volkswagen no Brasil. Com a chegada de Alexander Seitz, executivo que veio da operação chinesa para substituir Pablo Di Si no cargo de CEO, a montadora dá início a um período de transição que tem como principal pilar a aplicação de novas tecnologias ligadas ao powertrain da sua oferta ao mercado doméstico.

"Minha meta é trazer novas tecnologias para o Brasil e viabilizá-las economicamente. Isso talvez seja um pouco diferente da gestão anterior, que tinha um foco mais local, agora precisamos ter uma visão mais global para ter economia de escala. Penso também em novas formas modernas de se vender carros, mais digitais", disse Seitz na segunda-feira, 22.

Uma dessas novas tecnologias, segundo o CEO da montadora, poderá ser a chegada de uma nova plataforma no país, no caso a MQB-A0, uma subversão da arquitetura que atualmente equipa a maioria dos veículos que a Volkswagen produz localmente. A diferença é que sobre esta base serão construídos modelos híbridos, desde aqueles para o segmento de entrada até modelos de sete lugares.

Nova plataforma VW viabiliza veículos híbridos de entrada

A informação a respeito desta nova plataforma já circulava pela Europa desde o ano passado. Trata-se de um chassi desenvolvido pela equipe de engenharia da Skoda, uma das subsidiárias do Grupo Volkswagen, para o mercado da Índia. O projeto basicamente envolve a simplificação da MQB atual, e a partir de uma arquitetura mais simples se tornam viáveis, em tese, veículos mais baratos para mercados emergentes, como é o caso do Brasil.

Seitz se esquivou quando perguntado sobre quando um veículo construído sobre a plataforma MQB-A0 chegará ao mercado nacional, dizendo que ainda "levará alguns anos". Stellantis e Toyota já avançam nesse campo dos modelos híbridos. Contudo, a VW dá indícios de que, assim como fez com a gama SUV, chegar mais tarde em um determinado segmento pode ser algo usado ao seu favor.

Isso porque ainda existem lacunas a serem preenchidas quando se fala de aplicação de veículos com propulsão alternativa no país. Exceto General Motors, as demais montadoras que mantém produção local já fizeram algum tipo de aceno positivo às ideias que versam sobre a construção de veículos híbridos flex localmente, e talvez, no futuro próximo, a VW entre neste nicho com o mercado em estágio mais maduro.

Mais litros de etanol por plantação de cana-de-açúcar

Entretanto, as mesmas montadoras concordam que ainda é preciso construir um parque de fornecedores novo para atender este tipo de demanda e, mais importante, convencer produtores de cana-de-açúcar que produzir o combustível em vez da commodity, que ainda tem cotação de preço relevante no mercado externo, é algo que pode trazer mais vantagens econômicas.

"Existem uma série de pesquisas a respeito da plantação de cana-de-açúcar para atender especificamente ao mercado de combustíveis", disse Gonçalo Pereira, diretor do laboratório de genômica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), uma das parceiras da Volkswagen em estudos envolvendo a aplicação do etanol. "Hoje já é possível cultivar plantas que podem gerar uma quantidade maior de litros de etanol em uma área menor de plantio. A Índia já demonstrou que isso é possivel."

O professor citou, ainda, que o convencimento do produtor (e também do motorista de automóvel flex, que ainda prefere a gasolina ao etanol na hora de abastecer) é algo que passa também por políticas públicas, como é o caso do RenovaBio e do Rota 2030.

Volkswagen inaugura laboratório de projetos sobre etanol

Enquanto estes temas avançam na esfera federal, a Volkswagen em paralelo tratou de criar uma estrutura dentro da fábrica instalada em São Bernardo do Campo (SP) cujas atividades serão dedicadas à pesquisa e ao desenvolvimento de tecnologias ligadas ao biocombustível. O departamento, segundo do tipo mantido pela montadora no mundo, foi inaugurado na terça-feira.

Ali estão sendo desenvolvidos projetos em parceria com dez universidades brasileiras e sete empresas, como Bosch, Mahle, Basf e Raízen.

Alguns deles foram apresentados na oportunidade do lançamento do espaço, como um feito em conjunto com a Unicamp sobre células de etanol. Há também outros projetos que envolvem a recuperação do calor resultante da combustão em energia para movimentar o powertrain e, também, a aplicação de materiais que possam tornar os veículos algo 100% reciclável ao fim de suas vidas úteis.

A Volkswagen também investiga em seu novo laboratório, em parceria com a Bosch, a criação de uma aplicação que indica ao condutor a quantidade de material particulado que o veículo emite com etanol e com gasolina, no sentido de mostrar a ele que o biocombustível polui menos na comparação. Este aplicativo deverá ser parte integrante do sistema VW Play, que ja equipa parte da oferta da montadora no mercado local.

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