Cooperação de grandes corporações com startups
Automotive Business -
Modelo de negócio promove mudanças na cultura empresarial e fortalece o ecossistema empreendedor
Nataly Simões
Manter estratégias de negócio a portas fechadas é algo que ficou no passado em diversas empresas. A cooperação de grandes corporações com startups tem se mostrado cada vez mais um ganha-ganha. Esse modelo de gestão é chamado de inovação aberta e consiste na colaboração com pessoas e organizações externas a fim de promover uma mudança na cultura empresarial e fortalecer o ecossistema empreendedor.
No #ABX22 - Automotive Business Experience, lideranças compartilharam seus aprendizados com inovação aberta.
Leandro Carrion, gerente de inovação, geração de valor e experiência do cliente da John Deere – empresa do setor de máquinas e implementos agrícolas – explicou que o ecossistema de serviços, produtos e soluções da companhia, embora sejam importantes, não são suficientes para gerar valor para o consumidor final.
“Nós ajudamos o agro na produtividade, rentabilidade e sustentabilidade com a força das nossas redes de concessionários, mas isso nem sempre é o bastante para gerar valor na ponta, mediante as dores dos nossos clientes. É aí que entra a importância da inovação aberta como complemento para atender as necessidades”, afirmou Leandro Carrion, da John Deere.
Investimento milionário em inovação
Segundo o executivo, a John Deere investe por dia quase US$ 7 milhões na área de inovação. A empresa criou um comitê de inovação que envolve diferentes departamentos, como Recursos Humanos, Tecnologia da Informação, Marketing e Vendas. Juntos, os diferentes setores discutem quais são os desafios da companhia e quais startups podem colaborar na criação de soluções inovadoras.
“As startups não buscam como primeiro tópico investimento, o que buscam é acesso ao mercado, acesso a conhecimento. As grandes empresas têm essa estrutura para auxiliar e podem oferecer mentorias que as beneficiam e as fazem ganhar mais maturidade para o mercado”, defendeu.
Empresas aprendem com erros
O gerente de inovação destacou que falhas durante o processo fazem parte. Carrion até citou um exemplo em que a John Deere trabalhou ao lado de uma startup que apresentou uma solução que não trouxe os resultados esperados. Porém, ele frisou que esse não foi o fim da linha da parceria.
“Não deu certo e aí propomos algo novo, o que foi um aprendizado para nós e para a startup. Provocamos que eles apresentassem algo diferente. Nós aprendemos muito com o que não dá certo", garantiu.
Mudança na cultura organizacional e engajamento
Cristiane Bulchi, gerente de governança e TI da Mercedes-Benz Caminhões e Ônibus, defendeu que a inovação aberta trouxe agilidade no atendimento aos clientes da montadora. Para a executiva, é fundamental integrar a inovação à cultura organizacional.
“A experiência de inovação aberta precisa ser completa e passar por plantar a semente, fomentar a cultura e despertar o interesse das pessoas”, explicou.
A fabricante adotou duas estratégias de inovação aberta: aceleração de startups e realização de projetos-piloto.
“A área de inovação precisa colocar os funcionários no jogo e levar startups para dentro da empresa. Quando as pessoas são convidadas para participar dos processos, você promove a mudança cultural e viabiliza as inovações”, destacou a gerente da Mercedes-Benz.