Bruno de Oliveira, AB

A Ford oficializou na quarta-feira, 11, a oferta de serviços do seu centro de desenvolvimento de testes, instalado em Tatuí (SP), para outras empresas a partir da unidade. O mercado já comentava que a empresa realizava o expediente há algum tempo, principalmente após o seu anúncio de reestruturação na América do Sul, em fevereiro de 2019.

A realização de testes de homologação de veículos em seus laboratórios e na pista que mantém em Tatuí integra o planejamento global da Ford, que trata de aumentar os volumes de receitas por meio de serviços, sejam eles embarcados nos veículos que produz e vende ou, como é neste caso, por meio da sua estrutura física de engenharia veicular - a marca encerrou suas atividades industriais no Brasil em janeiro do ano passado.

Ford em Tatuí já tem clientes do setor

À Automotive Business, a fabricante informou que já são 30 as empresas que são clientes do centro de desenvolvimento Ford, no Brasil, a maior parte deles empresas ligadas ao setor automotivo, de montadoras e sistemistas. Há também, portanto, companhias de outros setores que utilizam a estrutura de Tatuí para testes de validação de produtos.

Existe a expectativa de se faturar com os serviços da unidade R$ 500 milhões e, para isso, a companhia tratou de contratar mais engenheiros para o seu quadro técnico, que é dividido entre a unidade paulista e a área de desenvolvimento mantida em Camaçari (BA). No mundo, a empresa tem sete centros de testes.

Utilizar a estrutura de Tatuí como fonte de receita passou a fazer mais sentido a partir do momento em que a Ford deixou de produzir veículos localmente. Ao lado do campo de provas da General Motors, instalado em Indaiatuba (SP), é o mais completo do país em termos de equipamentos e diversidade de testes possíveis de serem realizados por meio deles.

O cenário abre um horizonte interessante de possibilidades de negócios para a empresa, uma vez que outras montadoras têm estruturas mais modestas - em sua lógica comercial, a contratação dos seus serviços demandam valores menores do que aqueles que precisam ser despendidos pelas demais fabricantes para construírem áreas de testes completas.

Pelos laboratórios e pistas

Na quarta-feira, a reportagem conheceu por dentro o centro de desenvolvimento de Tatuí, passando pelas áreas de testes de ruído, de simulação de estradas e de emissões. Percorreu também trechos das duas pistas de testes que existem ali: a pavimentada, a bordo do esportivo Mustang Mach 1, e a off-road, com o SUV Bronco Sport e com a picape Ranger.

Lá também foi apresentada pela primeira vez a versão elétrica do furgão Transit, ainda sem data para ser vendida no mercado brasileiro, e ainda o elétrico Mustang Mach-E GT, também sem previsão de lançamento por aqui.