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Mercedes-Benz concluirá em 2022 um plano de investimentos de R$ 2,4 bilhões

Achim Puchert, novo presidente da companhia no país, tem o desafio de equilibrar lucratividade e participação de mercado


Giovanna Riato, AB

Pandemia, inflação, aumento do preço do diesel, economia em recessão técnica e falta de semicondutores para fabricar caminhões. A soma dos fatores produz um cenário um tanto quanto desafiador para as fabricantes de veículos instaladas no Brasil. Diante disso, a Mercedes-Benz pondera sobre futuros investimentos locais, como apontou Achim Puchert, presidente da Mercedes-Benz Brasil e CEO para a América Latina, em conversa com jornalistas na quinta-feira, 13.

A empresa concluirá em 2022 um plano de investimentos de R$ 2,4 bilhões iniciado em 2018. A maior parte do pacote, R$ 1,4 bilhão, foi destinada ao projeto e lançamento do extrapesado Actros. O restante foi distribuído entre renovações de produtos, lançamentos e na instalação de linhas de montagem 4.0 para caminhões, ônibus e motores – esta última, a ser inaugurada em 2022.

Com o montante próximo de ser finalizado, Puchert aponta que a companhia quer colher os resultados e ver o amadurecimento dos investimentos recentes para estudar os próximos passos. Globalmente, a organização trabalha com a orientação de reduzir aportes até 2025 e “fazer uso inteligente do capital já aplicado”.

“O volume de investimentos que a organização é capaz de fazer não é ilimitado, então cada um precisa fazer sentido e ser rentável. Isso não quer dizer que não faremos novos aportes, mas ainda é cedo para falar a respeito”, diz o presidente local da empresa.

O fino equilíbrio entre participação de mercado e rentabilidade

De fato, considerando o tempo que Puchert está na presidência da Mercedes-Benz Brasil não é exagero dizer que é cedo para falar de novos investimentos. O executivo assumiu o cargo oficialmente em 1º de janeiro de 2022 e, apesar de ter feito uma série de visitas recentes ao Brasil, ainda está em processo de pedido de visto para poder fazer sua mudança ao país.

Aos 42 anos, fã de esportes e de viagens – algo que ele espera fazer bastante no Brasil, o executivo alemão aponta que o principal desafio da sua gestão está em encontrar o equilíbrio entre participação de mercado e lucratividade.

No ano passado, com a crise na oferta de semicondutores que limitou a produção de veículos, a companhia perdeu a liderança que mantinha há cinco anos nas vendas de caminhões, mas sustentou a posição no mercado de ônibus.

Roberto Leoncini, vice-presidente de vendas e marketing de caminhões e ônibus lembra que há crescimento em outras frentes de negócio, como a venda de peças originais da marca e a oferta de serviços, como os planos de manutenção e o sistema de telemetria Fleetboard, já presente em 60% dos caminhões vendidos pela marca. 

“Mais do que na liderança, nosso foco é manter a Mercedes-Benz como top of mind em transporte para os clientes, além de ampliar o portfólio de serviços enquanto a indústria recupera globalmente a capacidade de abastecimento dos semicondutores”, diz Leoncini.

Em busca de mais exportações

Para chegar ao equilíbrio entre vendas e lucratividade que Puchert busca, a companhia tem trabalhado para reduzir custos e elevar a eficiência no Brasil. Karin Rådström, chefe global da Mercedes-Benz Trucks, assegura que o empenho tem trazidos resultados positivos. “Ainda não estamos prontos, mas temos feito melhorias”, diz.

Ela admite, no entanto, que para as contas fecharem, é essencial que a companhia amplie seus volumes de vendas externas a partir do Brasil. 

“Exportar mais é algo que vai nos garantir não só um melhor balanço cambial, mas também volume para as nossas fábricas no Brasil e produção robusta mesmo quando o mercado local estiver mais fraco”, analisa a executiva.

Segundo ela, a companhia não fará nenhuma mudança repentina, mas vai focar no desenvolvimento desses novos clientes para a produção local nos próximos anos. “Há muitos desafios na operação brasileira e vamos seguir trabalhando de forma muito dedicada para superá-los”, resume a executiva, com a meta clara de ganhar eficiência localmente para elevar a presença internacional dos caminhões brasileiros. 

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